A porta do caixão foi lentamente empurrada para o lado e de dentro dele saiu uma figura cadavérica, pálida e com olheiras. A expressão do ser era vazia, o olha era vazio e provavelmente a cabeça também o era. Alfonso se arrastou para fora do mausoléu onde morava. Era uma construção antiga que ele dividia com outros sete caixões de uma rica família local. Ele teria respirado o ar do cemitério sob a chuva, se ainda se lembrasse de como fazer isto, mas ao invés disto simplesmente andou por uma das vielas da necrópole principal. Em um determinado momento, seus olhos injetados acertaram a silhueta de Próspero, o coveiro local.
-- Boa noite, Alfonso -- Cumprimentou Próspero, educadamente. Ele já conhecia Alfonso, sabia que era um vampir, só não sabia desde quando. Aliás, nem mesmo Alfonso se lembrava desde quando era vampiro, em sua cabeça, ele sempre o fora. Sempre houvera o cemitério, o sangue e as noites.
-- Hmm... -- Disse Alfonso, etereamente, em resposta.
-- Nossa, está animado hoje? Alguma ocasião especial? -- Quis saber o coveiro.
-- ... -- Explicou o vampiro, filosoficamente. Próspero apenas fez um cumprimento com o chapéu e deixo o vampiro seguir seu rumo arrastado para fora do cemitério, com suas olheiras eternas e sua cara melancólica. Quando perguntado sobre ele, Próspero sempre respondia "É doido de pedra."
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Uma História Gótica
HumorSiga uma noite na vida de um grupo de vampiros vivendo em João Pessoa que se mesclam à comunidade gótica para permanecer ocultos da sociedade mortal. Envolve menos conspiração e sensualidade e mais lamentações de níveis homéricos e tentativas de peg...