O aniversário da Tia Maria

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- Ei, você vem né. - Henrique me perguntava ao telefone pela milésima vez.

Ele e o irmão iriam dar um jantar pra mãe e queriam que eu fosse. Eu não estava na cidade e o tal jantar cairia justo nos meus dias de folga

- Eu vou Henrique. Não sei preocupa tá bom. - Eu respondi mais uma vez apesar de saber que ele insistia nisso porque não tava acreditando em mim. Era só o que me faltava mesmo

- Tá bom então. Agora eu acredito. Vou esperar viu. Você que sabe se não aparecer. Beijos

Henrique vivia pegando no meu pé por tudo agora. Aliás ele sempre foi assim, mas ultimamente tava pior. Tudo isso por causa da sua namorada ou sei lá o que ela é pra ele. Eu tentei me afastar dele quando ela apareceu mas foi em vão. Henrique veio atrás, insistiu tanto em me ter por perto que acabamos tendo várias recaídas por causa disso. Eu sei que é errado, mas eu amo aquele idiota. Não mando no meu coração.

Enquanto eu estava totalmente alheia a tudo que acontecia no camarim, Henrique Bahia veio me chamar.

- Ei! Acorda bela adormecida!

- Ah, oi Henrique. Eu estava...

- Pensando no Henrique né. Já sei. Vocês dois precisam se acertar de uma vez. Ôh palhaçada essa de fingirem que tá tudo bem. Henrique é um idiota por não te dar valor. Sério.

- Pronto. Arrumei um advogado afetivo agora. Onde já se viu. - Falei irritada

- Não é isso Marília. Vocês dois já são adultos. Já passaram por tanta coisa e continuam nessa de amizade colorida. Assumam logo isso e pronto!

- Se tudo fosse fácil assim...

- Que nada. Vocês que dificultam as coisas. Nunca vi.

Não falei mais nada. Nem queria. Alguns minutos depois me chamaram pra subir ao palco. Como era bom ver o público ali cantando minhas músicas, vibrando comigo. Isso sempre me renovava, mesmo quando eu estava muito cansada por conta da rotina de shows.

- E aí. Você vai né? Não vai fazer desfeita com a sua sogrinha. - Bahia me perguntou assim que entrei no camarim após o show.

- Eu vou Henrique. E ela não é minha sogra. Pára com isso. Vou porque a considero como uma segunda mãe. - Respondi séria

- Tá bom. Não precisa ficar brava não. Você anda tão pilhada por causa desse encontro com a família Tavares. Um Tavares especificamente né.

- Já chega Henrique. Que saco! Eu lá quero saber do Henrique. Você mais do que ninguém sabe que tenho evitado ele. Só vou a esse jantar por causa da tia Maria e olhe lá.

- Evitado é? Sei. Toda vez que vocês se encontram sai faísca. Não adianta fugir disso Marília. Você sabe muito bem que pode acontecer tudo com vocês, mas no final sempre vão parar no mesmo lugar. Vocês pertencem um ao outro. Só falta aceitarem isso. Não vou falar mais nada porque é capaz de eu apanhar. Tô saindo tá. Beijos e se cuida lá. - Henrique me deu um beijo na testa e saiu.

Fiquei pensando no que Bahia disse quando estava a caminho da fazenda. Tanta coisa já aconteceu entre eu e Henrique. Pior que não tinha jeito mesmo. Sempre acabávamos juntos. Mas nesses dias eu ia fazer de tudo pra evitar alguma aproximação nossa. Bom, eu ia tentar.

Assim que chegamos na fazenda encontrei todos reunidos na varanda. Dona Maria foi a primeira a vir até mim pra dar um abraço.

- Que saudade que eu tava de você menina. Parece que me esqueceu. Fiquei até com medo de você não vir. - Ela dizia me abraçando apertado. Isso fez meus olhos encherem de água

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