XXIV

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ali, parada na porta de entrada da casa que dava justamente na sala, pus-me a apreciar aquele robusto rosto, mesmo que por um momento insignificante

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ali, parada na porta de entrada da casa que dava justamente na sala, pus-me a apreciar aquele robusto rosto, mesmo que por um momento insignificante. as malas postas no chão - não por cuidado de colocá-las lá, mas sim pela necessidade do momento de jogá-las de qualquer jeito num canto - deu um ar de desespero e ânsia por um contato físico entre nós. e foi justamente naquele momento, cujo tempo parecia parar, que pude notar cada detalhe do seu rosto que me fitava imóvel.

não se tratava de um momento entre todos os outros: tudo ali se poetizava a maneira severa daquele ser. sim, poesia. notei-me que havia poesia naqueles olhos marejados que nunca me fitara antes. poesia são aqueles lábios trêmulos, úmidos, a me convidar em silêncio para delícias terrenas nunca antes provadas por ninguém. a respiração, lenta e descompassada, do bruto homem de porte fixo me transmitia a serenidade e tranquilidade que nunca antes me pegara. envolta do feitiço lançado não conseguia pensar em mais nada.

e a poesia ia se transformando na melodia que me punha para fora da lógica moral, negando-se a abafar, me assanhando um ar de desejo que se repelia no mais maçante esforço do raciocínio que restara.

e a poesia ia se transformando na melodia que me punha para fora da lógica moral, negando-se a abafar, me assanhando um ar de desejo que se repelia no mais maçante esforço do raciocínio que restara

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