03.

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|| Francisca Nobre ||

Acordei com o som do relógio despertador, rapidamente levantando-me, não querendo chegar atrasada ao jogo de Pedro.

- Francisca, querida? - ouvi a surpresa na voz da minha mãe e não evitei uma risada.

- Oi, mãe. - saudei, dando permissão para entrar e, ela assim o fez.

- Tu vais dizer-me porque é que estás acordada a uma hora destas? Logo tu, que hibernas durante todo o fim de semana. - gracejou e mostrei-lhe a língua, o que a fez rir.

- Apeteceu-me levantar, só isso. - fui sucinta, enquanto olhava o meu closet, procurando a roupa mais apresentável, mas confortável, possível.

- E porque razão é que vais vestir-te de forma tão bonita se vais passar todo o dia em casa? - interrogou, desconfiada e ri com a sua curiosidade.

- OK, ganhaste, mãe. - cedi e ela comemorou, o que me fez soltar uma gargalhada. - Vou assistir ao jogo da equipa B do Benfica. - informei e o seu olhar curioso, fez-me perceber que as suas perguntas não terminariam por ali.

- Quem é o teu namorado de lá? - não hesitou em perguntar e olhei-a escandalizada.

- Porque é que eu tenho de ter um namorado para assistir ao jogo? - perguntei, abismada e ela olhou-me com uma expressão que dizia, "não brinques comigo, Maria Francisca Pinto Nobre".

- Maria Francisca Pinto Nobre, a tua mãe é velha mas não é estúpida. - ralhou, rindo e acompanhei-a.

- Mãe, tem quarenta e sete anos. É uma jovem. - elogiei, tentando que ela se esquecesse do assunto e a mais velha riu.

- Sim, sim, Chica. Agora a pergunta que eu te fiz. - insistiu e eu ri, negando com a cabeça.

- Não tenho namorado, mãe. Mas tenho um amigo que gostava que eu fosse assistir e vou fazer-lhe a vontade. - contei e o sorriso que me ofereceu, fez-me corar.

- Nome? - quis saber e bufei, fazendo-a rir.

- Que chata. - resmunguei e ela tornou a rir. - Pedro. - dei a conhecer.

- Então espero bem que esse Pedro tome conta de ti ou a colher de pau vai voar. - ameaçou e não evitei gargalhar com ela.

- Tu és demais, mãe. - respondi e ela riu, vindo ao meu encontro e beijando a minha testa.

- Eu só quero que sejas feliz. - murmurou, enquanto acariciava o meu rosto e sorri.

- Eu sou. - garanti e ela sorriu, antes de se afastar, deixando-me sozinha novamente.

Corri para a casa de banho privativa e tomei um banho rápido mas relaxante, saindo pouco depois para me poder arranjar com tempo. Apliquei uma maquilhagem simples e sequei os cabelos, deixando-os no seu ondulado natural.

Desci as escadas, passando pela sala de estar, deixando um carinho na cabeça de Max, o já velho pastor-alemão que nos acompanhara desde sempre, e cujo nome se baseara na série televisiva que era a favorita de Francisco.

- Bom dia família. - cumprimentei os meus pais, embora já tivesse falado com a minha mãe.

- Acordada tão cedo, filhota? - o meu pai admirou-se e olhei para a minha progenitora, esta que já me olhava com um sorriso sugestivo e que me fez revirar os olhos.

Fénix | Pedro Amaral Onde histórias criam vida. Descubra agora