Epílogo

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🌜Only Told The Moon🌛
Epílogo

Cinco anos depois...

Era bom estar de volta na cidade.

Depois de anos dedicados à faculdade e ao trabalho, visitar minha cidade natal era sinônimo de um descanso necessário. Nenhuma mudança muito drástica aconteceu aqui, além das mudanças em algumas fachadas de casas e manutenção básica das ruas, não conseguia identificar mais nada.

Isso era bom. Ainda podia sentir, assim, o cheirinho de casa antes mesmo de chegar lá. Pois, precisava fazer uma parada rápida antes de rever todos - como pretendia fazer uma surpresa, não havia que se preocupar com horários. Mamãe, papai e Cho Hee acham que passarei mais um ano no meu apartamento, duas cidades longe daqui, focada no trabalho. Eles não desistiam de me chamar para passar um tempo em casa, porém eu acabava recusando todas às vezes. Mas... não sei. Essas férias, uma intuição persistente me dizia para voltar.

Rever meus pais e minha irmã valeria a pena, mesmo com esse pressentimento apertando o peito e dizendo que algo bom estava reservado para mim nesta visita.

De qualquer forma, será uma boa surpresa que terá de esperar um pouco, no final das contas.

Desci do carro e envolvi o corpo com meus braços. Estávamos no inverno, tudo que queria era ir para um lugar aquecido e tomar chocolate quente. Mas, antes, precisava vir a este parque.

Não sei... Só sentia que havia deixado uma péssima última lembrança deste lugar - quando passei horas no meu esconderijo, chorando.

Todo o aspecto do lugar havia mudado. Eu havia mudado. Nesta estação, as flores não coloriam e iluminavam mais o local, poucas pessoas andavam agasalhadas - a maioria preferia, de fato, manter-se aquecida em suas residências - e o silêncio acolhedor era tudo que me restava.

Não pude evitar um sorriso nostálgico.

Era bom estar de volta na cidade.

Soprei ar entre minhas mãos e as enfiei dentro dos bolsos do casaco vinho e de tecido espesso, encarando meu desafio: esgueirar-me por entre os túneis do brinquedo à minha frente e reencontrar-me com o meu antigo esconderijo.

Tarefa difícil. Fazia tempo que não me aventurava em lugares estreitos demais para uma pessoa adulta.

De qualquer maneira, ignorei o fato de que usava saltos relativamente desconfortáveis para tal tarefa e fiz meu caminho familiar às memórias passadas, ao saber qual curva virar e quando subir mais. Por fim, achei meu esconderijo no túnel mais alto do brinquedo - onde os pais normalmente impediam as crianças de irem - e confirmei ser o local certo quando parei de frente a uma rachadura na altura do meus olhos; a rachadura era, na verdade, um minúsculo buraco que me permitia observar com apenas um olhar o movimento lá embaixo.

Costumava dizer que era uma visão privilegiada do que acontecia alguns metros de distância, fiquei feliz por não terem consertado essa falha.

Não sabia exatamente por que queria parar aqui antes de ir para casa. Mesmo usando a desculpa da minha última memória daqui, acho que apenas... senti falta. Por isso, deixei os minutos correrem enquanto eu escutava música nos fones de ouvido dentro deste cubículo. Alternei entre prestar atenção no que conseguia entre o espaço rachado e encostar o tronco na superfície curvada, com os pés levemente dobrados e estirados para o lado.

Quando julguei já ter passado muito tempo, guardei meu celular e fone no bolso do casaco e fiz meu caminho de volta ao chão escorregadio do parque. Segurei firme nos degraus da escada úmida, concentrada no movimento dos meus pés - a escada era alta o suficiente para me fazer temer cair. Porém, mesmo com meus cuidados, pisei em falso e só senti quando escorreguei de um dos degraus. Prendi a respiração, esperando a queda feia - mesmo não estando em um degrau tão alto -, mas não cheguei a cair.

ONLY TOLD THE MOON | NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora