02° Capítulo - O doce gosto da morte

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O tempo estava completamente imprevisível na Nova Terra. A neve não parava de cair incessantemente por muitos dias seguidos e quando tudo se dificultava era sinal de que um novo desafio viria pra mim.

   —Catarina, quero conheça esses senhores. Jhon e Walsh.—Levanto meu vestido de seda vermelho enquanto me dirijo até meu pai em sua sala de visitas. Dois homens de idade estavam lá, apesar de suas aparências serem de senhores de quase 70 anos eles eram altos e fortes com uma postura impecável. Eu conhecia aquele olhar, ele estava me preparando um novo treinamento. Eu não aguentava mais, já me sentia mais que pronta para a segunda fase.

—Ela já sangra ? —Um deles pergunta e arregalo os olhos totalmente perplexa com todo aquele desrespeito. Meu pai percebe minha reação e sorri me autorizando a responder. Abro um sorriso sarcástico e então olho para ele.

—Você quer pedir as servas as minhas roupas debaixo ? —O outro ri e então se dirige ao meu pai novamente.

—Afiada, é mesmo sua filha. —Eu estava visivelmente irritada com aquele assunto desconfortante. Era só o que me faltava um velho insignificante perguntar a uma princesa se ela já sangra.

—Sim, ela já sangra. —Minha mãe invade a sala com seu enorme vestido exagerado cheio de armações e enchimentos então os homens se curvam em reverência. Obrigada, mãe.

—Esse vai ser o último desafio e se ainda não tivesse sangrado não poderia prosseguir. —O meu pai era ótimo em me fazer sentir mais entendida.

—Qual o desafio ? —Pergunto ainda de pé enquanto todos estão sentados comendo e bebendo.

—Que direta, sente-se e falamos disso mais tarde. —Um dos velhos me chama para sentar então pego a uva que ele iria comer e jogo no chão.

—Qual o desafio, senhor Wallace ? —Os quatro olharam para mim incomodados então o velho suspirou visivelmente irritado.

—É Walsh sua pirralha. E já que insiste em saber eu não vou te contar, tem que esperar o tempo dos outros e não o seu. —Ele pega outra uva e come e então respiro devagar sorrindo ironicamente.

Antes que eu pudesse falar algo o meu irmão entra na sala e todos se levantam para reverencia-lo.

—Majestade.

—O que está acontecendo aqui que não é do meu conhecimento ? —Ele se joga a mesa também comendo feito um porco e então tento sair de fininho.

—Pirralha, não é educado sair sem se reverenciar ao seu rei. —Dessa vez o meu irmão que me chama a atenção então me viro vagarosamente não acreditando no que acabei de ouvir. Charlie era um completo imbecil, sempre que tinha alguma oportunidade de abusar de seu poder e me humilhar ele fazia.

—Não vejo um rei, vejo apenas um bobo da corte usando uma coroa. —Todos me olham perplexos e então Charlie bate forte na mesa, ele estava tremendo de raiva, sempre teve problemas de raiva.

—VOCÊS CRIARAM UM ANIMAL ! ELA NÃO RESPEITA SEU REI, NÃO RESPEITA NINGUÉM. EU A ODEIO, ODEIO, ODEIO ! —Esse foi o resultado do meu irmão mais velho ter sido criado por nossa mãe. Charlie tem surtos de raiva e toda vez minha mãe tem que acalma-lo e isso faz o grande Victor morrer de vergonha.  Tentei me conter para não rir se seu rosto vermelho de ira. Já perdi a conta de quantas vezes meu irmão pediu para me matarem ou jogarem meu corpo em alguma vala mas até meu pai sabe que ninguém conseguiria.

—Catarina, olha o que você fez. —Mais uma vez eu sou a vilã.

—Vamos lá pra fora, vai demorar um tempo até que consigam acalma-lo.

Dama das espadas (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora