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Estou a andar pela rua até à minha nova escola, tenho vestido uma camisola de capuz preta, umas calças de ganga também pretas e umas sapatilhas também pretas, sou um panda, mas não um panda normal, tenho uma espécie de doença genética ou o caralho que faz com o que o meu pelo tenha cores diferentes, então, onde deveria ser preto é branco e onde devia ser branco é preto, tenho 20, sou gordo, alto, e a minha mãe sempre me disse que eu era fofo, tenho olhos vermelhos, um brinco na narina direita, também tenho mais três na minha orelha esquerda, e um no canto da sobrancelha direita, queria fazer mais um num mamilo mas não tenho coragem... Fiz-los todos no meu primeiro dia em que estive no EUA, os meus pais e irmãos ficaram em Inglaterra, então não me vão julgar durante um bom tempo, afinal de contas, com ou sem piercings vou ser sempre o filho gordo que passa a vida a desapontá-los, então fodasse! Estou a fumar um cigarro, sou viciado, viciei há alguns anos depois de umas merdas.

Já consigo ver a escola ao fundo, entro e começo o meu dia, durante este tempo todo passado dentro da escola arranjei o meu horário, conheci os meus professores, participei de algumas apresentações da turma e conheci alguns colegas, não que eu seja muito social, mas é sempre bom saber o nome e contacto de pessoas cuja ajuda possa precisar, já são 19 horas e encontro-me em frente à minha nova casa, a maioria das minhas coisas já estão arrumadas lá dentro, tirando uma caixa com alguma coisas pesada, tentei pegar nela, mas não consigo, olhei em redor e aí está ele, um cão, com o pelo cinzento em todo o seu corpo, nas orelhas, nariz e sobrancelhas têm uma tonalidade castanha clara, o olho direito é azul enquanto que o esquerdo é castanho, na sobrancelha direita têm um piercing igual ao meu, está a usar uma camisola branca um pouco justa, um casaco preto e umas calças de ganga azuis com a cauda de fora, comprida e bem felpuda, é toda cinzenta tirando a ponta que é do mesmo tom de castanho que as orelhas, ele têm uma grande barriga e pernas e braços grossos e é mais baixo que eu, não muito, mas um pouco, não sei porquê apenas sinto uma enorme onda de calor a percorrer o meu corpo com aquela vista enquanto me sinto automaticamente que confortável com a sua presença.

-Hey Panda. - diz ele. -Sou o Mort, Morty para os amigos, precisas de ajuda com isso?

-N... N... Quer dizer sim. - digo a gaguejar.

Ele anda até mim, pega na caixa e entra na casa que já têm a porta aberta.

-Aqui está. - diz e ele e pousa na mesa da cozinha. -Casa fixe.

-Obrigado. - digo, apenas estou a olhar para ele.

-Então... Tens um nome? - pergunta com um sorriso.

-Sim, sou o Robert prefiro Bobby, acabei de me mudar para a vizinhança. - digo e estendo a mão.

-Prazer em conhecer-te Bobby. - diz ele é aperta-me a mão. -Cy? - pergunta depois a apontar para a minha cara, devo ter reagido muito mal. -Quer dizer, os piercings, Cy é o tatuador e também faz piercings.

-Ah sim, fui lá. - digo. -Desculpa.

-De boas. - diz ele e olha para o relógio. -Tenho que ir, para depois não andar a correr, estou atrasado para o trabalho.

-Posso ir? - pergunto, não me perguntem porquê, apenas perguntei, o que caralho é se passa comigo?

-Claro, vou até um bar na cidade, mas vou a pé, é um bocado longe, mas faz-se bem. - diz ele.

-Perfeito. - digo, tiro a mochila pego no telemóvel, na carreira e vamos os dois para fora, tranco a porta e sigo-o. -Posso? - pergunto tirando o maço do bolso.

-Claro, também fumo. - diz ele.

Durante o caminho fumamos quase o maço todo, costumo fumar uns 3 cigarros por dia, mas mudou de repente na presença do Morty.

Amor a Preto & BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora