O Convite | Capítulo 2

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— Sou a sobrinha do Evando, irei morar aqui. Acho que ele já tinha combinado tudo. — digo.

— Oh, essa é a da Zona Sul. — Diz um dos vapores.

Zona Sul? Parece que Edgar exagerou um pouco ao mentir minha antiga localização, mas se ele acha que eu sou capaz de ser uma patricinha, eu serei.

— Ela realmente tem cara de patricinha, seja bem-vinda. — Diz o vapor.

— Obrigada, você poderiam me levar até onde ele mora? É que eu nunca vim aqui antes...

— Aí Pardal, leva a princesinha lá. — Diz o vapor.

— Mas é claro, volto rápido. — Diz quem se atendia por Pardal.

Ele pegou minha mala, e fomos.

— Por que ele te chamou de Pardal?

— Meu apelido aqui no morro, meu nome verdadeiro é Pedro.

— Posso te chamar como Pedro? É estranho chamar alguém por apelidos estranhos.

— Se faz tanta questão... E aí, o que fez os pais da princesinha te expulsarem de casa? — Pergunta Pardal.

— Eles acharam que me desempenho escolar estava caindo, fui assumir meu namorado para o meu pai e ele não deixou, disse que namoro era só depois dos meus 25 anos.

— Seus pais devem ser bem exigentes. Mas e aí, ainda namora?

— Namoraria, mas ele não mora nesse morro, é em outro, acho que... Morro da Rocinha sei lá...

—  Quem era? Talvez eu conheça.

Pense bem, se eu falar o nome do Bruno ele pode conhecer, podem me usar como arma contra minha casa, mas eu vou mentir caso peçam informações.

—  Bruno Santos.— Minto.— Meu pai dizia que ele era muito velho.

—  Mas como vocês se conheceram?—  Ele mudou quando eu disse "Bruno Santos", parecia conhecer, sabia.

—  É uma longa história, mas resumindo... Ele se esbarrou comigo em uma rua da onde eu morava.

— E sobre seu pai que achava ele mais velho, quantos anos você tem?

— 17, daqui duas semanas farei 18.

— Entendi. Bom, chegamos...

— Obrigada. — digo, pegando minha mala e indo bater na porta.

— Ei, hoje de noite terá um baile funk, umas 21:00h, quer que eu te pegue e vamos lá?

Eu me viro.

— Eu nunca fui a um baile funk, eu até danço quando estou sozinha, mas como vou dançar com um monte de gente lá? — digo.

— Eu não te deixo sozinha lá. Eu vou voltar, não posso demorar tanto... Eu passo aqui 21:00h, caso queira ir, nós vamos.

Dou um sorriso e logo ele sai, eu entro na casa e vejo o Evando e a Carla, comprimento eles e arrumo minhas coisas no meu quarto. Alguns minutos depois entra Carla no meu quarto.

— Ei, tem umas pessoas plantando flores na praça, não gostaria de ir lá fazer também? Quando eu morava lá, você adorava plantar. — Diz Carla.

— Eu adoraria.

Coloco um macacão que não era tão longo, um chinelo e prendo o cabelo, logo depois eu e a Carla fomos para a praça.

[...]

Rafael On:

— Eu estava pensando em invadir mais um morro. — digo enquanto olho o movimento da praça, até que vejo uma menina nova.

Parecia que estava tudo lento, as criança jogavam água da mangueira nela e ela pegava água do balde e jogava neles, ela estava rindo e... Aquele sorriso, que coisa de outro mundo, quem era aquela garota?

— Qual desta vez, Chefia? — Pergunta Pardal.

—... Espera aí.

Vou até ela.

Helena ON:

Veio um homem na minha direção, junto do Pedro.

— Espera aí seus pestinhas! — digo, as crianças param e começam a brincar entre sí. — Posso ajudar?

— Quem é você? Nunca te vi por aqui antes. — Diz o homem.

— Eu sou Helena, sobrinha do Evando e da Carla, sou nova aqui no morro, prazer em conhecer você. — continuo plantando. — E você?

— Eu sou... — Quando ele ia dizer, foi interrompido.

— Fala Patricinha. — Diz Pardal.

— Cala a boca, eu não sou patricinha. E aí "Pardal".

— Vejo que já conheceu o chefe.

— Vocês já se conhecem? — Diz o homem.

— Sim, ele que me recepcionou. — digo.

— Não importa, bem-vinda, meu nome é Rafael, mas aqui me chamam de ROF, dono da parada toda.

— Me desculpa recebê-lo pela primeira vez assim, toda molhada, mas... Eu estava plantando.

Ele me deu um sorriso malicioso.

— O que foi? — pergunto.

Antes de ele falar, várias crianças jogaram água nas minhas costas, estava gelado.

— VEM AQUI, AGORA EU FIQUEI BRAVA. — grito correndo atrás das crianças, pego uma e começo a fazer cócegas.

Rafael ON:

Essa menina é algo de outro mundo, diferente das meninas aqui do morro. Sua beleza é inigualável e aquela voz... Melosa e encantadora. Ela não era nem de longe alguém de morro.

— Aí chefe, paralisou na mina?

— Vai achar o que fazer, vai.

[...]

Helena On:

Anoiteceu e eu pensei na proposta do Pedro, decidi ir, comecei a me arrumar, tentei ser bem patricinha. Pedro estava me chamando, eu estava colocando meu salto agulha nesta hora, desci e ele ficou me olhando.

— E aí? Como estou? As roupas são muito curtas? Será que vão me julgar? — digo.

— As meninas costumam andar diferente de você, usam roupas mais curtas que isso, se produzem menos... Mas você está linda. — Diz ele.

Neste momento eu fiquei corada, no morro em que morava, ninguém dizia coisas assim, era mais para cantadas idiotas.

— O...Obrigada.

Encomenda TraiçoeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora