🌜Only Told The Moon🌛
Capítulo 1Subir no telhado da minha casa nunca foi uma dificuldade.
Eu geralmente vinha para cá quando o silêncio ensurdecedor do meu quarto me sufocava. Era assim desde os quinze anos de idade, quando, depois de algumas consultas com um psicólogo, fui primeiramente aconselhada a lidar com a solidão pondo num papel todos os meus sentimentos mais profundos.
Lembrava-me que, naquele mesmo dia, eu tentei atender ao pedido simples e inicial do psicólogo, mas a escrita nunca foi meu forte. Na verdade, era o meu ponto fraco, pois, não importava o quanto tentasse, nada saía. A confusão dentro de mim era tão complexa e indefinida que eu não conseguia usar palavras soltas, muito menos frases ou parágrafos para descrevê-la.
Naquela noite, eu tentei, tentei e tentei, até não restar folhas limpas no caderno roxo de anotações que havia comprado apenas para essa tarefa. Foi aí que, frustrada, eu me esgueirei para fora pela janela e, perigosamente apoiada no parapeito da fachada da casa e um galho de uma árvore em frente à minha janela, cheguei ao telhado. Deitei então o corpo, com as mãos atrás da cabeça, e observei a Lua; naquele dia, era Lua Nova. No céu escuro, só havia ela para brilhar acima da minha cabeça, e aquilo me trouxe uma paz estranhamente reconfortante. Foi assim que, com poucos segundos, eu comecei a conversar com ela como se fôssemos amigas de longa data. Automaticamente, todos os sentimentos guardados no meu peito saíram e eu chorei ao admitir toda a confusão dos meus pensamentos; como eu me sentia sozinha mesmo tendo uma família unida e meu melhor amigo, Nam Joon - que até então não havia se tornado meu primeiro amor -, e como a escola me pressionava.
Desde então, eu vinha aqui todas as noites e contava tudo que fazia no dia. Ela se tornou minha maior confidente, mesmo quando não podia vê-la na Lua Negra, ou quando ela aparecia apenas pela manhã. Ela se tornou minha maior ouvinte, e nada estava de errado nisso, o psicólogo achou uma boa ideia para mim quando confessei que palavras escritas não podiam expressar sentimentos tão profundos para mim quanto esses pequenos minutos conversando com o céu.
E hoje, mais do que qualquer outro dia, eu precisava da minha amiga.
- Olha só quem resolveu aparecer. Senti sua falta. É bom saber que a terei de volta por alguns dias. - Falei, vendo que a Lua Nova brilhava novamente no céu depois de sete dias com a outra fase da Lua. Sentei-me no telhado com os joelhos dobrados, as mãos ao redor deles e a cabeça apoiadas no topo. Assim, a observei por longos segundos, talvez mais do que isso. - Hoje foi nosso último dia de aula - comecei, pensativa. - Finalmente me livrei daquele inferno, certo? Teve dias que pensei que nunca iria acabar. - Sorri e fiz uma pausa.
De repente, uma dor enorme começou a corroer meu peito e eu não queria desmanchar em lágrimas quando tornasse a falar. Desviei o olhar da Lua, por sentir como se estivesse sendo julgada por ela, e os fixei num ponto qualquer à minha frente. Na verdade, tudo que queria ver eram duas ruas a frente da minha, onde ficava a casa de Nam Joon.
Suspirei e corri as mãos pelos cabelos.
- Ele está indo embora, Lua - contei, sentindo meus olhos arderem e sentindo-me incapaz de tornar a encará-la. - Dessa vez, definitivamente. É o seu sonho, afinal. Nam Joon sempre quis fazer universidade fora do país, não é à toa que passou tantos anos aprendendo inglês por conta própria para isso.
Sorri pensando em todos os dias em que o apoiei nessa ideia de estudar fora, mesmo quando seu pai dizia que seu futuro era permanecer aqui e estudar direito numa universidade tradicional coreana, assim como ele.
Felizmente, Nam Joon conseguiu. Recebeu a notícia uma semana atrás, e eu não poderia estar mais orgulhosa dele. Mas, por outro lado, estava triste, inconsolável, só guardando dentro de mim um sentimento tão forte que, ainda mais agora, não podia sequer ser mencionado audivelmente.
Ele vai embora amanhã, eu mesma vi suas malas prontas ontem, depois da escola.
Ainda parecia irreal.
- Mas também tenho boas notícias, Lua - sorri, ainda um pouco forçada e tristemente, e enxuguei uma lágrima que não consegui conter. - Soube hoje que fui admitida numa universidade, meus pais estão sorrindo para as paredes com a notícia. Mamãe até fez bolo de baunilha com recheio de morango para mim. Mas, você já sabe, a Cho Hee provavelmente já deve ter comido pelo menos a metade.
Sorri com o que disse.
Cho Hee gostava muito de comer. A garota de bochechas rechonchudas nunca se importou com os padrões de beleza da Coréia do Sul, muito pelo contrário, ela sempre fazia questão de ressaltar o quanto a aceitação, o amor próprio e alta autoestima eram importantes. Apesar de nova, Cho Hee era um desafio para quem quer que tentasse tirar o sorriso motivador e feliz do seu rosto. Por isso que eu amava a minha irmã incondicionalmente.
- O bolo está muito gostoso, diga-se de passagem. - Tornei a falar. - Pensei até em chamar Nam Joon para comer e celebrar conosco, mas desisti, pois não quero contá-lo essa notícia. - Ri fraco e mordi a cutícula da unha do dedo indicador, nervosa, uma mania que não conseguia tirar. - Naquela hora, não queria ver seu sorriso alinhado e brilhante demonstrando alegria, quando por dentro, parte de mim está em pedaços. Só seria mais doloroso vê-lo assim, apesar de ser por um motivo bom. Por isso, recusei até mesmo sair com ele, seus amigos e sua mais nova namorada hoje. Eles saíram para se despedir dele, mas eu não fui capaz de pôr um sorriso decente no rosto enquanto treinava expressões felizes em frente ao espelho, então desisti de ir. Embora tenha deixado uma mensagem garantindo que irei ao aeroporto amanhã para vê-lo. - Setenciei a última frase baixinho e escondi parcialmente minhas mãos dentro do casaco quentinho, amuada.
O silêncio fazia minhas palavras se perderem no ar e serem levadas com o vento, e isso me acalmou um pouco, internamente. Fechei os olhos e inclinei a cabeça um pouco para trás, a brisa forte batia contra meu rosto e eu me encolhia cada vez mais um pouco, voltando a apertar minhas pernas com força, mas mantinha minha cabeça erguida. Só se ouvia o barulho das folhas balançando e a minha voz melancólica na rua. Ao contrário do movimento de outros bairros e centros comerciais, aqui era bem calmo. Bom para uma garota como eu.
Puxei o celular do bolso do casaco e chequei as horas; já passavam da meia noite.
- Hm - murmurei, esfregando as mãos como quem está próxima de se retirar -, parece que dessa vez fiquei mais do que as outras. Foi um dia agitado, afinal. Boa noite, Lua. - Joguei um beijo para ela e sorri fechado.
Falar tudo que está sentindo para ela realmente me revigorava. Eu cheguei aqui, hoje, com uma dor sufocante no peito, no escuro do meu quarto não conseguia respirar direito e apenas chorei após a comemoração em família da minha aprovação. Agora, apesar de triste pela perda, eu tentava ver um lado positivo para a situação. Eu esperava ficar bem e conviver amistosamente com a dor reprimida no meu peito. Nam Joon não parecia tão triste quanto eu, então eu apenas tentarei ficar feliz e positiva quanto a sua partida.
Após minha despedida, pus os pés para fora do telhado - deixando-os pender no ar - e foi só o tempo de eu fazer isso para escutar uma voz masculina e baixa chamar meu nome. Paralisei e pensei ter ouvido coisas, até que escuto novamente.
- Yun! - Mais um grito baixo e contido, e dessa vez, apesar de assustada com a chamada repentina, não precisei olhar para saber muito bem de quem se tratava.
Essa voz, só de chamar meu nome eu estremecia.
E quando eu olhei para baixo, encontrei exatamente quem eu imaginava: Nam Joon.
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Hellooo! E aí? O que acharam do capítulo?
Espero que tenham gostado! Rsrsrs
Não deixem de comentar e deixar estrelinha, por favor, essa é a única maneira de eu saber se vocês estão gostando 💙Beijos amores e até o próximo capítulo 💙⛄
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ONLY TOLD THE MOON | Namjoon
Fanfiction[Concluída] 🌜ONLY TOLD THE MOON🌛 Yun estava perdida. Apaixonada pelo seu melhor e único amigo, Kim Nam Joon, que estava prestes a partir para os Estados Unidos para cursar a faculdade lá, ela não sabia como conter a saudade e o aperto no peito só...