as crueldades do meu existir

10.

apesar do que muitos pensam, auto estima não é somente sobre o que as pessoas pensam sobre mim. não. muito pelo contrário. é auto aceitação. e por mais que me doa dizer, isso é algo que eu não tenho.
eu não diria que me odeio, embora eu pense isso em alguns momentos.
eu sou grata por quem sou e por quem luto todos os dias para ser.
pela pessoa que construí dia após dia até chegar aqui.
mas é como se somente isso não bastasse.
tem varios aspectos sobre mim que eu não gosto, e odeio ter que dizer que grande parte deles são futilidades estúpidas das quais eu defendo que devam ser aceitas por todos.
somos pessoas.
seres humanos e complexos.
vamos além de qualquer padrão estético, social ou seja lá qual for.
eu defendo isso com cada com cada parte do meu ser.
e é exatamente isso que me torna uma hipócrita.
como eu posso defender algo que eu queira que valha para todos se quando o assunto sou eu tudo deixa de fazer sentido?
me olhar no espelho e querer algo melhor do que eu vejo é uma sensação sufocante, principalmente se esse tipo de pensamento lhe persegue há tantos anos.
a sensação de inferioridade parece um vício, e eu vivo a procura de motivos para não gostar de mim.
eu não faço de propósito, mas acho que já me acostumei com essa ideia de sempre ter o pior.
de ser o pior.
a insuficiência destrói.
mata aos poucos.
toxicidade e maldição que cresce dia após dia.
parasita que te suga até não sobrar nada.
nunca boa o bastante em qualquer coisa que eu faça apesar dos esforços.
e a conclusão para mim é simples: se eu não sou suficiente para mim mesma, como posso ser para outra pessoa?
como posso ser razão suficiente para fazer alguém querer ficar?
não se deve implorar amor pois todos merecem recebê-lo.
e eu tambem mereço.
mas então por que me questiono tanto se isso é verdade?
eu mereço tudo o que sou capaz de me dar. todo o amor próprio. toda a alegria. toda a aceitação. eu sei disso. sei que mereço. por mim e por tudo àquilo que eu defendo.
só não sei como fazê-lo.