Lauren Jauregui's POV
Desde que encontrara Camila naquela noite, não conseguia pensar em outra coisa senão o que havia causado tudo aquilo. Hipóteses exageradas e outras nem tanto ocupavam minha mente boa parte do tempo. O restante, ainda me questionava como estava me envolvendo com aquela mulher. Jamais deixara que ninguém tomasse meus pensamentos dessa forma antes. E o jeito como eu não pude evitar abraçá-la quando a vi chorar... Me lembro de estar razoavelmente indiferente até esse momento. Depois disso, eu realmente comecei a me... Importar? Não. Porque diabos eu me importo com ela? Eu mal a conheço, é ridículo. Isso tudo está saindo do meu controle, e eu odeio quando as coisas saem do meu controle. Mas ao mesmo tempo que pensava em me desvencilhar de vez de Camila, algo me prendia a ela. Eu ainda queria estar com ela, mesmo sabendo que me fazia perder o controle. Convencida que esse algo era apenas curiosidade, tentei ocupar meu tempo com trabalho, afinal era o que não faltava. Mas o que era pra ser algo mais relaxante, acabou por me deixar ainda mais nervosa. Passei boa parte da manhã sentada na minha mesa relendo os papéis que Verônica havia conseguido e que já haviam sido lidos durante a noite passada, mas queria extrair o maximo que pudesse daqueles arquivos. Se travam de informações sobre o fluxo de armamentos no mercado clandestino. Aquilo estava atrapalhando meus negócios. Obviamente eu tinha um trato com a máfia local, de modo que ambos fazíamos nossas transações sem interferir na clientela um do outro. Mas alguém estava quebrando o acordo, e não era eu. Cada linha que lia, me fazia ter mais raiva. Como eu pude não ter percebido antes toda essa palhaçada logo debaixo do meu nariz? Estavam recebendo conteiners no porto da cidade, sem nem mesmo se preocuparem em esconder quaisquer evidências. Mas eu já havia tomado providências horas atrás. De súbito, percebi meu celular vibrar sobre a mesa de madeira. O capturei e li a notificação. "Conseguimos. Ele está no galpão da praia." Sorri maliciosamente e olhei meu relógio de pulso para saber quanto tempo ainda me restava. 12:07. Dá tempo. Liguei diretamente para Verônica, que trabalhava alguns andares abaixo, enquanto me preparava para sair.
- Verônica, me encontre na porta da empresa, vamos sair. - Falei em tom firme e sério, o que acabou por alarmar a mulher.
- Opa, Lauren... Calma! Onde vamos com toda essa pressa? Isso tá me cheirando alguma loucura sua. Olha, se for sobre os arquivos que te dei, você pode parar de... - A interrompi violentamente.
- Anda logo Verônica. Não tenho tempo pra gracinhas hoje. Ou desce, ou está despedida. - Falei num tom que mais parecia um rugido raivoso que qualquer outra coisa. Vero nada disse, apenas encerrou a chamada e eu entendi o gesto como um "ok". Saí da sala andando apressada, afinal deveria estar livre antes das três para o encontro com Camila. Inferno! Nem com tudo isso acontecendo, eu conseguia parar de pensar nela. O elevador me deixara no andar da garagem como de costume, de modo que não demorou nada para que já estivesse arrancando da garagem, fazendo o motor roncar alto. Parei o carro na entrada do prédio e lá estava Verônica, que rapidamente adentrou o veículo.
- Posso pelo menos saber onde vamos? - Ela me pergunta enquanto eu dirigia em direção ao outro lado da cidade.
- Você verá. - Falei sem tirar os olhos do trânsito.
[...]
Depois de alguns minutos, já estacionava o Jaguar na frente de um galpão desativado perto da praia. A brisa marinha foi de encontro a mim assim que saí do veículo, acompanhada de Vero, que olhava em volta um tanto desconfiada.
- Espera, não era aqui que... - Ela se virou subitamente para mim, franzindo o cenho. - Lauren, você disse que tinha parado com isso, sabe o risco que corremos?!
- Não existe risco Verônica. Não faço as coisas de maneira precipitada. Sei exatamente o que estou fazendo. - Comecei a andar em direção às portas da enorme construção, seguida de minha amiga.