Capítulo 6

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A manhã chegou rápido demais, sinto que nem dormi. Demorou para Luíse acreditar na história que contei. Devo ter ficado uma hora ou mais para convence-la.
Mas acho que consegui.

Tive a certeza absoluta de que estou afastando as únicas amigas que tenho, isso me fez sentir mal, mas agora são tantos segredos que não sei se elas iriam entender, nem eu entendia tudo que estava acontecendo.

Arrumei uma cesta e pedi um café da manhã bem reforçado a minhas damas, disse que iria fazer um piquenique.

-Ah, Cat! Como nos velhos tempos? -Tuaní perguntou com um sorriso enorme no rosto.

Me partiu o coração quando disse que não, seu sorriso se desfez e ela apenas abaixou a cabeça dizendo que iria providenciar. Luíse estava perto mas não se pronunciou, vi em seu olhar que também estava desapontada.

Me arrumei, peguei a cesta cheia e fui direto para a casa de bonecas.

-Seu Arnaldo?- Perguntei enquanto entrava na casa.

Ele respondeu falando algo incompreensível.

-O senhor dormiu bem? - Perguntei colocando a cesta sobre a cama onde ele ainda estava.

-Sim, alteza. Obrigado!

-Não precisa agradecer, trouxe para o senhor.- Passei a cesta para sua direção.

Ele comeu e pude ver um certa alegria em seu rosto, parecia que ele não comia a algum tempo.

-O que o senhor fazia nos muros naquela hora?

Ele parou de comer e me olhou pensando no que dizer. Ficou uns minutos em silêncio.

-Eu não conseguia dormir e o senhor? - Perguntei novamente tentando fazê-lo falar.

-É uma longa história, minha jovem. - Disse depois de um tempo quieto.

-Tenho tempo. - Insisti.

Ele deu um sorriso e olhou novamente para mim. -Não tem afazeres políticos para cuidar?

-E você tem perguntas a responder. - Falei olhando para ele que voltou a comer sem dar importância para o que disse.

Já estava sem criatividade para tentar convence-lo de me responder.

-Odeia meu pai, mas por que? O que fez pra ele? - Novamente insistia na resposta.

-Eu? -ele soltou uma gargalhada-A pergunta correta deveria ser o que ele fez a mim, não acha minha jovem? - contiuou me fazendo levar um susto.

"Ele não responde minhas perguntas e quando decide colaborar joga uma resposta dessa? O que ele está querendo?"Pensei

-Não consigo te entender. -Disse

-Seu pai tirou tudo de mim

-Não. Todos aqui vivem bem, do que está falando?

-Você já tem 16 anos? - Ele perguntou

-Não sabe? Houve uma grande festa. Todos esperaram isso, como não soube?

"Esse dia foi o mais aguardado em anos como ele não sabia disso?" Fiz a pergunta para mim mesmo esperando uma resposta de Arnaldo.

-Eu vivo um pouco longe. Já foi selecionado o noivo?

-Não. Por que tantas perguntas se você deveria estar respondendo as minhas?

-Tem coisas que você ainda não compreende. Um dia vai entender. -Ele disse olhando para a comida dentro da cesta prociramdo algo específico para comer.

-Não respondeu nenhuma de minhas perguntas. -Puxei a cesta fazendo ele olhar para mim.

-Tudo bem, me faça três que te responderei. E me devolva a cesta.

-Tudo bem. O que estava fazendo nos muros tão tarde?

-Procurava um meio de fugir.

-Fugir? - Arregalei os olhos -Pelos muros? Sabe que não tem nada além dos muros, né?

Ele riu e disse -Ia fugir.

-E achou um jeito?

-Sim.

-Por que fugiria?

-Já respondi essa. -Disse emtre as pausas das mastigadas

-Não respondeu.

-Se seu pai descobrir que estou aqui vai terminar de me matar.

Novamente senti aquele aperto no coração. Tive medo de fazer a próxima pergunta.

-Por que ele faria isso?

-Já fez as suas perguntas.

-O que? Não!

-Disse que era pra fazer três, se bobear respondi até mais.

-Mas ainda não tenho respostas.

-Vai ter em breve. - Novamente ele jogou essa frase.

Esse joguinho já estava me irritando.

-Olha, eu já estou cansada de ficar com perguntas na minha cabeça, você não tem noção do quanto estou abrindo mão para estar aqui, pra cuidar de você, pra te esconder e te alimentar. Será que por gratidão você poderia me responder? - Disse em um tom de voz mais alto.

Ele me olhou assustado, acho que não esperava que eu fosse agir dessa maneira, na verdade nem eu esperava agir assim.

Nunca me estressei com ninguém, nunca precisei.

-Bom. Vou te contar o que posso.-Ele se ajeitou na cama colocando a cesta em uma mesinha que tinha ao lado. -Eu fui casado com uma linda mulher, vivíamos muito bem e éramos felizes. Conheci seu pai quando ele tinha sua idade, era um bom amigo, quando a noiva foi selecionada ele mudou, parecia mais preocupado e criou um grupo para ele discutir sobre a política do reino, me chamou para fazer parte.

-Você faz parte da mesa? Nunca te vi antes da noite de ontem.

-Eu fiz parte. Logo no início do governo de seu pai as coisas não sairam como ele esperava, a mesa não concordou com as idéias dele e então fomos banidos. Mas com medo de que nos rebelassemos ele decidiu matar todos da mesa, quando chegou minha vez seu pai fez questão de ir junto, disse que eu tinha duas opções, ficava e morria como os demais ou fugia e nunca mais voltasse.

Meus olhos começaram a lacrimejar, sabia que meu pai tinha segredos, mas isso me assustava, sempre o vi como um rei bondoso. Não queria acreditar no que aquele homem falava mesmo parecendo sofrer em contar tudo aquilo.

-Eu fugi com minha esposa que estava grávida, tivemos o bebê na floresta do norte algumas semanas depois, tive que impovisar um lugar para elas passarem a noite, minha esposa estava fraca demais, senti que iria perde-la e fui atrás de seu pai pedir ajuda, aliás ele era meu amigo antes da coroa. Fui na esperança de que isso importasse, mas ele mandou os guardas matarem minha esposa e disse que esse seria o castigo por eu não ter aproveitado a oportunidade de fugir.

-E.. e o bebê? - eu perguntei com muita vontade de chorar só de imaginar meu pai fazendo tudo isso.

-Os guardas a pegaram, é a garantia que ele tem de que eu nunca mais iria voltar.

-Por isso tem medo dele.. -disse baixo entendendo quando ele ficou desesperado em ver o castelo.

Eu não conseguia entender o motivo que meu pai teria para tamanha crueldade, aquilo era surreal. Meu pai tem seis segredos mas não dá para acreditar que ele seria capaz disso. Olhei para Arnaldo que tinha seus olhos cheios de lágrimas que ele continha para não rolarem em seu rosto. Criei coragem para fazer mais uma pergunta.

-Aonde acha que sua filha está?

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Olá altezas! Perdão por não ter postado ontem, me enrolei toda. Mas cá está o capítulo devido e atrasado rs
Não esqueçam de interagir e votar, ainda temos muitas descobertas pela frente.
Enorme beijo e até semana que vem! ♡

Nova Era [Completo] -Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora