The End

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Segurei a mão de Dimitri e deixei que me guiasse para o lugar que ele quisesse. Eu só não esperava que esse lugar fosse na sala ao lado. Sério, estou farta de cinema, depois desse dia nada de salas escuras para mim por um longo, longo tempo.

Quando entramos na sala percebi que estava diferente das demais.
Tinha uma mesa com duas cadeiras em frente a tela que passava um filme mudo em preto e branco. Uma comida que parecia ser muito chique e velas estavam acesas dando um toque de charme para o local. Estava perfeito.

- Como conseguiu isso? - Perguntei curiosa.

Dimitri se adiantou e puxou a cadeira para eu sentar enquanto falava.

- Lembra que eu disse que aquele velho cinema inativo é da minha família há gerações? - Perguntou ele e eu aquiesci - E lembra que eu disse que tinha uma chefe tolerante? - afirmei novamente - Bom, é minha mãe. Cinema é meio que o ramo da família e nossa paixão. Eu estou fazendo faculdade de administração para estar preparado quando um dia tomar conta dos negócios - explicou.

Por essa eu não esperava.

- Mas se cinema é sua paixão, por que não faz faculdade de cinema? - perguntei confusa e Dimitri riu.

- Isso faz sentido, não é a primeira pessoa que me pergunta. Bom, eu aprendo cinema desde que eu nasci, com minha mãe, tios, primos... É meio que obrigatório na minha família conhecer todos os clássicos e saber o que os tornaram tal. Também não estou dizendo que sou um profissional, longe disso, mas me esforço todo dia para aprender por conta própria o que não aprendi em casa. Porém o que eu nunca aprendi mesmo é como administrar e minha mãe quer se aposentar logo. Se um dia eu decidir fazer cinema, sei que a faculdade não vai fugir. -

Ele concluiu sua explicação e eu me vi encantada com sua vida e ávida para descobrir mais.

Continuamos nossa conversa calmamente, éramos parecidos no fim das contas. Eu fui fortemente influenciada por meus pais para escolher jornalismo. Meu pai era jornalista esportivo. Minha mãe, repórter do jornal da manhã. Já tive que ir muitas vezes no estúdio enquanto eles trabalhavam ou esperar no carro enquanto terminavam alguma entrevista. Eu costumava brincar de repórter entrevistando meu cachorro com um galho.
Foi natural para mim seguir esse caminho.

Até que chegamos no ponto da minha vergonha.

- Eu não acredito que esse tempo todo você era o amigo do Christian e eu não notei -

- O que é bem preocupante por que você não me disse seu nome e quando eu te chamei pela primeira vez você nem percebeu... - Zombou.

- Não disse? - Perguntei confusa revivendo nosso dia... - Oh meu Deus não disse! - Falei chocada ao me dar conta do quão distraída eu era. Dimitri riu da minha cara.

- Certo, e como o Christian te contou a história toda? - perguntei já temendo o pior, afinal, era o Christian.

- Ele disse que você era uma maluca e fez uma piadinha de você parecer cego em tiroteio. - E aqui ele fez uma careta.

- Cego em tiroteio? Não entendi - Disse confusa. Dimitri me olhou segurando o riso e por fim disse:

- Atirando pra todo lado, Rose -

Quis morrer. Ou melhor, matar. Christian me paga.

- E por que você topou isso mesmo sabendo da história? Não me achou maluca? - Desviei o assunto.

- Na verdade sim. Eu te achei completamente louca e preciso confessar uma coisa... Eu não ia participar disso tudo. Quando o Christian me contou tudo eu decidi que não queria essa confusão toda - Ele pausou e olhou para a confusão em questão, no caso eu - Sem ofensa - Disse ele. Eu fiz um sinal com a mão demonstrando que não importava e incentivei ele a continuar.

A grande ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora