Bicolor

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"Essas feridas não vão cicatrizar
Essa dor é muito real."

É possível amar alguém dessa forma? É possível amar alguém ao ponto da pessoa te encher de força como se fosse um carregador conectado a algo eletrônico? Eu me sinto assim, sendo recarregada enquanto ele me olha com doçura e me promete ser a minha força. Jimin é especial, único, um anjo que milagrosamente eu criei.

── Eu vou tentar. ── sussurro e me ajeito na cama para que ele possa deitar ao meu lado, algo que ele faz e me aninha em seus braços. Seu corpo é tão duro, mas não me incomodo, apenas o aperto mais contra mim e fecho os meus olhos. ── Eu te amo.

── Como pode amar alguém como eu?

── Não pergunte nada, apenas aceite. Eu amo você. ── ele se remexe como se fosse levantar e eu o impeço. ── Eu tenho pouco tempo de vida, Jimin.

── Não quero que fale assim, não te faz bem ser tão negativa. ── suspiro cansada e nossos olhos se prendem. A imensidão azul alterna entre olhos amendoados e tenho certeza que tem algo acontecendo, mas não é um defeito. Jimin é perfeito, eu sei que é.

── Eu tenho pouco tempo e quero passar este tempo com você. ── ele franze o cenho e espera que eu continue. ── Falarei com o Jeon para ir embora e só retornar quando entrarem em contato com ele.

── Você não pode fazer isso! ── ele se levanta exasperado e faço o mesmo, sentindo o mundo girar por alguns segundos. ── Você está bem? ── seus braços me seguram e eu espaldo minhas mãos sobre seu tórax.

── Sei que não é capaz de me amar, mas me dê um pouco de alegria antes que a morte venha para me levar. ── uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto e fecho os olhos. ── É o desejo de uma moribunda.

── Eu não vou aceitar que você morra. ── sou agarrada por ele em um abraço apertado, e o correspondo. Quase sou capaz de sentir seu perfume, de sentir um calor que só existe em minha mente, de sentir batidas reais de um coração humano. Mas é tudo ilusão.
── Há coisas das quais não podemos fugir, a morte é uma delas.

── Você é tudo que eu tenho, criadora.

── E você é tudo que eu sempre quis, Jimin. ── sussurro e o aperto mais contra o meu corpo frágil. ── Eu posso ter dias, horas, talvez, só me deixe passar o tempo que me resta aninhada ao seu corpo e morrer olhando dentro dos seus olhos.

── Noona... ── o solto e passo as mãos pelo meu rosto.

── Aceite, por favor.

── Está bem. Agora volte a deitar. ── ele me ajuda a voltar à cama e me cobre com o cobertor.

── Chame o Jeon aqui. ── Jimin assente e se retira, voltando minutos depois com Jungkook em seu encalço. ── Jimin, pode nos deixar a sós?

── Claro. ── ele volta a sair e fecha a porta.

── Por que me chamou? ── bato na cama pedindo que Jeon venha até mim e ele faz o que peço.

── Terei que adiar alguns planos.

── Como assim? ── busco as palavras certas para falar e quando as encontro, solto tudo carregada de uma sinceridade incomoda.

── Eu estou apaixonada pela minha criação. ── Jeon arregala os olhos, mas volta logo ao normal. Em seguida, toma minhas mãos com as suas e me passa conforto. ── E morrerei logo. ── abaixo a cabeça e respiro fundo.

── Você vai ficar bem.

── Sabemos que isso não é verdade.
── volto a olhá-lo. ── A doença que trago dentro de mim me impede de um transplante bem sucedido, é por causa disso que os médicos tem tanto medo. Eles sabem que eu posso operar e não sobreviver. Meu corpo vai atacar o órgão novo e eu estarei morta em menos de vinte e quatro horas. Eu criei o Jimin com a esperança de que ele seria capaz de mudar a minha história, de encontrar uma saída, mas não terei tempo para esperar. Então, quero passar os momentos que me restam com ele, com a criatura que amo.

── Eu compreendo.

── Assim que eu morrer o meu advogado entrará em contato e você ficará responsável pelo meu projeto, pela segurança do Jimin.

── O protegerei como se eu o tivesse criado. ── solto suas mãos e o abraço.

── Muito obrigada, meu amigo.

── Não me agradeça, apenas seja feliz enquanto ainda puder. Bem, eu vou indo. ── nos soltamos e ele se levanta. ── Fique bem.

── Tentarei.

(...)

Jeon foi embora no final da tarde daquele dia e hoje, três dias depois, estou caminhando com Jimin pelo jardim. Felizmente, consegui melhorar um pouco com alguns medicamentos novos que o meu robô conseguiu, mas sei que é temporário, então estou vivendo cada segundo como se fosse o último.

── Olha que linda! ── tomo em minhas mãos a rosa branca que nasceu entre alguns matos e entrego-a a Jimin, que a leva até o nariz.

── É cheirosa. ── franzo o cenho.

── Consegue sentir o perfume desta rosa? ── ele assente.

── Desde quando passou a ser capaz disso?

── Desde o dia que nos abraçamos em seu quarto, foi como se uma cortina tivesse sido aberta. Eu senti seu perfume e o memorizei como se fosse uma melodia, é tão mágico e pertence apenas a você. ── sorrio e me aproximo dele, juntando nossos corpos. ── Seria capaz de tudo para te salvar, sabia?

── Eu sei que sim. ── deslizo minhas mãos pelos seus cabelos e selo seus lábios. ── Eu nunca vou te esquecer, mesmo quando estiver morta.

── Isso é possível?

── Eu farei ser. Serei seu anjo, velarei cada passo teu. ── suas mãos seguram minha cintura e sua cabeça é posta na curvatura do meu pescoço.

── Está doendo, noona.

── O quê? Você está sentindo dor? Jimin! ── o afasto e o observo atentamente. ── Aonde dói?

── Aqui. ── sua mão segura a minha e leva até o lugar onde deveria ter um coração batendo. ── Dói muito. ── nossos olhos estão conectados e vejo o momento em que apenas um olho dele se torna castanho-escuro, dessa vez, definitivamente. Seus olhar agora é bicolor.

E tenho apenas uma certeza.

Estou diante de um milagre.

O robô 001328 agora é parte humano e parte máquina.

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Olá! !!

Milagres acontecem!
Eu estou sem tempo pra nada :*(
Mas tirei esses minutos agora em plena madrugada para escrever. Espero de coração que tenham gostado do capitulo e preparem os lenços, vem grandes emoções. A fic está chegando na reta final. ^^
Muitos beijos e se gostaram, dêem a estrelinha mágica kkkk

Bye!!
Sue.

Bye!!Sue

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Coração de Robô (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora