Dama das espadas (AMOSTRA)

01º Capítulo - O início

14 anos antes

Arena de treinamento real - Reino da Nova Terra

_Levante-se, estúpida ! _Limpei o sangue de meus lábios respirando fundo com dificuldades, minhas costelas estavam doloridas e os suspiros eram como socos. A areia grossa já havia ralado meus joelhos que agora estavam misturando o preto da sujeira e o sangue.

A espada pesada demais para mim estava longe e meus músculos tremiam resistindo ao apoiar meu corpo no chão. Olhei vagarosamente para a minha direita, minha mãe derramava discretas lágrimas ao ver toda aquela cena, meu irmão mais velho com seus 16 anos estava de braços cruzados me olhando como se eu fosse uma completa derrotada.

Meu pai logo percebeu minha distração e então veio até mim me dando um enorme tapa com as costas das mãos onde caí de vez por cima de meu braço. Eu me recusava a chorar mas mesmo assim as inconvenientes lágrimas circulavam pelo meu rosto machucado.

—O inimigo não irá hesitar em acabar com você de vez se ficar agindo como uma fraca !

—Victor ! —Minha mãe grita com o rosto inundado em lágrimas mas ele estende a espada em sua direção com um olhar brutal.

—Fique ai ou você estará nessa arena com a espada cravada em seu pescoço. —Meu irmão a levou para trás e então ela saiu as pressas, não conseguiu observar por mais tempo o que acontecia todos os dias, desde que fiz cinco anos. Ela era a única que me tratava como uma pessoa e não um cão de briga e tinha que ser eu a ser a assassina da família pois o futuro rei Charlie tinha que aprender os deveres reais ao invés de gastar todas as horas do seu dia em testes de resistência e luta.

Meu pai nunca descansaria até que um dia eu chegasse a derrota-lo naquela arena.

_Pegue sua espada. _ Meu rosto estava beijando o chão, coloquei as mãos calejadas nele e me levantei mesmo que estivesse tão fraca ao ponto de cair a qualquer momento. Mas seria pior se ele me batesse novamente.

A grande trança em meu cabelo estava se desfazendo e meu vestido já não tinha mais nenhuma cor além do encardido da areia. O sol estava queimando meu rosto pálido e minha garganta estava arranhando sem nenhum pingo de água. Meu pai por outro lado se mantia intacto, sem grandes arfadas de ar como eu, sem muito suor, sem esforço... _VAMOS CATARINA ! LUTE ! _Ele gritou alto se preparando novamente e então também gritei o mais forte que pude correndo em sua direção com toda raiva que consegui juntar.

Tempos depois...

Eu tinha quatorze anos quando recebi minha primeira missão, meu pai não permitiu que eu tivesse ajuda. O dia era a coroação de Charlie em seus vinte e cinco anos.

Meu pai estava ciente de que haveria um assassino enviado do reino de Erendor para exterminar meu irmão portanto a vida do futuro rei estava em minhas mãos. Uma responsabilidade com questões de vida ou morte para uma criança. Se eu não achasse o assassino antes dele chegar em Charlie o reino iria afundar -era pra esse tipo de coisa que eu estava sendo treinada.

O meu vestido era azul com discretas pedras de diamantes que se estendiam por sua enorme saia de seda, suas mangas eram compridas e largas com fios de ouro- ninguém imaginaria que ali estavam duas katanas tão afiadas quanto a navalha mais fina- e em meus cabelos avermelhados um delicado penteado de tranças que segurava a enorme coroa prateada com safiras verdes.

Todos me reverenciavam no salão, me olhando com ternura e inocência, admirando a bela princesinha da Nova Terra. Meu pai acompanhava cada passo meu, me olhando com ignorância, confiando a mim para que eu achasse o assassino. Logo me juntei a minha mãe para cumprimentar todos os convidados. Eles vinham com sorrisos e apertos de mãos, pessoas falsas sei o quanto falavam mal da família real com seus olhos de inveja.