Capítulo 12 parte I

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Meu pai me proibiu de sair do quarto até o dia final da seleção, só teria acesso as minhas damas e mais ninguém. Foram os piores dias da minha vida, a dor que sentia da falta de Arnaldo estava me consumindo, relembrava aquela cena milhares de vezes e em muitas noites sonhava com ela. Era uma tortura sem fim.

Também me questionava sobre a fala de meu pai antes de... agir de tamanha brutalidade. Ele disse que Arnaldo estava vendo sua filha, mas nenhuma de minhas damas eram órfãs de pai, isso não fazia nenhum sentido, queria perguntar a ele, mas meu pai fez questão em não aparecer nessa jaula que se tornou meu quarto.

-Bom dia, Alteza!

-Bom dia, Tu!

-Tenho carta nova...-ela disse balançando a mão que segurava o envelope.

Era de Julian, desde que meu pai me tornou prisioneira no meu próprio quarto a única comunicação que tinha com os outros, além de minhas amigas, eram com cartas. Eu tinha recebido uma de Tilo e outra de Afonso assim que meu castigo foi instituído.

A de Afonso estava escrito "Vossa Alteza, peço desculpas por não ter conseguido mais tempo. Eu lamento pelo ocorrido."

Já a carta de Tilo parecia uma súplica por perdão "Alteza, eu tentei fazer algo quando notei que estávamos cercados, mas outros soldados me impediram. Por favor, me perdoa por não ter defendido como disse que faria."

De modo geral eu não estava chateada com nenhum deles, tenho certeza que fizeram o melhor que puderam.

-Não vai abrir?

-Nossa Luíse, quando você apareceu no quarto?-Disse espantada, realmente não tinha visto.

-Não percebeu, né?! -Ela disse rindo se abaixando ao lado de minha cama. - Estava pensando naquilo?

-Tem doído muito. -Disse

-Eu não posso imaginar. - Luíse colocou a mão sobre meu braço, era um toque de consolo.

-Cat, não pude agradecer o que fez por nós, mas obrigada por nos livrar do pior.

Ela se referia aquele dia, meu pai estava disposto a condena-las por traição, eu disse que elas estavam lá para me impedir e por algum motivo ele acreditou.

-Vocês fizeram muito mais por mim.

Nos abraçamos e eu me senti tão acolhida envolvida naqueles braços, elas tem sido muito importantes para mim, principalmente nesses dias.

-Tudo bem, chega de choros...-Tuani disse desfazendo o abraço e secando o rosto de possíveis lágrimas -Abra a carta!

Voltei a olhar para a carta e finalmente abri.

"Essas últimas semanas tem sido difíceis sem poder falar com você pessoalmente, saber notícias suas apenas por suas damas ou por cartas tem sido uma tortura, queria poder te ajudar de verdade. Já disse isso antes, mas estou orgulhoso de você. Tem se mostrado mais forte do que pensei. A seleção está chegando ao fim, não tenho medo de não ser o escolhido, poder te ver pela última vez e saber que em algum momento fui útil para você já é uma vitória. Sei que sempre fará a escolha certa, minha rainha!
Com amor, Julian."

Dei um sorriso ao ler, ele me fazia falta. Por mais que nos falassemos por cartas era diferente, eu queria sentir sua pele, seu toque, ouvir sua voz...

-Falta uma semana para o grande dia. -Tuani disse

-É, eu sei. -Respondi cabisbaixa -seria loucura se eu dissesse que estou com medo?

-Do que tem medo? -Luíse perguntou

-Do escolhido ser outro e não Julian.

Elas apenas me olharam, não tinha muito o que falar naquele momento, tudo estava incerto.

******
1 semana depois...

Chegou o dia,  o último dia da seleção, o dia da decisão... eu ia ver o castelo outra vez, ia ver outras pessoas, ia ver plantas, sentir o vento em meu rosto e o sol ou até mesmo a chuva, ah, que saudade eu estava de tudo isso.  Mas também veria meu pai outra vez, eu não o vejo a semanas e não sei se estou pronta para ficar no mesmo lugar que ele, sempre que ouvia o seu nome ou lembrava dele todo aquele sentimento retornava e era sempre pior, talvez seja cedo para encarar, ou talvez tarde demais.

