Capítulo 1

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Era uma noite escura e chuvosa em Nova York, Scott estava em casa com sua esposa e ainda aproveitava os momentos de paz que conseguiu depois de solucionar seu caso mais recente. Foi um caso muito complicado e que quase custou o seu cargo de detetive. Várias mulheres haviam sido mortas por um psicopata que apenas queria suas calcinhas. Simplesmente calcinhas usadas para que pudesse alimentar seu fetiche que havia ganho proporções absurdas. Aquilo se transformou em algo completamente doentio e a lista de mulheres mortas foi bem maior do que Scott esperava. No entanto, agora tudo estava resolvido.

Foi neste momento em que detetive Scott recebeu uma ligação, era Alfred, seu chefe pedindo que se dirigisse até um bairro periférico da cidade. Ele pediu o endereço sem a necessidade de saber mais detalhes que também não foram fornecidos, ele sabia bem que algum crime horrível tinha acontecido. Não seria acionado perto da meia noite por uma simples bobagem. Seus pequenos momentos de paz tinham se esgotado. Scott deu um beijo em sua querida esposa Eve e deixou o apartamento se dirigindo ao elevador para chegar até a garagem. O local estava completamente deserto, a não ser pela enorme quantidade de carros que se acumulavam lado a lado. Ele sentiu o calor do motor de um dos carros estacionados quando se aproximou, um estalo demonstrando que o motor esfriava lhe deixou ainda mais alerta. Scott entrou em seu carro saindo imediatamente do condomínio onde morava para ver algo que possivelmente poderia lhe tirar o sono.

As ruas estavam parcialmente desertas naquele caminho, mas os grossos pingos de chuva que caiam sobre o para-brisas fizeram com que ele dirigisse com mais cautela do que gostaria. Vinte minutos depois ele avistou as luzes dos carros da polícia e da equipe médica parados em frente de uma casa bastante comum, um pouco decadente. Scott encostou o Mustang logo atrás do carro de seu chefe e desceu rapidamente tentando se esquivar da chuva que ainda era bastante forte, seus cabelos ficaram parcialmente molhados e foi preciso utilizar um lenço para que pudesse secar seu rosto. Agradeceu mentalmente a Eve por sempre carregar um com ele. Ela nunca esquecia de colocar um em seu bolso do paletó.

Scott apresentou o distintivo para que lhe permitissem invadir a área isolada e logo estava frente a frente com Alfred que o aguardava aparentemente impaciente.

— Pensei que a chuva lhe atrasaria, mas até que chegou rápido — comentou Alfred colocando novamente o charuto na boca.

— Realmente a chuva está forte. Mas me diga o que temos aqui? Espero que seja realmente grave para me tirar de casa a essa hora.

— Uma mulher assassinada, mas isso não é tudo. Veja com seus próprios olhos e tire suas conclusões. Tenho certeza que vai se surpreender. Verá que que a gravidade do caso está num nível muito acima do que pensa.

— Acredito que nada mais me surpreende em todos esses anos de trabalho. Não me diga que é uma das vítimas do colecionador que só agora a encontramos?

— De maneira alguma. O cadáver está mais fresco do que você possa imaginar. Eu diria que não se passaram nem duas horas desde o ocorrido.

Scott se dirigiu até a sala onde o corpo foi encontrado. Dois peritos faziam o levantamento das provas para que o corpo pudesse ser removido.

Alfred não mentia quando disse que a cena do crime seria surpreendente. Certamente que o detetive não esperava por algo parecido.

Deitado sobre pedaços de papelão espalhados pelo chão estava o corpo de uma jovem mulher. Não aparentava mais do que vinte e cinco anos. Tinha uma marca profunda ao redor de seu pescoço. Provavelmente de algum tipo de arame que causou seu estrangulamento. Os olhos ainda abertos mostraram o horror que foram seus últimos minutos de vida.

Ela estava totalmente nua. As roupas jogadas por todo o local. Talvez tenha sido estuprada depois de ser morta. Algo que não seria assim tão simples de ser confirmado. Na região da virilha não se via a parte externa da genitália, mas apenas um buraco de onde ainda respingavam gotas escuras de sangue que caiam sobre o papelão. Todo o órgão havia sido removido de uma maneira meticulosa. Provavelmente com a ajuda de um bisturi ou algo parecido. Pelos pubianos estavam sobre o papelão indicando que antes de mutilá-la ele a depilou, talvez com um barbeador descartável que não estava por ali.

Mutiladas (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora