Três Regras Para Amar

Capítulo trinta

Não demorou muito para eu entender os planos de Charles e naquele momento eu percebi que não fazia parte dele, decidi no mesmo instante  pegar minhas coisas e ir embora daquele lugar, não havia motivos para ajudar alguém que na verdade não quer ser ajudado.

-Samantha... -ele me segura.
-Porque está fazendo isso comigo? -as lágrimas tentam se formar, eu não as deixo cair.
-Eu não sou um cara que vive para o amanhã, eu não me vejo tendo um amanhã. -rio em meio ao nervosismo.
-Já entendi, não precisa jogar na minha cara que não se vê tendo um futuro comigo.
-Eu não sou a pessoa certa pra você.
-Isso não é você quem decide! -grito. -Que merda é essa agora? -as lagrimas caem -Eu me entreguei pra você, disse que amava!
-E eu amo, não tenha dúvidas disso, eu amo você.
-Então porque está fazendo isso comigo?
-Quando eu olho pra você e vejo tudo o que você tem pela frente me sinto uma nada.
-Por que você quer assim! Você não quer crescer e mudar! Não percebe? É você que está andando em círculos sendo que pode sair e viver, sendo alguém melhor. -as lágrimas e nunca meu rosto, me sinto trêmula.  - Já parou pra pensar que todos a sua volta estão certos sobre você? Sobre quem você é? -ele me olha.- Quando te aconselham a mudar, pessoas como eu não dizem isso querendo seu mau, só queremos te ajudar.
-Eu não pedi a sua ajuda e nem a de ninguém. -diz rudi.
-Desculpa por tentar ajudar, é um grande erro meu tentar ajudar aqueles que amo. -ele se aproxima e me impede de sair. -Só diz o que quer comigo e se não quiser nada eu vou embora e juro pra você...-seguro as lágrimas. - Que vou fazer de tudo pra esquecer você, porque eu não sei se consigo lidar com isso que você diz ser sua vida, por isso, decida. Daqui a alguns dias estarei longe, não vou estar a sua disposição e muito menos quero descobrir que você tem outra.
-Eu nunca faria isso com você. -ele segura meu rosto. -Nunca.
-Então o que quer? Se ter um futuro te trás tanto medo, não tem problema, não quero obrigar você a fazer aquilo que não quer, pode dizer a verdade eu aguento.
-Chega desse assunto, vamos esquecer isso? Pra que pensar no amanhã? Eu estou aqui pra você e por você. - seus olhos estão nos meus.
-Isso não é o suficiente Charles, eu preciso de mais. - ele me tem em seus braços  -Eu quero mais, eu não quero uma aventura, não me entreguei a você por uma simples aventura e eu preciso saber se você está disposto a ir além ao meu lado. -ele se cala.

Seu silêncio trás a resposta.
E tudo em mim desmorona.

-Você é um idiota. -o encaro. -Um completo idiota. - caminho até a sala disposta a ir embora daquele lugar, mas antes que eu possa sair algo chama minha atenção sobre a mesa de estar, Charles me segue e assim que percebe retira o envelope dali. -O que é isso?
-Não é nada. -o encaro.
-É uma carta das forças armadas? -digo em choque.
-Já disse que não é nada. -me aproximo e pego de suas mãos.

É um comunicado de honra, por ele ser neto de Jhonn Tompson, as forças armadas estão prestigiando sua entrada no ramo militar.

-É por isso que quer terminar comigo? -o encaro. -Por que decidiu ser militar? -ele fica em silêncio. -Então toda aquela história de futuro, de ir embora e construir um bar...
-Eu só... Quando me inscrevi não pensei que seria aceito, mas ontem recebi essa carta de honra com minha admissão e surtei porque nunca me imaginei fazendo nada e agora eu estou a dois passos de ir para o mundo à fora.
-E o que decidiu? É isso o que quer?
-Eu ainda não sei.
-Só um conselho, não se prenda à nada e nem a ninguém, pense em você em primeiro lugar e o resto o destino toma conta, mas faça o que tiver que ser feito.
-Sam... -o encaro. -Eu te amo.

Saio dali em completo transe, tentando me convencer que eu tinha acabado de despertar de um terrível pesadelo e infelizmente estava dentro de outro ainda pior, sendo que agora era ele que ia embora e talvez eu nunca mais volte à vê-lo.

Foi uma semana intensa, cheia de altos e baixos e eu me sentia péssima, não tinha fome e nem ânimo pra nada, minha vontade era de ficar na cama e esperar a dor que eu sentia passar.

-Levanta dessa cama, hoje é sua formatura.
-Eu não vou. -mamãe me encara surpresa.
-Como não?
-Não quero, não vou.
-Filha. - ela senta ao meu lado. -É um momento importante na sua vida e eu quero um porta retrato para exibir aos convidados que vier aqui dizendo que minha filha está em Harvard sre preparando pra ser uma grande advogada. -sorrio fraco. -Vamos lá, vai ser rápido e depois que chamar o seu nome, se quiser vamos embora. Tudo bem? -ela acaricia minhas mãos.
-Tudo bem mãe, me convenceu. -ela bate balmas histericamente.

Quando jogamos o capelo naquela tarde de quinta feira tudo em mim se acalmou por um momento, um ciclo havia se fechado e eu estava prestes a começar um novo, deveria me sentir mais contente, entretanto meus pensamentos estavam longe, bem mais distante do que eu mesmo gostaria, eu não parava de pensar em Charles e em nossa última conversa, não queria ir embora sem pelo menos vê-lo pela última vez antes de embarcar a noite para Massachusetts.

Eu estava no início do fim.
Me sinto apavorada.

-Sorria para câmera filha. -forço um sorriso. -O que foi? Nem parece que está feliz.
-Eu estou mãe, pode apostar que sim.
-Agora é a minha vez. -encaro papai. -A garotinha do papai cresceu. -sorrio. -E vai embora, não acredito que quando eu acordar para o café amanhã você não vai estar na mesa conosco.
-Eu volto no natal pai. -ele me abraça.
-Vou sentir sua falta tampinha.
-Eu também. -ele está chorando.
-Prontos para a foto? -concordamos. -Digam X!
-Tira logo mãe. -ela ri e assim o faz, papai me abraça mais uma vez e eu sorri por seu gesto de carinho.
-Tenho uma surpresa pra você. -ele sussurra. -Esses dias percebi o quanto estava pra baixo e chateada, por isso, na árvore do lado de fora da escola tem uma surpresa que talvez te alegre. - o questiono com o olhar -Ele está lá fora te esperando. -estremeço. -Vai.

Saio as pressas com o coração quase saindo pela boca, cruzo por toda a escola me odiando por ter colocado um salto fino tão alto, retiro-os do pé e corro até a entrada da escola e assim que saio o encontro parado a minha espera como o meu pai havia dito eu paro assim que ele me vê.

-Oi. -o encaro
-Oi.
-Eu queria te ver antes de ir embora e não sabia como ir até você então... Seu pai me ajudou. -sorrio.
-Eu também queria te ver. -ele se aproxima.
-Me desculpa. - ele me olha nos olhos. -Me perdoa por não ser aquilo que você precisa, eu vou tentar crescer e mudar. -sorrio. -Ser melhor e me tornar alguém à sua altura.
-Sabe que não precisa fazer isso por mim.
-Você é o único motivo que tenho pra ser então... Não estrague meu momento. -rimos. -Eu amo você.
-Seu idiota.