[❄️] COLD HEARTED || JJK

|| Surrounded ||

Olho em volta. O quarto era grande, cheiroso e possuía uma parede inteira em espelho. Havia uma suíte também com uma banheira e uma ducha.

Esse lugar não era barato, disso eu podia ter certeza. E estranhamente, eu me sentia mais feliz do que o normal por   passar a noite aqui com ele.

Eu nunca realmente havia passado a noite fora com um cara, sempre que o lance acabava, cada um voltava para sua casa e pra mim estava mais que ótimo.

Mas por algum motivo, eu estava realmente eufórica de ter aquele tratamento vindo de Jungkook. Ele não precisava fazer isso, não estava no nosso acordo. Mas ele fez.

Tiro meu celular do bolso e finalmente respondo minha mãe, dizendo que ia passar a noite na casa de Jimin. Eu já havia dormido na casa do meu melhor amigo varias vezes, então sabia que ela não ficaria preocupada comigo.

Senti na cama e sinto meu coração acelerar. Eu e Jungkook já havíamos transado, eu não devia me sentir ansiosa. Talvez fosse influência do lugar.

Ou talvez porque eu havia aceitado meu sentimentos por ele. Ele não era mais apenas um corpo, não era apenas uma foda fixa.

Ele havia se transformado em algo muito maior para mim, antes mesmo que eu me desse conta. Ele agora era olhar, palavras, sentimento.

E por mais que eu odiasse admitir, eu queria tanto que fosse recíproco. Eu não queria ter que me livrar daqueles sentimentos, pois eu sabia que não era simples assim.

Se eu tivesse que afastar minha paixão por Jungkook, eu teria que afastar o próprio e isso eu não queria. Eu me sentia bem com ele, como se fosse natural, como se estivéssemos "juntos" desde sempre.

Ouço uma batida na porta despertar-me de meus devaneios e levanto para atendê-la.

Jungkook estava lá parado, com seus olhos nos meus como se já soubesse em qual altura os encontraria.

Ele trazia duas bandejas, pratos prontos da loja de conveniência, e uma sacola pendurada ao braço com coisas que eu ainda não podia adivinhar.

—  Espero que goste de frango frito com kimchi. - ele sorri, como se aguardasse minha afirmação.

—  Você sabe que sim. - sorrio também, dando passagem e lembrando-me que da última vez que comemos juntos também era frango frito.

Ele entra e já senta-se na cama, com as pernas cruzadas em cima do colchão. Eu faço o mesmo e sento-me de frente para ele.

Ambos estávamos abrindo nossa comida, que Jungkook já havia esquentado e cheirava muito bem. Ele me tira da sacola duas latinhas de coca-cola e me entrega uma depois de abrí-la.

Eu estava mais observadora agora diante dele. O modo como ele me olhava para checar se eu estava aproveitando a refeição e o modo como ele mesmo comia e mastigava; era tudo tão satisfatório ao meu ver.

—  No que está pensando? - ele é o primeiro a cortar o silêncio que era de certo agradável a minha observação atenta.

Em ti.

—  Em quanto está gostoso. Eu realmente estou faminta. Obrigada Jungkook. - invento algo para não dizer o que realmente se passava em minha mente, mas não deixava de ser verdade também.

—  Ainda bem que gostou. E.. voltou a me chamar pelo nome? - ele olha para mim com uma de suas sobrancelhas levantadas.

—  Como assim? - não posso conter meu sorriso enquanto ainda saboreava minha refeição.

—  Não se faz de desentendida agora mocinha. Tava me chamando com aquele apelidinho. - ele debocha, sorrindo e não tirando seus olhos de mim.

—  Qual? Ggukie? - finjo não saber.

—  É.. você tá sempre me chamando de Jeon, parecendo sempre.. distante. E agora vem com um apelido adorável?

O modo como a voz dele saia diferente essa noite devia ser proibido por lei, ainda mais quando mexia hipnoticamente aqueles lábios rosados. Ele estava suave..?

Era difícil explicar, mas ele estava diferente. Ou seria eu quem havia mudado? Seja quem for, essa mudança não me incomodava, era boa, acolhedora.

—  É porque você está sendo adorável. Quando você é autoritário, dominador e ousado, você é Jeon. Quando se abre comigo e está conversando seriamente é Jungkook. E quando é fofo é Ggukie. - explico pois realmente pareciam pessoas diferentes habitando o mesmo corpo.

—  Fofo é tão friendzone.. por acaso eu perdi o respeito huh? Gostaria de poder te mostrar o quão "fofo" eu sou e arrancar essa palavra de vez da tua boca com uma boa foda.

O seu olhar muda, a sua voz muda. Jeon estava presente, mas ainda assim mais casual.

—  É? Então por que não faz isso? Por que não me mostra agora? - provoco, apoiando meus hashis na bandeja e olhando-o nos olhos.

Ele apenas deixa um riso anasalado sair, balançando negativamente si cabeça.

—  Hoje não baby. Como eu vou te punir por ser uma garota má dando exatamente o que você quer? E outra, eu prefiro que você se lembre das minhas.. punições no dia seguinte. - ele diz e termina sua refeição.

—  E por que eu não me lembraria? - porra, eu não queria admitir mas eu queria tanto que ele me punisse como da última vez. Aquilo não era punição, era prazer.

Mas ficar na seca era punição. Se desta vez Jungkook realmente queria me punir, ele acertou em cheio.

Ele se levanta e tira as bandejas e latinha da cama, descartando-as no lixo antes de voltar e ajoelhar-se no colchão, bem a minha frente.

Jeon levanta meu queixo com seu polegar e indicador, fazendo-me mergulhar em seu olhar intenso pra só então responder minha pergunta.

—  Porque a senhorita fez algo que não devia. Além de me deixar puto por fazer com aquele zinho, é ilegal. E eu não tenho garantias de que vai lembrar desse tipo de punição amanhã, já que está chapada.

Ele se aproxima do meu pescoço, deixando sua mão descansar do outro lado do mesmo, enlaçando alguns fios meus com seus dedos.

Ele faz minha cabeça tombar para o lado e cheira meu pescoço, deixando um beijo no local. Depois leva a face os fios que seus dedos enlaçaram e os cheira também.

Maldito, eu já estava começando a ficar vermelha de vergonha.

—  Você cheira à aquela planta.. - ele diz baixo e seriamente enquanto aproxima seu rosto do meu, quase fazendo com que nossos lábios se encostem - e cheira à ele também. Porra, eu quero tanto apagar esse cheiro de você.

—  Faça isso, me deixa com o teu cheiro porque é só dele que eu preciso. - digo quase em desespero.

Ele não precisa de mais nada para tomar meus lábios para si, furiosamente. Jeon nunca foi calmo ao me beijar, mas naquele momento eu sabia que além de tesão havia raiva.