Dois dias depois ainda não havia nenhuma novidade sobre quem teria cometido aquela atrocidade com Lindsay, mas pelo menos não se tinha notícias de algum crime parecido indicando que o assassino teria atacado novamente. Até aquele momento ainda não era possível dizer que se tratava de um serial killer. A equipe de perícia já tinha todas as informações sobre as provas colhidas naquela noite. Scott esperava algo novo que pudesse dar um rumo para as investigações.
— Sou todo ouvidos — disse Scott ao sentar em frente da mesa do chefe da perícia.
Ted então começou a falar.
— Não encontramos nada que possa incriminar Henry, a vítima não tinha nenhuma impressão digital dele pelo corpo ou nas roupas que encontramos no local. Essa hipótese do envolvimento do sujeito já pode ser totalmente descartada. Mas isso não quer dizer que não encontramos nada. Temos uma impressão digital encontrada no corpo, o assassino tomou muito cuidado na hora de mutilar o corpo, mas provavelmente antes disso, durante o encontro dos dois até o estrangulamento ele estava sem luvas. Pode ser que seja a impressão digital do assassino.
— Então já temos um nome? — perguntou Scott com um sorriso no rosto.
— Infelizmente não! Ainda não conseguimos identificar o dono delas. Parece que temos alguém sem passagem pela polícia, ou talvez algum estrangeiro. Através de impressões digitais não chegaremos ao responsável.
Scott coçou o queixo decepcionado.
— E quanto a outras evidências?
— A vítima manteve relações sexuais antes de ser morta, ou após ser morta. Encontramos vestígios de látex, mas nenhuma secreção que pudesse ser sêmen. O assassino usou um arame liso de aço para estrangular a vítima, por isso aquela marca profunda na garganta. Depois de tirar a vida da moça ele a despiu. Isso é uma evidência de que ele pode ter abusado do corpo já sem vida. Depois ele utilizou um aparelho descartável de barbear para depilar a região genital e em seguida utilizou um bisturi ou algo parecido para retirar toda a parte externa da genitália.
— E os vestígios de sangue encontrados no local?
— São todos da vítima. O assassino foi bastante cuidadoso e deve ter utilizado uma lanterna durante todo o tempo que esteve no local do crime. Caso contrário isso não seria possível. Ele fez todo o serviço com muita calma. Provavelmente ele acreditava que a casa estava totalmente abandonada e que não existia riscos de ele ser surpreendido.
— Mais alguma coisa? — perguntou Scott.
— Infelizmente isso é tudo.
— Obrigado, Ted!
Scott retornou para o departamento com aquelas informações em um relatório, mas cada uma delas martelava em sua cabeça. Por que Lindsay não chegou em casa no horário correto? Teria sido abordada durante o caminho ou pegou uma carona com seu futuro assassino? Aquela casa foi escolhida aleatoriamente ou tem algum significado para o assassino? Por qual motivo ele tirou justamente aquela parte do corpo? Seria algum ritual macabro, ou algo sem nenhuma importância que pudesse ajudar Scott a desvendar o crime?
A quantidade de perguntas era grande, mas ele ainda não tinha respostas para nenhuma delas.
Naquela tarde Scott retornou ao local do crime. Queria ver o local com mais calma e com a luz do dia. Quando parou o carro exatamente no mesmo lugar da noite do crime e desligou o carro, a primeira coisa que fez foi analisar a situação das casas próximas de onde ocorreu o crime.
O detetive notou que não era a única casa abandonada, as casas da direita e da esquerda também estavam desocupadas e abandonadas, algumas janelas estavam depredadas. Talvez por isso ninguém notou nenhuma movimentação estranha. Aliado a isso também havia a chuva forte que estava a favor do assassino. Dificilmente alguém notaria algo estranho naquele momento.
O detetive se aproximou da casa e cruzou a fita amarela que ainda indicava que ali era o cenário de um crime recente. Nada diferente de uma casa abandonada cheia de sujeira, a não ser pela grande mancha de sangue em cima dos pedaços de papelão jogados no chão do cômodo que certamente um dia serviu de sala de estar para uma família feliz. Scott observou o local atentamente a procura de algum detalhe, de alguma pista que talvez não tenha notado. Verificou cada canto, mas não encontrou nada, além de lixo e restos de comida. Também não havia qualquer evidência de que o assassino teria retornado a aquele local. Estava tudo do mesmo jeito em que viu na noite do crime e nas fotos da perícia.
Scott saiu da casa e caminhava em direção ao seu carro quando notou uma moça olhando atentamente em sua direção e foi ao encontro dela.
— Com licença, sou detetive Scott — disse mostrando seu distintivo.
— Desculpe! Estava olhando o senhor e por um momento pensei que o assassino havia retornado ao local do crime.
— Eu pareço com o assassino? Senhorita...
— Me chamo Anne! De maneira alguma, me desculpe, mas todos aqui ficamos muito assustados com o crime que ocorreu naquela casa. As pessoas têm até medo de chegar perto da casa.
— Tudo bem! Quem não ficaria? A senhorita estava em casa na noite do crime?
— Eu sou obrigada a responder essa pergunta?
— De maneira alguma, isso não é um interrogatório. É apenas uma conversa informal. A questão é que ainda não temos nada de concreto em relação a quem é o assassino. Qualquer informação que possa levar ao assassino é de grande importância para a polícia. Gostaria de ouvi-la. Não é necessário que vá ao departamento de polícia.
— Sim! Eu estava em casa, mas não vi nada. Estava chovendo muito, só notei que havia algo de estranho quando olhei pela janela do meu quarto e vi as luzes dos carros da polícia. Meus pais correram trancar todas as portas e ficamos em silencio com medo de que o assassino ainda estivesse por perto e tentasse se esconder em nossa casa.
— Presumo que seus pais também não viram nada?
— Eles estavam assistindo a TV, foi meu pai que viu primeiro, quando eu saí do quarto eles estavam assustados, mas não viram nada também.
— Não viram e nem ouviram nenhum barulho diferente?
— Não! A chuva estava muito forte. E pelo que fiquei sabendo não foi disparado nenhum tiro.
— Realmente não, foi algo muito pior do que um tiro, mas não quero lhe assustar com detalhes desagradáveis. Muito obrigado e desculpe o incômodo.
— Não foi incômodo algum. Espero que o senhor consiga prender logo esse assassino.
— A polícia vai fazer o melhor possível, não se preocupe, mas enquanto isso não acontece evite andar sozinha durante a noite. Não sabemos se ele mora por aqui por perto ou isso é apenas uma coincidência. Não sabemos qual é a motivação do crime. É melhor não se arriscar.
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Mutiladas (degustação)
Gizem / GerilimQuando uma mulher é encontrada morta em uma casa abandonada na periferia de Nova York a polícia fica intrigada com a terrível situação do cadáver. A mulher está nua, mas o mais assustador é que falta um pedaço de seu corpo. Detetive Scott sabe que a...