As flores e O Recado | Capítulo 5

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Helena On:

Anoiteceu e eu estava voltando para casa, até que uma moto foi me acompanhando, virei para ver quem era. Que ótimo, o Rafael.

— Quer carona na moto do pai? Ou tem medo de eu te levar para algum lugar e te estuprar? — Diz ele, irônico.

Eu tentei me controlar, mas sem querer dei uma risada.

— Como você é idiota... Sim eu tenho medo de você me levar para algum lugar.

— Larga de ser trouxa, senta que eu te levo lá rápidão.

Eu fico olhando para ele com cara de "é sério isso?" durante algum tempo, depois eu aceitei seu convite.

— Não vai rápido, eu tenho medo de cair de moto.

— Opa, agora que eu vou rápido mesmo.

Eu bati nele.

— Eu estou brincando, besta. — Diz o mesmo.

Rafael On:

Eu a levei para minha casa, o JP já estava lá vendo se eu ia pegar ela mesmo, junto com os outros moleques, seria agora.

— O que a gente está fazendo aqui? — Pergunta ela.

— Tenho que pegar uma coisa em casa.

Eu abri minha casa e fiquei do lado de dentro esperando ela, mas ela nem saiu de perto da moto.

—Não vai entrar?

— Não sou eu que vou pegar a tal coisa, eu te espero aqui.

Mas que menina idiota, eu fui lá perto dela.

— Você não entendeu o que eu ia pegar?

— Nã... — a interrompo com um beijo, logo ela se afasta de mim. — O que você está fazendo?

— Eu quero você, Patricinha. Quero ver se sua brutalidade na cama é que nem a na defensiva.

Os olhos dela arregalaram, ela corou fazendo uma cara de brava e me deu um tapa no rosto.

— EU NÃO SOU UM OBJETO PARA SER ESCOLHIDO, IDIOTA. — Ela grita, todos na rua ficam olhando para nós.

— Ei, tem gente olhando, vamos lá para dentro que eu resolvo com dinheiro.

— DINHEIRO? ACHA QUE EU SOU AS PROSTITUTAS QUE VOCÊ COMPRA COM PAPEL? — Diz ela, depois ela vai em direção da casa dela e eu puxo seu braço e aperto com força.

— Espera aí, vagabunda, você vai entrar na minha casa querendo ou não, você não vai acabar com a minha imagem. — Sussurro no ouvido dela.

Ela virou para mim, trocando os papéis dos nossos braços, agora ela que segurava o meu.

— Você não presta mesmo, se importa de manter as aparências de pegador, não ache que eu não notei seus parceiros escondidos ali em cima. — Diz ela, seu rosto estava vermelho e caiam várias lágrimas. — Eu poderia quebrar seu braço agora, mas não vai valer nada o esforço, você ainda será esse imbecil... Eu não pensei que você falaria comigo somente para me comer, mas porque gostava de mim como amiga... Nunca mais fale comigo.

Ela saiu chorando.

— NOSSA, UMA MENINA REJEITOU O ROF.

—QUE MILAGRE FOI ESSE?

— HAHAHA ESPERA TODOS SABEREM DISSO.

Eu pego minha arma e atiro para cima, aquela filha da puta acabou com a minha reputação, ela está morta.

— SE EU SOUBER QUE ESSA MERDA SAIU DAQUI, NEM SE FOR POR SUSSURROS, EU ACABO COM A RAÇA DO FILHO DA PUTA. — grito.

Subi na minha moto, saí com ela por aí e parei em uma rua.

— O que faz aí fora nesse frio, meu filho? Volta para casa. — Diz um velho que estava na janela.

— Eu faço o que eu bem quiser.

— Você parece minha falecida mulher, ela era revoltada assim também...

Pronto, agora ela vai ficar falando de mulher que morreu, eu mereço.

—... Mas eu amava ela, me lembro da primeira vez que eu a vi, estava linda, ela gritava comigo, mas eu era paciente com ela.

— E você não batia nela? Se uma mulher aumenta a voz para mim, eu a espanco até a morte.

— Eu? Bater nela? Nunca, era difícil, porque tinha que reconquistar ela, senão ela nem falava comigo.

— Aí eu brigaria com ela até ela falar comigo.

— Não tenha esse ódio no seu coração, mulheres são algo impressionante, conseguem mexer com os nossos sentimentos de uma forma, não são sacos de pancadas ou algo com que você possa gritar... Quando tristes, até a gente sente a dor delas.

— Aí, o que você faria se sua ex-mulher dissesse que não quer mais falar contigo?

— Eu deixaria flores para ela, com mensagens bonitas, convites para lugares que acharia que ela gosta e outras coisas.

— Interessante... Valeu aí.

Helena On:

— Sua idiota! Seu plano vai por água abaixo por sua causa! — digo chorando. — O que espera também? Que será respeitada no morro do seu inimigo? Você deveria se controlar, amanhã terei que avisar ao Edgar sobre a minha volta...

Eu passei a noite inteira chorando e pensando como eu falaria da minha volta para Edgar... Amanheceu e Evando e Carla ainda estavam dormindo e eu tinha que ir para a escola, me arrumei e desci para tomar café da manhã. Quando estava indo para a escola, tinha um buquê de flores no chão com um bilhete.

"Me desculpa por ontem, estava obcecado em mostrar aos meus 'parceiros' que eu poderia pegar qualquer uma, mas... Eu gosto sim de você como amiga, e gostaria de recomeçar contigo."

Achei a minha salvação, ainda era cedo e a escola não era tão longe, então eu poderia fazer uma coisinha...

[...]

Rafael On:

Eu nem tinha dormido, fiquei acordado a noite inteira jogando e fumando. Até que escuto um barulho de toque na porta.

— Já vai. — Grito.

Quando cheguei à porta, as flores que eu deixei hoje um pouco mais cedo na casa da patricinha estavam no chão, com uma folha rasgada de caderno.

"Está bem, mas a partir de hoje sem caronas."

— Essa garota... Dá raiva dela ser tão... Assim. — Sorrio.

Encomenda TraiçoeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora