Mudanças

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Já haviam se passado dias sem que eu e o Henrique nos falássemos. Eu disse que iria dar um tempo pra ele, mas o problema eram nossas constantes discussões por conta do ciúme dele. Eu estava triste e magoada com suas palavras usadas contra mim. Henrique sempre pegou pesado nesse quesito, mas dessa vez ele conseguiu me ofender pra valer. O orgulho era tanto que um não procurou mais o outro. Eu estava na minha chácara e ele lá na fazenda dele. Cada um no seu canto. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Filha. O que você tem? - Minha mãe perguntava enquanto se sentava ao meu lado na cadeira próxima a piscina ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Nada mãezinha. Eu tô bem. - Respondi sem olhar pra ela. Ainda bem que eu usava óculos escuros daqueles bem grande que dava pra esconder o rosto ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Marília. Eu te conheço como a palma da minha mão. O que foi que aconteceu? - Ela tornou a perguntar ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Quero colo mãezinha. Tô com saudade disso. - Me encostei em suas pernas e ela prontamente passou a mão em meus cabelos ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Eu te conheço tão bem que já até sei o nome dessa tristeza aí. Oh minha filha. Por que tanto orgulho besta? Vocês só se machucam mais. Já sabem que não conseguem viver longe um do outro, pra que se torturam assim hein!? - Eu nem respondi apenas deixei as lágrimas caírem ali. Eu estava mesmo triste, sentia falta do Henrique. Mas ele merecia uma punição pelo que me fez. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
E olha o destino me pregando peças. Meu celular começou a tocar. Foi transmissão de pensamento eu não sei. Ou era a bendita conexão que tínhamos que era forte demais. Henrique estava me ligando. Mostrei o celular pra minha mãe e ela assentiu sussurrando que eu precisava falar com ele. Ela se levantou e me deixou ali. Quando já estava quase caindo a ligação resolvi atender. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Alô. - Eu estava com a voz pesada por conta do choro ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Oi. Como cê tá? - Ele disse sem jeito. Toda vez era assim. A gente brigava e depois ele vinha atrás. Ele sabia que a culpa nunca era minha ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
- Tô bem. - Respondi baixinho pois sabia que ele ia perceber pela voz que eu não tava bem

- Você tava chorando? - Perguntou apreensivo e eu apenas disse que não era nada. Mas pro Henrique nunca é nada. Eu não choro sem motivo e ele sabe disso

- Então. Eu tô em Goiânia.... - Ele começou a dizer e eu já sabia o que ele ia pedir. Minha cabeça já dizia que não, mas o coração era traiçoeiro, parecia que mandava em todo o meu corpo.

- Pode vir Henrique. - Nem deixei ele falar.

- Então tá. Daqui a pouco tô aí tá bom. Beijos - Desligou e eu fiquei segurando o celular contra o peito

Deitei novamente na espreguiçadeira e ali fiquei por um bom tempo. Acabei cochilando...

Senti algo tocar de leve meu rosto e depois meu cabelo. Esse toque era muito familiar. Depois senti algo quente e um pouco molhado em meus lábios

- Acorda meu amor... - Ouvi essa voz que eu conhecia muito bem e fui abrindo os olhos devagar. E lá estava ele com aquela cara de menino inocente.

- Oi. - Ele disse sem jeito. - Desculpa pelo beijo, não resisti. - Disse coçando a cabeça

- Oi Henrique. Tudo bem? - O olhei séria

- Tudo bem. Eu trouxe isso pra você. - Ele me entregou uma rosa com uma caixa de bombons. E neles estava escrito "perdoa eu". Não resisti e abri um largo sorriso o encarando - É sério isso? Assim eu não aguento né.

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