Minhas entranhas pareciam estar sendo esmagadas por mãos de demônios. Eu sentia que pereceria a qualquer momento se não encontrasse a merda do antídoto na arena.
Saí cambaleando pela areia procurando algo escondido, qualquer dica que fosse. Todos já esperavam o meu pior, e pela minha falta de expectativa até eu achava que não conseguiria. Meus dedos queimavam rastejantes pela areia quente onde o forte sol me obrigava a cansar mais rápido.
Todos me observavam de longe enquanto sangue escorria de minhas narinas, eu não conseguia dar um passo sequer. Eu tinha que pensar, esses caras eram inteligentes, eu deixei algo passar em suas palavras. -Logo um aperto mais forte em meu estômago me faz berrar horrivelmente e caio no chão. -Eu não estava conseguindo e segundo meus cálculos haviam apenas cinco minutos antes do veneno atingir todas as minhas veias.
Pense Catarina, o que você deixou passar ? Não peça ajuda, não peça arrego, não foi pra isso que você nasceu ! Isso estava parecendo um espetáculo por que todos da corte estavam me assistindo no meu provável fim, algumas damas do castelo até com pequenos sorrisos no rosto e meu pai continuava sério e impassível me olhando como se tudo que eu tivesse feito até aqui não tivesse valido seu esforço.
No chão caí perto das engrenagens das carruagens, minha visão estava começando a falhar mas minha cabeça pesando sobre meu braço me fez observar bem o canto das rodas.
O óleo havia pingado no chão, o meu suor havia se misturado com o líquido preto e então olhei mais de perto.A água não se diluia no óleo, eram substâncias completamente diferentes. Ah não !
Peguei o resto do veneno que estava em minha mão e observei. Comecei a gargalhar alto me levantando com dificuldades. Me aproximei o mais rápido que pude das pessoas ali e então levantei o frasco como se fosse fazer um brinde a minha morte.
-O que está fazendo Catarina ? -Minha mãe arregala os olhos e então sorrio de lado olhando para os dois velhos boquiabertos.
-Estou morrendo. -Nessas palavras, levei o frasco até minha boca e então engoli o resto daquele líquido infernal deixando todos estáticos.
Meus olhos se abriram vagarosamente se acostumando aos poucos com a claridade do sol na arena. Todos estavam ao meu redor e a minha frente a bela mulher ruiva de corpo escultural e olhos verdes desafiadores, minha mãe.
Logo ouço palmas e olho para o lado percebendo os dois velhos rindo surpresos.
-Você descobriu o nosso maior truque. Como ? -Meu pai estava de braços cruzados me olhando como se eu fosse algo a decifrar. Suspiro longamente me preparando para explicar a aqueles sádicos a minha lógica.
-Vocês colocaram o antídoto no mesmo frasco que o veneno. Não pediram pra eu beber metade a toa, queriam que eu deixasse o antídoto ali na minha cara enquanto eu estivesse morrendo procurando por nada. Então comecei a pensar nas palavras que vocês usaram enquanto eu estava a beira da morte e pensei e pensei mais vezes. Vocês homens tão sensatos que já realizaram esse desafio milhares de vezes e viram todos falharem nunca falariam algo a toa. Vocês ultilizaram óleo na substância do veneno e depositaram os ingredientes dentro da capsula pra então o antídoto ficar embaixo separadamente. Deixavam os outros serem ennganados pela cor que era igual mas eu percebi que a consistencia não estava idêntica. Sendo assim, eu bebi o antídoto, eu venci. —Eles se olharam rindo totalmente incrédulos com minhas conclusões e um pouco decepcionados percebi. Acho que os velhotes não queriam que alguém descobrisse e acabasse com o jogo deles.
-O reino não poderia estar com uma guerreira melhor. A Nova Terra ressurgiu através da princesa Catarina, ela é a maior arma que já tivemos. -Odeio quando se referem a mim como um simples objeto mortífero. Se é isso que eu devo ser não questionarei, mas enquanto eu estiver nas missões será tudo do meu jeito.
-Eu subestimei você princesa, achei que cairia mais rápido que o mais fraco dos guerreiros mas cuspiu na nossa cara com razão. E como presente de sua sabedoria você não só ingeriu o antídoto desse veneno como adquiriu imunidade a qualquer outro que possa te atingir, esse foi nosso presente para que possa iniciar a segunda fase. -Abaixo a cabeça em reverência e agradecimento e então eles se voltam a meu pai que coçava a barba e estava inquieto em sua armadura prateada.
-Essa garota foi um presente dos deuses a esse reino, não faça pouco dela. -Ele afirma com a cabeça querendo não demonstrar sentimentalismo e então os dois velhos vão embora ficando assim apenas eu e minha "família".
-Grande coisa, eu poderia ter achado o antídoto, como alguém pode não saber que estava na própria mão ? Catarina é uma idiota. -Charlie estava emburrado e de braços cruzados como uma perfeita criança birrenta. Certeza de que se fosse pelo meu pai eu governaria a Nova terra mas os meus deveres nunca cairiam bem em Charlie, ele morreria no primeiro treino.
-Já que minha filha se mostrou digna de continuar aqui ela então iniciará a segunda fase. -Minha mãe me estende a mão para que eu me levante e seguro meio desentendida. Minha mãe me guiaria na segunda fase ? Como isso ?
Meu pai parou em minha frente, seu olhar era baixo e frio mas eu via uma certa felicidade neles. O homem ignorante e robusto me abraçou rapidamente segurando minha cabeça em seu ombro. Sua voz sussurrou uma frase em meu ouvido que me fez estremecer de surpresa.
-Estou orgulhoso de você. -Logo ele me soltou saindo da arena sem olhar para trás. Era a primeira vez que meu próprio pai olhava para mim com olhos de esperança e orgulho. Ele nunca havia chegado onde cheguei e sabia que eu poderia ir mais longe. Todos sabiam, eu sabia. Eu sou capaz.
-As servas irão te banhar, cuidar desses ferimentos nas mãos e fazer um belo penteado em seus cabelos e então começarei a te explicar como será o segundo desafio. Seu corpo está frágil então tire essa noite para descansar, começaremos amanhã de manhã. Poderá jantar em seu quarto hoje não quero que se esforce mais. -Ela me abraça forte e então segura meu rosto em suas mãos sorrindo alegremente.
-Eu te amo Catarina, não duvidei em momento algum que conseguiria prosseguir com isso. Você sabe que irá se infiltrar no reino inimigo e pra isso basta mais que experiência em luta, espionagem ou armas. E logo você descobrirá a arma principal e que não te dará ferimento algum se souber usar corretamente. Uma arma que todas as mulheres tem.
Você tem a beleza de uma deusa e isso é uma das coisas que mais usará. -Minha mãe era minha melhor amiga, ela sempre arrumava um jeito de me pôr pra cima. Depois dos treinos que eu tinha com meu pai ou "seres" contratados de outras pronvíncias, assassinos profissionais e professores de arco e flecha ou camuflagem, ela me ajudava. Sempre limpava meus ferimentos, sempre deixou que eu soubesse que mesmo eu sendo rebaixada e me sentindo uma fracassada, pra ela eu era vencedora e calaria a boca de todos.
Bom, as mães sempre tem razão.-Qual reino exatamente irei me infiltrar, mãe ?
-Erendor.
Olá pessoas, espero que tenham gostado do capítulo e se vocês gostaram e querem que a história continue não se esqueçam de votar e comentar ❤️
Inspiração , Catarina ☝️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dama das espadas (AMOSTRA)
FantasyEla foi designada a matar um rei que ameaçava o futuro de sua dinastia. Treinada desde criança por guerreiros de níveis superiores nunca teve uma pausa pra pensar em outro destino a não ser seduzir, conviver e aniquilar o inimigo. Rei Caio, um home...