Acordei às seis da manhã com o despertador do criado mudo branco, ao lado da cama. Me levantei e liguei a cafeteira. Abri a torneira e deixei a banheira encher, enquanto eu pegava o jornal e escovava os dentes.
Hoje é sexta-feira, o que significa que teremos uma reunião no escritório somente às oito e meia, então terei tempo de fazer meu ritual matinal. Com a xícara de café e o jornal em mãos, adentrei na banheira com a água quente, numa temperatura perfeita para que eu possa relaxar antes de mais um dia estressante.
Beberico o líquido quente, na caneca onde diz "I love NY", que Junhoe me deu quando foi cobrir um desfile de moda lá, ano passado. Somos colegas de trabalho há anos, para ser mais exata, desde que coloquei os pés aqui pela primeira vez. Trabalhamos no mesmo escritório, que ocupa dois andares já que se trata de um jornal integrado a uma revista, ambos canais de divulgação são do mesmo chefe, que por sinal é pai do Junhoe. Ele é uma parte importante da minha vida, sempre me motiva e me dá os melhores conselhos, além de me consolar todas as vezes em que assistimos filmes românticos com finais infelizes. Diria até que merece a medalha de melhor amigo do mundo todo, mas por enquanto só tem minha companhia mesmo.
Volto a minha atenção para o jornal do concorrente, sempre buscando estratégias de como sair na frente com as notícias. Abro na página dois, onde há atualizações de crimes e investigações, já que a primeira página pertence à escândalos novos para chamar a atenção do público. Este jornal é tão patético que as vezes eu considero um crime chamá-lo de concorrente. "Ontem, por volta das sete da noite, uma mulher foi presa por roubar dois sacos de amendoim, uma lata de chantilly e um pote de sorvete de uma loja de conveniência, em um posto de gasolina no centro", impressionante, eu diria, se casos mais sérios não estivessem acontecendo por aqui.
Atualmente estou morando em Memphis, Tennessee, por conta do jornal matriz de notícias, onde trabalho. Tenho vinte e três anos e acho que se não tivesse começado a estudar sobre jornalismo desde pequena com meu pai, Taeyang, eu não conseguiria um emprego melhor. Ele foi um grande jornalista e funcionário do mês por quatro anos seguidos, o que me motivou muito a seguir no mesmo caminho que ele. Aos quinze anos eu comecei a estagiar aqui, e desde então decidi que era isso o que eu queria fazer para toda minha vida. Eu precisava me fixar, porque há três anos, Taeyang morreu em um acidente com sua moto. Foi a pior coisa que aconteceu comigo, me vi destruída por dentro, como se tivesse perdido meu pilar de sustentação. Estava sozinha no mundo, teria de continuar tudo sozinha. Foi aí que decidi que teria de ser forte e honrar meu pai, dando o melhor de mim em tudo, sempre.
Terminei de ler e tomar meu café, para depois tomar um bom banho matinal e me aprontar.
Coloquei uma camisa social branca e dobrei suas mangas até os cotovelos, deixando também alguns botões abertos. Vesti minha calça jeans, e meus saltos sociais. No pescoço, o colar que me deram quando nasci, e no pulso, o bracelete que ganhei no meu último aniversário com Taeyang. Peguei minha bolsa e as chaves do carro, trancando a porta logo em seguida. Entrei no elevador, apertei o botão para o estacionamento e esperei. Assim que as portas se abriram, comecei a caminhar até meu carro, destravando as portas assim que fiquei próxima dele.
Essa é minha rotina, todas as sextas-feiras, dias que nos reunimos para discutir sobre as viagens, quem vai cobrir o que, quem vai escrever o que, quem vai trabalhar com quem, entre outras coisas. O trânsito de Memphis na sexta é um pesadelo, graças à música e a comida, duas coisas que trazem para cá, milhares de parentes atrás de atividades interessantes para o fim de semana. Eu, como uma pessoa organizada, sempre saio bons minutos mais cedo para garantir minha pontualidade e não levar desagradáveis puxões de orelha do senhor Koo.
Felizmente, com muita calma, jujubas do porta-luvas e paciência, cheguei dez minutos antes. Estacionei na minha vaga e entrei. Subi de elevador, porque seriam sete andares de escadas e eu já as subo toda quinta com Junhoe usando uma peruca loira, me imitando como se eu fosse uma garça pulando degraus.
-Bom dia, Eunbi. - disse à secretária.
-Ele está te esperando. - cochichou ela, muito séria.
Assenti, sorri e bati na porta. Assim que entrei percebi que só havia ele na sala.
-Sr. Kangin?- fechei a porta devagar.
-Ah, olá, entre, você está atrasada.
-Cadê o pessoal?
-A reunião será só entre você e eu.
Me sentei na cadeira e coloquei minha bolsa no chão. Ele se levantou, ficou ao meu lado e se apoiou na mesa, me encarando.
-Tudo bem, pode começar.
Bonjour, leitorxs!
Usei esse primeiro capítulo para vocês conhecerem um pouco sobre a Lalisa da história. Espero que gostem e indiquem! :)
Au revoir, e até o próximo!
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Soul Criminal: Red- Vol. I [CONCLUÍDA]
Fiksi PenggemarLalisa Manoban é uma jornalista ambiciosa, de vinte e três anos que volta para Atlanta, o lugar onde nasceu, para cobrir de perto investigações de uma série de roubos e crimes peculiares que andam acontecendo. Com o passar do tempo, ela começa a se...