CAPÍTULO 7 | CONFISSÕES

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Júlia

Alguém senta ao meu lado, mas minhas vistas estão turvas e com a escuridão da noite não identifico quem seja. Passo a mão no rosto para ver melhor e levo um susto, Rafael está sentado do meu lado, me encarando.

O que ele veio fazer aqui? Ele deveria estar comemorando com a noiva e sua família pelo filho que vai ter em breve. Acho q pela minha cara de dúvidas ele percebe que estou estranhando ele estar aqui agora, por isso ele diz:

– Precisava falar com você – Ele diz nervoso.

– Como sabia que eu estava aqui? – Pergunto sem conter a curiosidade.

– Eu te conheço melhor que qualquer pessoa Júlia, ainda me lembro do quanto você adorava vir no mar – Ele tem razão, eu sempre amei vir no mar e ficar encarando as ondas e pensando na vida e ele conhece meus segredos mais íntimos, quer dizer, menos um.

– É verdade – Rio sem humor.

– Preciso te perguntar algo, mas quero a verdade.

– Porque eu sai correndo de lá? – Pergunto tentando deduzir o obvio.

– Mais ou menos isso, mas já imagino o porquê, então a pergunta que eu te fizer a resposta for sim, eu já vou saber o porquê você saiu de lá desse jeito – Meu coração está batendo rapidamente, ele não pode me perguntar se ainda amo ele, porque não vou conseguir mentir. Ele continua:

– Escutei uma conversa da sua mãe com seu pai sem querer depois que você saiu – Olho pra ele incrédula, minha mãe não contaria para o meu pai né?

– O que ouviu?

– Você realmente estava grávida quando foi pro Canada ou engravidou lá? – O que? Ele acha que eu engravidei de outro homem lá? Meu Deus, olho pra frente incrédula, sem saber como responder a isso.

– Júlia, eu preciso saber, por favor.

– Acha mesmo que eu engravidaria de outro assim que chegasse lá? – Rio sem humor e olho em direção a ele.

– Eu estava destruída quando cheguei lá, acha mesmo que eu tinha condições de ficar com outra pessoa e me entregar para ele no estado que eu estava?

– Eu não sei, não sei o que pensar Júlia, você foi embora triste, com raiva, sem querer me escutar, então eu realmente não sei nada do que aconteceu com você lá, e muito menos como perdeu um bebê, quer dizer, o nosso filho né? Como pode esconder de mim que estava grávida?

– Eu não sabia tá legal? – Falo já alterada – Eu descobri quando estava com quatro meses de gravidez, quando a minha menstruação parou e os enjoos começaram a ficar mais frequente – Dou uma pausa para respirar e ele absorver tudo o que vou falar agora, não era assim que eu pretendia contar um dia a ele, mas agora que ele já sabe eu preciso explicar como as coisas realmente aconteceram.

– Eu não contei pra ninguém, e eu não pretendia esconder de você, nem da minha família, a minha intenção era terminar o semestre e voltar pra casa, ter meu bebê no Brasil e te contar pessoalmente, eu ia voltar com seis meses de gestação – Falo e sinto o nó na minha garganta, dói tanto. Ele fica me fitando com lágrimas nos olhos.

– Mas ai aconteceu um acidente – Não consigo mais conter minhas lágrimas, e ele automaticamente segura a minha mão, me dando conforto para continuar.

– Eu estava indo para a faculdade, quando um caminhão ultrapassou o sinal vermelho e bateu bem na lateral do meu carro onde eu estava dirigindo. Lembro-me como se fosse hoje, lembro-me do barulho, da dor, do sangue, e eu não tinha nem completado cinco meses ainda – Eu começo a chorar desesperada, ele me abraça e me sinto em casa nos seus braços, mas ai me lembro de que ele tem uma noiva e um filho a caminho, um filho que não é o meu, então me afasto dele.

Meu Vizinho - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora