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Capítulo X- Em Londres

O restante do trajeto se mostrou sem muitas surpresas, pouco antes de alcançarem a entrada da cidade iniciou-se uma chuvinha fina que não causou danos nem contratempos. Eles chegaram como previsto quase ao final do terceiro dia. Apesar de as estradas estarem em boas condições precisaram fazer as paradas programadas para o próprio descanso e o dos animais. Não se podia exigir demais dos pobres cavalos.

Já em Londres, os viajantes se dirigiram para a casa mantida por Alec como medida de precaução, pois ele sabia que não seria confiável que Kate ficasse na residência de seus parentes, também não seria vantajoso se acomodar em uma hospedaria por mais respeitável e aconchegante que esta viesse a ser, ainda seria um incômodo ser exposta aos olhares curiosos e indiscretos dos demais ocupantes do local. Portanto desde sua última vinda à cidade, Alec deixara seus empregados de sobreaviso sobre um iminente retorno que poderia ocorrer em algumas semanas ou em poucos meses. Felizmente demorara menos do que ele esperava a convencer Kate a acompanhá-lo.

Ao contrário das conhecidas casas geminadas ( edificações espelhadas, ou seja que compartilham a mesma planta e são divididas por uma parede em comum). São bastante recorrentes em todo território da velha Londres e também em todas as maiores cidades inglesas.

A residência possuía a estrutura de um pequeno sobrado de quatro cômodos, dois em cima e dois embaixo. Constituía-se também como outro tipo de moradia destinada às pessoas das classes trabalhadoras. Localizada em um bairro intermediário, ou seja, nem muito pobre, nem rico e que não chegava ser considerado de classe média. Era mais como uma quarta ou quinta classe, se considerasse a aristocracia.

O fato que mais atraiu Alec quanto a escolha da própria residência fora de essencial relevância, a localização próxima ao endereço da maioria des seus clientes que era formado em quase totalidade por trabalhadores das inúmeras fábricas, indústrias e casas comerciais existentes nas imediações. E o distanciamento estratégico do centro da metrópole, do barulho constante e da concentração de poluição.

Para alguém criado no campo e apesar de ter passado seus anos de formação acadêmica e um longo período sob a influência do clima citadino, o jovem médico era uma exceção a regra que previa que indivíduos semelhantes a ele fossem amantes dos prazeres e do clima trazido pela civilização. Não era o caso do obstinado doutor. Ele preferia a calma e a tranquilidade campestre. Tanto que encontrava-se fascinado por Kate e seu modo pacato de viver. Eles tinham muito em comum, definitivamente não lhes agradava o modo de vida e a convivência urbana.

Após pararem no local indicado por Alec, foram recepcionados por Eleonor e George, que ajudaram Sims a recolher todas as bagagens, carregar todas para dentro da casa e depois lhe ofereceram uma refeição quente, o que foi recebido com gratidão pelo rapaz afinal o frio fizera seus lábios racharem e sua pele ficar ressecada.

Depois de serem feitas as apresentações necessárias, todos adentraram a modesta casa de solteiro, mas que via de regra na grande parte das vezes comportava uma família de tamanho médio ou grande que eram os tipos mais frequentes na atualidade Londrina. Os casais em sua quase totalidade pensavam que quanto maior o número de filhos maior seria a ajuda na tarefa de sustentar a casa eles teriam.

Aliado ao pensamento arcaico de que era contra a vontade divina evitar a procriação da humanidade, o pouco conhecimento ou a total ausência de métodos contraceptivos tornavam a existência de um incontável número de crianças algo bastante costumeiro nas casas dessas famílias, independentemente das condições financeiras para criál-as, mantê-las e lhes prover a educação adequada.

A residência era propositalmente bem mobiliada na medida certa, sem exageros ou extravagâncias. Cada móvel ou objeto decorativo era pensado para o conforto e a unidade do morador, nada parecido com os casarões da classe média, dos chamados "novos ricos", pessoas que não possuíam título de nobreza e que adquiriram sua riqueza através do próprio trabalho com suas casas bem construídas porém sem luxos excessivos e desnecessários, característicos dos aristocratas.