1° Capítulo.

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Talvez fosse a chuva que não parava de cair.

Talvez fosse Napoleão que não havia mordido meu pé para ganhar sua comida.

Talvez fosse o meu despertador que não havia tocado.

Talvez fosse o café que havia acabado.

Talvez fosse meu pequeno fusca amarelo que não havia ligado.

Todos os fato me levam a desistir da ideia maluca de virar babá de trigêmeos. Mas não, aqui estava eu, expremida entre um homem com tatuagens até o pescoço e cabelo cor de rosa, e uma senhora de 150 quilos falando sobre o quanto odiava o clima chuvoso da cidade, segurando um copo de café com uma mão, e com a outra agarrada em uma barra de ferro impedindo que eu caísse e levasse pelo menos 5 pessoas comigo.

Onde eu estava com a cabeça? Cuidar de trigêmeos? Merda, eu não sei cuidar nem de mim mesma!

Onde esse pai estava com a cabeça? Ele realmente leu meu currículo? Porque se tivesse lido não seria burro o suficiente para me contratar para cuidar dos seus três filhos.

Os únicos empregos que eu tive foi de secretária em uma locadora de Dvd's em que eu fui demitida por derrubar literalmente todas as estantes de filmes ao tentar alcançar A pequena Sereia. Aliás, quem ainda aluga Dvd's?
E outro emprego no Starbuks onde eu praticamente nadei no sorvete que caiu direto da máquina para o chão durante duas horas antes de eu lembrar de que havia uma tomada para puxar e consequentemente, desligar a máquina.

Maldita pequena sereia! Maldito sorvete de morango!

O som de Bang começou a tocar no metrô e eu demorei a perceber que esse som saia da minha bolsa. Passei meu copo de café para a mão que segurava a barra de ferro e puxei o zíper da bolsa desesperada para fazer aquela música irritante parar, não sabia porquê ainda insistia em deixar essa música no toque do meu celular, comecei a revirar a bolça até que finalmente achei o que estava procurando, atendi o celular já colocando ele entre a orelha e meu ombro direito para fechar minha bolsa.

- Por que você não foi de carro? - Jessica gritou no telefone e eu dei um pulo pelo susto.

- Não grita inferno! - Coloquei a bolça devidamente apoiada no ombro e peguei o celular - Ele não quis ligar, então peguei o metrô.

Eu sabia que Jessica iria me xingar por chegar totalmente fedida do metrô no meu primeiro dia de trabalho, porém eu não tive a chance de ouvir seus gritos pois o metrô fez uma curva me fazendo derrubar todo o café que estava no copo na minha roupa, me desequilibrar e bater na mulher gorda do meu lado, ela cambalear e cair em cima de um garoto de 17 anos magricela que pareceu perder todo o ar do corpo.

- Merda! Merda! Merda! - Xinguei e comecei a tentar limpar minha blusa, provavelmente já manchada.

Enfiei o celular no bolso da calça sem lembrar que Jessica ainda estava na linha e passei meu braço pela barra de ferro como se fosse de fato, abraça-lá. Esfreguei desesperadamente meu casaco pela minha blusa tentando limpar o estrago, mas tudo que eu consegui foi fazer com que a mancha crescesse, e meu sutiã rosa ganhasse destaque. Irritada eu coloquei o casaco e fechei o zíper.

Deveria ter ficado na cama!

Percebo que o metrô já estava parado no lugar onde eu deveria descer e corri para fora dele, sentindo finalmente o ar fresco invés do cheiro de suvaqueira.

Corri duas quadras por já estar atrasada até me deparar com a casa em que eu iria trabalhar. O termo casa era relativo, aquilo estava mais pra uma mansão do presidente de tão grande que era.

Toquei o interfone perto do portão e comecei a ajeitar meu cabelo. Ou tentar pelo menos.

- Em que posso ajudá-la? - Ouvi uma voz através do aparelho e aproximei meu rosto sem saber se realmente ele conseguiria me ouvir.

A BABÁ (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora