Então, essa é minha primeira fic publicada aqui. Não sei exatamente o que deve rolar, se vou continuar, tudo vai depender do que acharem. Enfim, não vou falar demais, boa leitura.
-PJ
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Lauren Jauregui's POV
Dormir sempre foi algo relativamente agradável para mim, pelo menos antes de tudo acontecer. Enquanto estamos envolvidos nos transe que o sono proporciona, podemos sem esforço fugir da realidade, por pior que ela seja. Mas você sempre tem que acordar.
Não sei por qual motivo ainda não me acostumei com essa sensação. Poderia jurar que fui atropelada por um caminhão ou algo do tipo noite passada se não soubesse exatamente o porquê de meu corpo inteiro doer. Mesmo antes de abrir os olhos, já podia imaginar que não estava em casa. Foi então que finalmente comecei a sentir a ardência em boa parte de meus músculos. Um suspiro de dor escapa de meus lábios e aos poucos, abro os olhos. "Onde vim parar dessa vez...?". Passo os olhos pelo local enquanto me sento sobre o chão frio e úmido. Parecia ser um galpão abandonado ou coisa do tipo. Sabia que já era dia, já que podia ouvir pássaros cantando do lado de fora. Levando uma das mãos à cabeça, afasto os fios de cabelo úmidos de meu campo de visão, tentando enxergar melhor e acabo por perceber o sangue que agora já estava praticamente seco entre meus dedos e minhas roupas.- Droga... Lá se vai meu Dolce & Gabbana.- Praguejo ao ver o estrago que fizera nas peças na noite anterior. Me levanto com alguma dificuldade e um gemido de dor escapa de minha garganta, fazendo com que me curvasse um pouco para frente, apoiando-me em uma das paredes extremamente descascadas do lugar. Assim que consegui me recompor, apalpei os bolsos da calça procurando meu celular. 11:43.
- Pelo menos espero que eu tenha dormido mais de duas horas essa noite... - Falo em tom sarcástico e começo a me encaminhar para fora do galpão. Desde que consigo me lembrar sempre fui uma garota um tanto problemática. Fui diagnosticada psicopata aos dez anos depois do episódio com o gato do vizinho. Até hoje não acho que foi lá grande coisa, mas para meus pais adotivos foi a gota d'água par que me arrastassem a um psiquiatra, o que foi extremamente inesperado, já que... Bom, não importa. O diagnóstico parecia errado para mim. Na época eu não sabia explicar, mas hoje sei exatamente do que se tratava. Eu na verdade nunca fui psicopata. Não consigo me lembrar do momento exato em que começou ou o que provocou. Na verdade acredito que sempre esteve lá, eu só tive que permitir que se mostrasse. Desde então convivo com uma parte de mim que não controlo, bom, em partes, mas não tenho certeza de até que ponto. É como estar sob o efeito de uma droga forte, com a diferença de que às vezes se manifesta sem meu consentimento e, nessas horas, não vejo e não tenho controle sobre absolutamente nada, nem se eu quiser. Chamo esses momentos de apagões. Exatamente o que acontecera noite passada e a julgar pela quantidade de sangue em minhas roupas, diria que foi um dos bem movimentados.
- Verônica, aconteceu de novo. - Falo tentando segurar o celular com o ombro para ajeitar a manga da camisa social enquanto caminho em passos pesados, começando a me estressar com tudo aquilo, até um posto de gasolina, também aparentemente abandonado há anos.
- Caralho Lauren, isso tá ficando sério... - Seu tom era sério, mas se tratando dela, sabia que com certeza faria piada da situação. Vero é minha melhor amiga desde os cinco anos. Na verdade ela é minha única amiga. E é claro que ela sabe de tudo, seria impossível esconder depois de tanto tempo, mas incrivelmente ela acreditou em mim e não se afastou depois que soube, não sei exatamente o porquê, já que tinha razões de sobra para isso. - Acho melhor você começar a bancar minha gasolina ou então controlar a "Lilith", caso contrário eu vou acabar falindo. - Acabo por rir do jeito que ela falava do meu lado demoníaco.
- Olha, só vem me buscar ok? Não posso deixar que meus empregados me vejam assim ou vão surtar. - Digamos que minha vida financeira não é exatamente das mais difíceis. Depois dos dezenove decidi que não levaria a vida medíocre a que todos me condenavam. Nunca tive dificuldade de passar por cima de outros para conseguir o que queria. Na minha opinião, trata-se de um jogo de estratégia e inteligência. E sangue frio é claro. Foi assim que consegui minha graduação em Stanford e reergui a empresa de produção de armas praticamente condenada à falência do meu padrasto, a colocando no posto de uma das que mais movimentam o capital privado dos Estados Unidos. Não fiz isso por ele, mas sim pelo fato de que via nela uma forma de ganhar dinheiro. E obviamente aquele idiota nem se quer trabalha para mim. - Vou te mandar a localização. Não creio que seja longe da cidade, considerando que... Inferno! - Praguejo pela segunda vez no dia ao ver um carro vindo em direção ao posto. Rapidamente entro na loja de conveniências pela porta lateral, que para minha sorte estava destrancada.
- Lauren?! O que fo- - A voz de minha amiga foi interrompida assim que desliguei a chamada a fim de não atrair atenção. De trás do balcão da pequena loja, pude ouvir o carro parando e algumas risadas e vozes exaltadas. Uma música alta saía das caixas de som do veículo. Só então notei que um deles se aproximava de onde eu me encontrava. Me movimentei com cuidado, ficando de joelhos, de modo que fosse capaz de olhar a porta da loja por um pequeno buraco na madeira do móvel. Ele, ou melhor, ela parecia não estar interessada no que os outros faziam, de modo que se pôs a tentar observar através do vidro extremamente empoeirado, o interior do lugar. Pela sombra projetada pelo sol na poeira, pude perceber que se tratava de uma garota. Meu receio era que ela decidisse entrar, mas ela não o fez, apenas deslizando o pulso pelo vidro a fim de conseguir ver alguma coisa, me dando então a visão clara de seus olhos. Não podia os ver com total nitidez, mas o suficiente para que algo naquele par de olhos castanhos me chamasse a atenção. Eram lindos, sem dúvida, mas não foi exatamente a beleza que carregavam que me prendeu. Na verdade não sabia dizer o que o fizera.
- Aí, se liga! - Pude ouvir uma voz masculina falando em tom exaltado.
- Isso é sangue?! - Ouvi uma outra voz, agora feminina falar da mesma maneira. Por um momento senti verdadeiro medo que acabassem descobrindo algum corpo que eu pudesse ter deixado no lugar. Como não tinha consciência de nada da noite anterior, era uma possibilidade a ser considerada. - Camila vem ver isso! - Pude ver a mulher se virar de forma abrupta e sua silhueta desaparecer. Minha respiração estava descompassada. Apertei os olhos tentando pensar em algo que pudesse os fazer ir embora. Estava prestes a sair de onde estava quando ouvi uma voz que até então não havia escutado.
- Acho melhor a gente ir embora... Se isso é sangue, mais um motivo pra gente não ficar. - A voz feminina falava em tom de seriedade e podia jurar que percebi também um pouco de apreensão.
- O que foi? Tá com medinho, Camila? - Um dos rapazes provocou, soltando uma risada no final da frase.
- E você não?! - Agora a garota que julgava se chamar Camila parecia realmente nervosa. - Pensando bem, você deve ser muito idiota pra ter medo. Se tivesse o mínimo de consciência, já teríamos ido embora. Olha pra isso! Parece que alguma coisa foi estraçalhada aqui! Dinah, vamos embora. - Ouvi alguns passos e o barulho das portas do carro fechando. Não demorou e ouvi mais barulhos de porta e em seguida o motor do carro, sinalizando que havia deixado o posto. Respirei fundo em alívio e deixei o corpo deslizar sobre uma das paredes da loja, acabando sentada no chão do lugar.