Tuani e Luíse me arrumaram, eu estava em um vestido vermelho, me olhei no espelho do quarto por um instante, eu estava bonita, mas tinha algo que me fazia pensar... aquela tiara em minha cabeça me fez refletir, eu não a tenho para enfeite, sou a herdeira de CEM, não vou deixar injustiças como a de seu Arnaldo acontecerem, eu preciso fazer a diferença quando chegar minha vez.

Fomos até o salão principal do castelo, eu estava suando frio. Fui anunciada e todos olharam para o alto da escada, seus olhos se focaram em mim, fui levada ao dia do baile do meu aniversário, as coisas eram tão diferentes agora...

Já não tinha a esperança de antes, agora eu tinha que ser a esperança para um reinado justo de verdade. Já não via meus pais como os reis bondosos que todos falavam, eles se transformaram em farsas, aquela sociedade perfeita que CEM sempre foi já não era mais pra mim, eu conhecia verdades que me fizeram descrer em tudo que cresci acreditando.

Olhei para aquele salão cheio, todos estavam felizes, tinham tantos sorrisos que minha vontade era de sair correndo, eu não estava sentindo a mesma emoção que eles e muito menos o mesmo sentimento de alegria, tentei não olhar para meus pais que estavam em pé me esperando. A tradição diz que devo ir até meu pai e ele me daria o beijo na testa, sempre foi fácil para mim mas agora tudo que eu via nele tinha se transformado. Eu vi o pior lado dele e isso jamais seria apagado.

Enquanto me aproximava deles eu sentia meu coração bater mais forte, sentia que a qualquer momento sairia de meu peito, andei o mais devagar possível tentando retardar esse momento.

Já não tinha como enrolar, estavamos frente a frente, meu pai se aproximou para dar o beijo, o olhei com desgosto e me retirei deixando-o beijar o vento, fiquei em frente ao meu assento ao lado esquerdo do Rei que me olhou com fúria por minha atitude. Minha mãe não ficou de fora, me olhou assustada, aquela era uma atitude de desrespeito até porque ele é meu pai mas também é meu rei. Ignorei os olhares e permaneci olhando para o povo que ficou sem entender o que estava acontecendo.

-Povo de CEM, hoje é o último dia da seleção para alguns e o primeiro dia na vida monarca para um. -Meu pai começou o pronunciamento tentando abafar o ocorrido.

Foi o blá blá blá de sempre e depois de um tempo ele chegou ao ponto que eu estava esperando, chamou todos os finalistas, eram três houve uma eliminação enquanto estive confinada.

-Todos os jovens educadores que fizeram parte dos selecionados se demostraram capazes de chegar a final, mas esses três se provaram capazes. -Minha mãe deu continuidade.

Os três entraram e lá estava Julian, tão calmo como sempre. Ele olhou para mim assim que os selecionados se posicionaram frente aos assentos reais. Dei um sorriso e ele retribuiu.

-A prova final foi um projeto para CEM e embora todos tenham se empenhado e me apresentado ótimos projetos um foi o que se destacou, como todos sabem eu priorizo o bem estar do meu povo e esse jovem educador tem o mesmo pensamento, sei que levará a diante a minha visão de rei. -Cada palavra de meu pai me dava ânsia, como ele conseguia segurar a máscara?

Olhei em volta e vi minhas damas em um canto do salão, elas também já não tinham a alegria do restante do povo, pareciam estar cansadas de tanta hipocrisia que meu pai estava falando. Tentei segurar meu desgosto mas estava sufocando com as mentiras, então finalmente ele chegou ao ponto do pronunciamento que me deu cólicas de preocupação.

-O selecionado que hoje deixará de ser um jovem educador e se tornará o herdeiro do trono levando a frente o meu reino junto com minha filha, a princesa Caterine é....

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TAN TAN TAN TAN (finjam que é barulho de suspense rs)
Não esqueçam de dar a estrelinha e dizer o que estão achando.
Até semana que vem, altezas!!

Nova Era [Completo] -Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora