Capítulo quatro

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De início me senti como a ganhadora do maior prêmio da noite, não consegui conter o sorriso diante ao que tinha feito com Charles naquele dia, ele ficou completamente sem palavras, consegui ferir seu orgulho e se eu pudesse vê-lo, tenho certeza de que estaria sangrando neste momento, desta vez eu consegui sair por cima.

Eu vou me sair bem.

Pensei comigo mesmo, vou saber lidar com toda essa situação melhor do que havia imaginado, ele no fundo não é tudo isso que mostrou ser no primeiro dia, não consigo conter o sorriso ao relembrar da cena, se ele pensou que ao me ter com alvo eu seria apenas mais um falhou drasticamente, pois se for possível vou frustrar todas suas tentativas de me por para baixo, se ele quer jogar vou fazer parte do seu jogo e vencer.

Assim pensei.

Entretanto toda aquela alegria chegou ao fim assim que entrei na escola para mais um dia de aula naquela semana, de início estranhei toda à movimentação e tudo pareceu ainda mais estranho quando percebei sorrisos sem motivos em minha direção.

O que está acontecendo?

-Oi Sam. - um rapaz alto passa por mim e sorri.
-E aí Sam? Santa Sam. -encaro outro estudante, eu não o conheço, mas ele sorri de forma maliciosa.
-Se quiser uma ajuda, posso solucionar seu problema. - me afasto assim que um dos amigos de Charles se aproxima. -Hoje à noite pode ser?

Caminho rapidamente em direção ao corredor em busca dos meus livros sem entender o porque todas as pessoas ao meu redor sorriem de forma estranha para mim, entretanto assim que chego ao meu armário sou tomada pela surpresa, todos riem alto, ali há um cartaz grande na cor rosa e assim que leio meu rosto queima de vergonha.

Sam. A Virgem.

Decido arrancar o cartaz e fingir que nada aconteceu enquanto todos continuam rindo e zombando, porém o pior acontece no momento em que abro a porta do armário e centenas de camisinhas caem em meus pés.

Eu não acredito.

Respire fundo.
Apenas respire fundo.

Decidi seguir meu próprio conselho, tento agir com naturalidade e fecho meus ouvidos para cada piada que escuto ao recolher todas aquelas camisinhas no chão, o sinal toca indicando o início da primeira aula e toda aquela multidão de alunos se dispersa em questão de segundos.

-Mas o que é tudo isso? - a diretora diz assim que deposito o saco de camisinha em sua mesa.
-São camisinhas. -digo como o óbvio.
-Disso eu sei, mas porque as trouxe para minha mesa?
-Eu estou sofrendo bullying e não vou deixar isso impune, a senhora precisa fazer alguma coisa. - ela respira fundo
-Quem fez isso com você foi Charles Tompson, o capitão do time?
-Esse mesmo. -ela balança a cabeça em reprovação como se já soubesse.
-Isso não voltará acontecer, vou ter uma conversa com ele.
-Uma conversa? A senhora deveria expulsá-lo! Sabia que eu não sou a única com quem ele faz esse tipo de brincadeira?
-O que tenho ou não que fazer quem decide isso sou eu. - me calo. -Vou ter uma conversa e advertê-lo, satisfeita?
-Não. - ela se põe de pé. -Ele precisa de muito mais que uma advertência, precisa sofre um castigo tão vergonhoso quanto a humilhação que ele fez e faz os alunos passarem, tire ele do time de futebol por alguns meses, faça-o lavar os banheiros. Eu não sei! Mas tenho certeza de que só uma conversa não é o suficiente.
-Senhorita. - ela força um sorriso. -Acho que ninguém lhe apresentou a história de nossa escola.
-E eu lá quero saber...
-A Tompson High School foi fundada em 1988 pelo bisavô de Charles o senhor Jhonn Tompson e o resto é história. - a encaro surpresa, suas palavras me fazem juntar peças em seu quebra - cabeça.
-Então a senhora está querendo dizer que o idiota do Charles é como um protegido?
-Exatamente.
-Isso é um absurdo!
-Eu posso advertê-lo, porém jamais puni-lo severamente. Ele é um Tompson, o pai dele paga meu salário.
-E só por causa disso ele pode fazer o que bem entender?
-Bem vinda a vida real. -bufo. -Eu te aconselho a não dar tamanha atenção ao que ele disser ou fizer. - me calo -Vai por mim esse garoto só quer chamar atenção.
-Tudo bem.

Saio dali com o sentimento de frustração, agora entendo o porque Blaine nunca pediu ajuda a família dele são os donos da escola e por isso ele se acha intocável. Toda a turma foi comunicada que a aula de educação física será prática, no mesmo instante muitos comemoraram e se colocaram de pé disposto a ir a quadra, ainda me sentindo meio perdida eu apenas segui a turma e mais a diante as meninas que se dirigiam ao vestiário. Assim que estava pronta sai dando de cara com um forte vento e os raios de sol que me fizeram sorri, o lugar não se tratava de uma quadra e sim um campo de futebol.

-Cheguem mais pessoal, vamos começar com um aquecimento, três voltas ao redor do campo, começando... -ela marca no relógio. -Agora.

Começamos a correr.

Mesmo estando em uma aula não deixei de ser alvo das piadinhas sobre o ocorrido mais cedo com as camisinhas, me controlei ao máximo para ignorar, mas confesso que já me imaginava enforcando cada um que zombava de mim. Enquanto corria a única coisa que passava em minha mente era que ele iria pagar muito caro por tudo que havia feito.

A aula tinha sido a única atividade que mais havia gostado desde que entrei nesta escola, fizemos atividades funcionais além de acrobacias e não há nada mais relaxante do que fazer acrobacias.

-Hey Olsen. - paro ao ouvir a professora me chamar.
-Sim.
-Samantha Olsen certo? -concordo -Você é boa. -sorrio. -Já pensou em fazer parte das líderes de torcida?
-Eu? - ela ri.
-Leslie! -uma loira alta se aproxima. -Leslie está é Samantha você será encarregada de ajuda - lá com tudo pra ser uma Cherrios. -ela sorri.
-Seja bem vinda ao clube! -sorrio sem jeito.
-Mas professora eu não sei se levo jeito pra isso.
-Vai por mim você leva jeito, você tem elasticidade, sabe fazer acrobacia e é bonita. -Leslie concorda.
-Tudo bem então.
-Bem vinda as Cherrios.

Durante o caminho de volta ao vestiário encontrei com Charles, mas por incrível que pareça ele me ignorou e por um segundo eu relaxei, não estou a fim de discussão. O banho foi revigorante o vestiário estava cheio e Leslie decidiu apenas ficar a minha espera, sai pronta para guardar minhas roupas e mesmo entre as meninas pudi ouvir os risos e zombarias.

Ignore, apenas ignore.

Entretanto ao abrir meu armário um balde caiu sobre minha cabeça com algo fedorento e gelatinoso, todas riam e tiravam foto, Leslie estava intacta e tão assustada quanto eu, no mesmo instante me viro e vejo Charles, ele havia entrado pra ter certeza se havia tido êxito em seu plano, mas dessa vez ele havia passado de todos os limites.

-Você é um idiota! -ele ri. -Um babaca, imbecil!
-Quanta honra. -se aproxima. -Tudo poderia ser diferente Sam se você...
-Nunca! Ouviu bem? Jamais sairia com alguém como você. -todos ficam em silêncio. -Jamais sairia com alguém que pra se sentir bem precisa humilhar os outros, você se acha alguma coisa por ser neto de alguém importante. -ele perde o sorriso -Mas na verdade, você não é ninguém e agora eu entendo o por que você é capitão do time e todos ao seu redor te veneram. -rio. -Eles não gostam de quem você é e sim do que você poder dar à eles. -ele perde o sorriso. -Parabéns Charles você é muito querido por todos. - todos assim como ele me olham sérios. -Ouvir a verdade às vezes dói, não é? Escute bem. -me aproximo -Isso não vai ficar assim, se ninguém teve a coragem de por você em seu devido lugar, eu farei isso.

Três Regras Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora