IX
Enrico
E elas chegaram deslumbrantes com aquelas roupas que chamamos de mãe e filha combinando, assim que Liz me viu abriu os bracinhos, era como se quisesse que eu a pegasse em meus braços, já sua mãe pouco me olhou, aparentava estar apreensiva.
- Oi Catarina, oi Enrico. - disse dando-nos um beijo no rosto.
- Olá... - digo dando espaço para que ela dissesse seu nome.
- Aline. - respondeu simplesmente.
- Estão com fome? - Catarina perguntou entusiasmada.
- Um pouco. Ultimamente não estou tendo tempo para comer corretamente, essa semana com Liz foi difícil. - desabafou.
- Porque foi difícil? - perguntei curioso.
Ela fitou o céu por alguns segundos como se estivesse pensando ou procurando as palavras para dizer e acabou soltando:
- Liz sente falta de uma figura paterna.
- Como assim? - Catarina perguntou-me.
- No começo da semana, ela chorava descontroladamente, foi logo após eu voltar da sua casa que o trabalho começou. Seu choro era como se pudesse sentir dor, dei remédio e nada, por fim, chamei seu pediatra para atendê-la e bastou ele estar por perto dela que ela acalmou. Depois, disse que ela não tinha nada além de uma carência e não é por nada, mas acredito que foi Enrico que lhe trouxe essa carência.
Por que eu? - perguntei-me mentalmente.
- Porque meu irmão? - Catarina perguntou curiosa.
- Porque Liz nunca havia tido um contato com um homem antes de Enrico naquele dia, os poucos minutos que ficaram juntos, acabou sendo o suficiente para que ela '' sentisse falta.''
- Mas, você não é casada? - perguntei.
Ela deu um sorriso fraco.
- Não.
Poxa vida, eu também senti saudade de Liz.
- Enrico arrasando os corações até da pequena Liz. - Catarina brincou para quebrar o gelo.
Revirei os olhos, como ela conseguia dizer algo tão idiota assim?
*
*
*
O assunto da carência de Liz, por mais que me intrigasse e me fizesse querer saber mais, não rendeu. Logo chegamos à uma lanchonete, onde sentei-me de cabeça baixa porque algumas poucas pessoas nos olhavam, pedi meu lanche e comecei a brincar com Liz para tirar a tensão de estar naquele lugar.
Descobri que ela sentia cócegas no joelho, pois bastava eu passar a mão para que ela sorrisse que gostava de beijinhos na bochecha tão gordinha, carinho no pé em forma de pão e babar muito.
Eu estava extremamente encantado por ela, tão encantado que quando meu lanche chegou, acabei deixando-o para comer em meu quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ENRICO
Non-FictionSinopse reescrita e atualizada em: 03/06/2022. Não podemos apagar o passado, mas se quisermos podemos mudar o futuro. Vítima de um incêndio que lhe deixou com quarenta por centro do corpo queimado, Enrico que antes era um homem de beleza exuberante...