Ajeito a minha calça de cintura alta e dou uma breve conferida na minha roupa, estava bonita! Até que resgatar uma blusa que estava esquecida no fundo do guarda-roupa não havia sido uma má ideia. Pego o meu tênis e desço as escadas com ele na mão.
Entro na cozinha e vejo a minha mãe, já vestida pro trabalho, fazendo café. Ela me ignorou completamente. Sento no banco que tem ao lado da bancada, coloco a minha mochila junto com o meu tênis no chão.
Minha mãe coloca café na minha xícara e me dá um misto quente, ainda sem me olhar nos olhos.
--Obrigada.
Sem resposta.
Ela vai superar! Eu sei que vai.
Ela é uma mãe maravilhosa, e uma das suas qualidades é nunca guardar rancor de ninguém, então é só questão de tempo até ela me perdoar.
Termino o meu café, calço os meus sapatos e saio sem despedir da minha mãe, por que eu sei que ela não está nem um pouco afim de escutar a minha voz nesse momento.
...
--E ai amiga, o que aconteceu lá com a sua mãe? - Eu nem havia colocado o pé no colégio, que Stela começou a me lançar perguntas. Mas peraí, como ela sabe?
--Do quê você está falando? - Queria ouvir da boca dela o que aconteceu, e logo após eu perguntaria como ela descobriu.
--Ah, aquela discussão que teve... sobre o Aaron - Ela falou de uma forma inocente, que se eu não a conhecesse tão bem, me comoveria.
--Como você sabe? - Fui direta. Stela arregalou os olhos e fechou a cara, mas logo depois o rosto dela foi tomado de um grande deboche.
--Ah, amiga, você sabe né... as notícias correm - Falou de uma forma descontraída, se divertindo com a situação.
--Sim, eu sei bem.
Fui andando em direção à sala, sem espera-la. Não sei porque ainda era amiga dela. Ela era fofoqueira, invejosa e além de tudo uma baita de uma mentirosa.
Lembrei o porquê de ser amiga dela:
"--Bebê, ela é popular! Pra você namorar comigo, tem que ser popular também.. então vá lá e faça novas amizades.
--Tudo bem Aaron."
Eu fazia tudo por ele, porque eu o amo, então fazer amizade com a garota mais popular do colégio não era nenhum sacrifício.
Me sento no lugar de sempre, e espero Aaron, para podermos conversar.
As pessoas vão entrando, e nada dele. Nesse momento eu pude perceber, o quanto as pessoas eram diferentes, haviam pessoas que passavam por mim hoje que eu nem se quer havia visto na sala. O meu olhar fica tão focado no meu namorado que eu não tenho olhos para mais nada além dele.
Vejo-o entrar junto com os seu amigos, ele estava lindo como sempre, usava calças escuras e uma camisa branca despojada. Aaron não era a pessoa mais forte do mundo mas eu gostava dele assim.
--Oi amor - Dou um selinho nele, que retribui com uma cara cansada.
--O que rolou lá com a sua mãe? - Sim, toda escola sabia mesmo.
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Frágil
General FictionMarjorie, uma garota que nos auge dos seus 16 anos descobre portar uma doença rara e grave. A Ataxia Hereditária é uma doença que afeta principalmente os ossos, fazendo com que a pessoa que contém essa doença perca os movimentos do corpo, perca gra...