CAPÍTULO 20 | SEQUESTRO

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Júlia

Frio, é tudo o que sinto no chão gelado desse galpão abandonado, olho para os lados e não vejo aquele monstro que bateu em uma mulher gravida e depois a amarrou num poste e a largou para morrer de frio, fome e sede nesse chão imundo. Não sei quantas horas faz que estou aqui, minha cabeça está latejando e vejo minhas roupas sujas de sangue, sei que foi da coronhada que levei. Levo um susto quando escuto uma porta abrir e fechar e logo vejo aquele sujeito asqueroso na minha frente.

– Como a madame está com a hospedagem? É confortável?

– Porque está fazendo isso Mark? – Pergunto chorosa.

Ele caminha até mim e se abaixa, pega meus cabelos e puxa com tudo pra trás me causando uma dor enorme, em seguida escuto ele falar: – Você não quis me entregar pro papaizinho? Então aguenta as consequências vadia – Ele fala e solta o meu cabelo e me da um tapa forte no meu rosto. As lágrimas escorrem pelo meu rosto e fico com medo de ele fazer mal pro meus filhos. Ele segura meu queixo com força e me faz olhar pra ele.

– Eu avisei que eu iria me vingar, sua família não acreditou não é mesmo? Mas aqui estou eu, com a filhinha do David e a futura Sra. Carter, quero ver a cara deles quando encontrarem seu corpo nu em uma mata – Ele fala e sorri de um jeito apavorante, meu Deus me ajuda, não deixa esse homem tocar em mim ou nos meus filhos, por favor.

– Hummm...depois de engravidar você ficou mais gostosa ainda sabia? Esses peitões – Ele diz alisando meu seio por cima da camisa que eu usava e eu não consigo mais conter minhas lágrimas, até que eu escuto um celular tocar e ele para e se afasta.

– Eu já volto para brincarmos um pouquinho princesa, não se preocupe – Ele atende o celular, enquanto eu tento achar uma maneira de sair daqui.

– Porra, o que você quer Samanta? Agora que eu ia começar a me divertir você liga para atrapalhar – Quando eu escuto esse nome meu corpo gela, deve ser uma coincidência.

– Estou indo vadia...no mesmo lugar de sempre...ok, nos encontramos – Ele desliga a ligação e se vira pra mim – Eu sei que estávamos nos divertindo amor, mas preciso ir buscar a dona do crime todo, isso ai, eu não roubei a empresa sozinho e com certeza depois que você morrer o Rafael não ficará sozinho, a Samanta estará lá para consola-lo não se preocupe, ela está de volta e com certeza não foi pra brincar igual fez no colégio.

– Porque você está ajudando ela? – Não seguro a minha língua.

– História longa gatinha, quem sabe mais tarde eu te conte, depois de fodermos bastante e você estiver exausta, ai sim eu te conto.

Com isso ele vira as costas e sai do galpão, não sei o que fazer, preciso sair daqui, se esse homem chega a voltar eu sei que não vamos conversar ou ele só vai me deixar morrer, ele vai querer que eu sofra bastante antes disso tudo acontecer. Começo a pensar nos meus filhos e eu preciso sair daqui por eles, pelo Rafael e para botar a doente da Samanta atrás das grades de vez.

***

Rafael

O carro do Mark ficou parado uns dez minutos na praia de Copacabana e depois voltou a andar, droga, não sabemos se ele pode ter deixado a Júlia na praia, mas também não podemos arriscar em perder ele de vista, já que pelo rastreamento está chegando perto dele. Uma das viaturas que estavam nos acompanhando ficou na praia para ver o que encontram lá e qualquer coisa nos avisam pelo rádio.

– Ele está seguindo para um local mais isolado, pode ser que ele deixou a Júlia no cativeiro e foi resolver algum problema na praia – Enzo diz enquanto dirige e em seguida o radio toca.

– Chefe, a praia está limpa, nenhum sinal da refém.

– Ok, sigam o rastreio do carro e nos encontrem, vamos invadir quando chegarmos ao local e quero reforço caso precise.

– Certo, estamos a caminho.

Quando vimos que ele para o carro o Enzo faz o mesmo com o dele, liga para a emergência e pede uma ambulância para o local onde estamos e depois faz sinal para fazermos silencio e ir andando a partir dali, era uma estrada estreita e não haviam casas por perto, apenas arvores e mais arvores, seguimos até ver o carro preto que sequestrou a Júlia parado em frente a um galpão que parecia abandonado.

Enzo foi à frente e abriu a porta facilmente sem fazer barulho, percebemos vozes vindo do porão em baixo e descemos devagar, ele se virou pra mim e tirou uma arma do seu coldre, me entregou e disse o mais baixo possível: – Use-a se precisar, eu dou um jeito de limpar o seu nome depois.

Concordo com a cabeça e descemos até uma parte onde eu conseguia ver nitidamente o Mark e a Júlia amarrada no chão chorando muito, seu rosto estava arroxeado e tinha sangue por toda a sua roupa, minha vontade era de levantar e sair atirando naquele desgraçado e salvar a minha mulher, mas o Enzo me conteve assim que percebeu o que eu iria fazer. Foi ai que eu vi uma mulher loira ao lado do Mark e tudo o que eu conseguia ver era vermelho, eu iria matar a Samanta com as minhas próprias mãos, disso ninguém poderia duvidar.

Vejo quando o Enzo ergue a mão e começa a contar, um, dois, três e nesse momento saímos de trás das paredes que nos escondia até aquele momento e miramos para a Samanta e Mark ao mesmo tempo, como só o Mark estava armado ele mirou para a Júlia e antes que eu pudesse reagir o Enzo atirou em seu braço fazendo ele deixar a arma cair, quando a Samanta foi correr para pegar a arma o Enzo grita:

– Se der mais um passo e vou atirar em você também, e como percebeu sou bom de mira.

Escutamos os barulhos de sirenes da ambulância e da outra viatura chegando, enfim esse inferno vai acabar, Enzo da uns passos em direção a Samanta e a rende ali mesmo e com isso corro em direção a minha mulher. Ela está muito machucada e chorando.

– Amor – Ela me olha com tristeza e ao mesmo tempo com alivio – Acabou, acabou – Digo desamarrando seus pés e suas mãos, quando termino ela me envolve com os braços e chora grudada no meu corpo e eu não resisto e choro junto com ela. Obrigada meu Deus por deixar-me recuperar a minha mulher e meus filhos, juro que vou protegê-los para sempre.

– Shiiiu amor, pronto, acabou – Eu digo alisando seus cabelos enquanto ela chora baixinho. Percebo que os outros policiais entram no galpão e levam a Samanta e o Mark algemados. Passo os braços por baixo da Júlia e a pego no colo, ela precisa urgente de um hospital e precisamos saber se nossos filhos estão bem também.

Já na ambulância eu ligo para o David que chora emocionado em saber que a filha está viva e escuto a comemoração no fundo também, peço para eles nos encontrarem no hospital e informo que a Júlia está machucada e precisa de cuidados médicos, todos concordam e eu só preço nesse momento pros meus filhos também saírem firmes dessa, sei que eles são guerreiros e vão conseguir.

Meu Vizinho - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora