The First

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Sábado, 13:30 hrs - Jesse

Eu estava almoçando com Jesse antes da sessão. Meu palpite estava certo, ele era um babaca sem cérebro.

Em dez minutos de conversa ele só soube falar dele. Do seu corpo, do seu carro novo e de como todos invejavam e desejavam sua vida.
O único momento que se referiu a mim foi como "uma garota de sorte" por ter tido a oportunidade de sair com ele. Sério, eu não sei se aguento ficar em uma sala fechada com ele por duas horas.

- E então gatinha que curso você faz mesmo? - perguntou ele pela terceira vez. Inacreditável.

Sorri em deboche e disse uma resposta diferente para ver se ele se lembrava. Aparentemente não. Eu poderia falar assistente de mágico e ele não prestaria atenção. Jesus, eu estou perdendo meu tempo aqui.

O problema é que eu já comprei o ingresso, e se não posso apreciar a companhia pelo menos vou apreciar o filme, lá pelo menos tenho o benefício dele ficar calado.

Nos levantamos e nos dirigimos á sala do cinema. Jesse foi comprar a pipoca enquanto eu fui escolher os assentos, antes que eu me sentasse porém eu tive uma ideia. Bem no canto da sala eu vi um homem de costas, muito alto observando as pessoas entrarem na sala, ou seja, um funcionário do cinema. Exatamente o que eu precisava.

- Ei camarada - chamei. O homem se virou pra mim e eu quase babei. Que homem é esse, meu Deus? Eu preciso frequentar mais o cinema, o homem era lindo.

Deixando o deslumbre de lado observei seus olhos me analisarem como se estivesse se divertindo, ainda que sua expressão fosse neutra.

Ele apontou para o crachá em seu peito com seu nome, claramente dizendo "ei estranha, eu tenho nome"

Li o crachá e me conti para não revirar meus olhos, Dimitri, okay, que seja.

- Sim, em que posso ajudar? - perguntou com uma voz rouca que me deixou arrepiada. Mas de alguma forma soou com um sotaque diferente, russo talvez?

Balancei minha cabeça retomando meu raciocínio e não me deixando levar pela sua beleza.

- Daqui a pouco um rapaz loiro de olhos claros vai entrar por essa porta e sentar ao meu lado, eu marquei esse encontro com ele mas acabei me arrependendo, se ele tentar algo você pode por favor interromper? Usando uma desculpa qualquer de sei lá ser contra as regras morais do cinema? - perguntei esperançosa. Ele apenas me olhou incrédulo.

- Você sabe onde estamos? - ele questionou. Aparentemente era uma pergunta retórica por que logo em seguida respondeu. - isso é um cinema, as pessoas vêm aqui justamente para beijarem, as vezes até mais que isso, se eu alegasse ser contra alguma regra moral seria simplesmente ridículo, ele nunca acreditaria - disse ele convicto.

Bom, pensando por esse lado, sim.

- Você poderia eu não sei, fingir ser meu irmão furioso? - perguntei tentando qualquer coisa - Ora vamos lá, você não consegue pensar em nada para ajudar uma pobre garota indefesa? - pedi manhosa.

- Você não tem cara de ser uma garota indefesa - disse ele.

- Tem razão, não sou, mas vamos fingir que sim? - sorri em uma última tentativa. Apesar da sua expressão fechada pude ver em seus olhos quando ele cedeu.

- Está bem, eu vou ver o que posso fazer - declarou ele por fim com um suspiro. Eu dei um gritinho de alegria e o abracei em um ato impensado. Ele ficou imediatamente rígido e quando eu estava prestes a me soltar e me desculpar ele relaxou e me abraçou forte. Quando nos soltamos ele não me olhou nos olhos e após eu soltar um obrigado baixinho e envergonhado segui em direção ao meu assento.

A grande ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora