18° Capítulo

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De fato eu não consigo ter um dia se quer de paz nessa casa, o jantar foi uma merda. Sebasthian não olhava na minha cara, as empregadas me olhavam como se eu não passasse de uma interesseira e as crianças não paravam de falar sobre a data do casamento, lugar e qual vestido eu iria usar.

- Deveria ser na praia - Lauren comentou entre uma garfada e outra - Os casamentos na praia são sem dúvidas os mais bonitos.

- Que praia o que? Ana e o Papai vão se casar em um navio cheio de luzes - Thomas falou.

- Por que eles não podem casar na igreja? É tão bonito! - Charlie perguntou.

- Papai já casou com a Mamãe na igreja, e a nossa professora disse que não pode se casar duas vezes na igreja - Lauren falou como se fosse uma coisa óbvia.

- Papai e a Mamãe são casados? Por que eu não fui convidado? - Thomas perguntou claramente chateado e eu tive vontade de rir.

- Para de ser burro Thom, nós não tínhamos nascido.

Aos oito anos de idade esses três conseguem superar muitos adolescentes por aí, a cada dia eu me impressiono mais e mais com a esperteza dessas crianças.

- JÁ CHEGA!

O cretino gritou batendo com suas mãos na mesa e se levantando, todos se calaram e olharam assustados para ele. Eu sinceramente já não estava surpresa com sua reação, para falar a verdade ela era até que esperada vindo dele.

- Sebasthian por favor - Eu pedi para que ele se acalmasse na frente das crianças apenas com um olhar.

- Crianças, preciso que vocês entendam, eu e a Anabelle não vamos nos casar.

- Por que? - Todos perguntaram juntos. Até mesmo uma das empregadas sussurrou a pergunta espantada e todos á olhamos com um ponto de interrogação nos olhos e vi Maze, a empregada, ficar totalmente vermelha.

- Desculpe senhor, é que... todas nós gostamos da Anabelle, pelo menos nós da lavação, e gostamos do senhor. Desculpe - Então ela saiu correndo e tropeçando em seus próprios pés.

- Será que tem alguém que você não tenha conquistado nessa casa? - Sebathian sussurrou para ele mesmo porém eu pude ouvir.

- Por que vocês não vão para o quarto? Vou pedir para que alguém leve uma sobremesa para vocês lá, vou conversar com o seu pai e depois falo com vocês, ok? - Eles pensaram por alguns instantes e então concordaram e saírem correndo.

Encarei Sebasthian e ele me olhou novamente, seu semblante era cansado porém ainda conseguia ver a raiva em seus olhos. Ele então endireitou sua postura e me olhou com seus olhos gélidos que eu já conhecia tão bem.

- Anabelle, eu vou ter que viajar, tenho uma luta em Nova Orleans e não posso desmarcar. Você ficará aqui sobre os cuidados dos empregados, eu precisava de alguém para cuidar das crianças, e alguém que você e nem elas pudessem ou quisessem infernizar, então falei com o chefe de sua amiga que me devia um favor e ele deu alguns dias de folga para ela, Jessica irá vir para cá amanhã de manhã ficar com você e as crianças.

Parte de mim sentiu um desconforto em saber que Sebasthian não estaria aqui, porém outra estava pulando de alegria por saber que teria espaço para pensar e por minha cabeça em ordem a respeito dele. Sobre tudo o que está acontecendo entre mim, ele e meus sentimentos.

- Tenho fisioterapia na terça-feira - Comentei e ele se sentou novamente.

- Eu sei, voltarei na segunda então não se preocupe.

- Tudo bem.

Então o silêncio reinou entre nós, um silêncio constrangedor e vazio, o que estava me dando calafrios. Estava pronta para dizer que iria para o quarto quando ele quebrou o silêncio:

- Anabelle, enquanto eu estiver fora eu tenho um pedido a você, e eu preciso que pela primeira vez na vida você obedeça.

- Eu sempre obedeço! - Me defendi e ele arqueou as sobrancelhas.

- Você obedece? - Ele perguntou sério.

- Sim!

- Você? Você obedece? - Ele perguntou novamente se encostando no encosto da cadeira com um sorriso brincando em seus lábios.

- Sempre - Desviei os olhos sentindo minhas bochechas corarem.

- Você, Anabelle Montgomery, obedece? - Ele perguntou pela terceira vez apoiando seus cotovelos na mesa.

- Ah tá bom, nem sempre. Satisfeito? - Cruzei os braços emburrada e ele soltou uma gargalhada.

- A regra dos três sempre funciona, não importa com quem - Ele respirou fundo e voltou a ficar sério - Anabelle, enquanto eu estiver fora eu quero que você pense o que você quer.

- O que eu quero?

- Sim. O que você quer em relação a nós, e não me diga que não existe um nós que eu sei que existe. O que eu estou te pedindo é que você se decida se quer tentar ter algo ou não, porque eu não aguento mais você tentando me afastar então por favor, decida o que quer. Acredite, isso não é fácil para mim, então eu agradeceria de você me dissesse quando eu voltar, que eu tenho chances, se não, me de a porra de um pé na bunda e me deixe seguir em frente - Ele respirou fundo - Vou falar com as crianças sobre o assunto "casamento", então não se preocupe.

Então ele se levantou e saiu da sala de jantar me deixando sozinha com meus próprios pensamentos.

Você fala como se fosse fácil decidir - Pensei bufando e voltando para meu quarto, essa conversa me deixou exausta.

Você fala como se fosse fácil decidir - Pensei bufando e voltando para meu quarto, essa conversa me deixou exausta

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A BABÁ (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora