CAPÍTULO 9 | MAIS DIFÍCIL DO QUE IMAGINEI

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Júlia

Acordo cedo e vou para o banheiro fazer minha higiene, coloco um vestido branco, um sapato preto e uma maquiagem para o dia a dia, após tomo um café caprichado, pois sei que meu dia vai ser longo.

Não consigo tirar o sorriso idiota do meu rosto ao lembrar da noite de ontem, que começou tão errada mas que terminou tão bem, espero que ele realmente esteja falando a verdade e termine com ela, se não ele vai detonar o restinho do meu coração.

Após o café, escovo meus dentes, pego minha bolsa e a chave do carro e desço, agora é esperar para ver o que vai dar no dia de hoje.

***

Hoje a manhã foi cansativa, e para ajudar não vi o Rafael em nenhum momento, porque ele está fazendo isso? Será que se arrependeu de ontem? Meu coração no peito se aperta, escuto meu telefone tocar e atendo no primeiro toque.

– Alô.

– Srta. Smith, o Sr. Smith está aqui para lhe ver – Droga, não queria enfrentar meu pai agora, ele vai me perguntar sobre o bebê, e realmente não gostaria de fala disso aqui, mas como vou negar a entrada dele? Impossível.

– Claro, peça a ele para entrar – Desligo a chamada e aguardo meu pai entrar.

Escuto a porta abrir e fechar e levanto meus olhos lá está ele vestido de terno todo impecável como sempre, levanto da cadeira e vou e lhe dou um abraço apertado.

– Oi minha menina, como está?

– Oi papai, estou bem e o senhor? E o que o senhor está fazendo aqui hoje? Pensei que iria pra Inglaterra – Fiz cara de confusa.

– Estou bem também, e não, negócios podem esperar, mas a família não, e a minha vem em primeiro lugar, sua mãe estava muito preocupada ontem e eu não deixaria de ver você hoje por nada do mundo. Vem senta aqui comigo – Ele diz me puxando para sentar no sofá que tem na minha sala.

– Pai, eu estou bem, vocês não precisam se preocupar tanto sabia? – Falo tentando melhorar o clima tenso.

– Minha pequena, eu quase te perdi uma vez sabia? Eu perdi um neto e não poder conversar com a minha filha sobre o que ela sente sobre isso me machuca, porque não sei como te ajudar a superar essa perda – Ele diz triste e uma lágrima solitária escorre pela minha bochecha, e corro a mão para enxuga-la.

– Eu sei pai, me desculpa não ter contado antes, é que foi tão difícil descobri que estava grávida aos dezenove anos, solteira, longe de casa, e depois de eu me acostumar com a ideia eu perder aquilo que tanto me fazia bem – Tomo fôlego e continuo.

– Sei que não fui justa com você porque tinha o direito de saber, assim como todos os outros, mas ai todos iam me querer de volta aqui, e iam ficar perguntando o tempo todo como eu estava e eu não estava preparada para isso, eu queria ficar sozinha e superar meu luto sem ninguém perguntando o tempo todo se eu estava bem, foi injusto e egoísta eu sei, mas naquele momento foi minha decisão e não posso mais voltar atrás e mudar isso – Nesse momento as lágrimas já banham meu rosto.

– Eu sei minha pequena, mas eu e sua mãe estamos aqui por você e não quero que enfrente essas coisas sozinha, a dor é maior de suportar quando se está sozinha e você sabe que pode contar com sua família para tudo – Ele faz uma pausa e continua.

– Sabe que você deveria contar para o Rafael né? Mesmo que...tenha perdido o bebê, mas ele precisa saber – Meu pai diz cauteloso.

– Ele já sabe pai, contei ontem para ele.

– Ontem? – Ele estranha.

– Sim, ele me procurou depois que sai em desespero da casa de vocês, e me desculpe por sair daquele jeito, eu realmente não queria, mas foi muito difícil pra mim, em ver ela dar a ele o que eu não pude, é mais egoísta ainda pensar assim, mas eu ainda não o esqueci e ontem só fez piorar toda a situação.

Meu Vizinho - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora