Elena Maria de Bourbon
João tinha me feito companhia aquela manhã toda. Conversamos sobre coisas banais, e pela primeira vez em tantos dias eu até sorri um pouco. Ele me implorou para que fôssemos até o jardim, e eu decidi ceder ao pedido dele, não ia me matar sair daquele quarto.
— A mãe e o pai estão bem nervosos com toda a situação do cancelamento do acordo. Mas eu não entendo essa surpresa deles, era óbvio que o rei da Escócia não ia querer continuar com o acordo. - Comenta João.
Assenti.
Eu ainda não tinha conversado com meus pais, principalmente com meu pai, ainda mais depois daquele tapa. Era até como se eles me culpassem de alguma forma por aquilo ter acontecido, mas ninguém tinha culpa do navio de Arthur ter naufragado.
— Papai veio até o meu quarto para me contar do cancelamento, e acabamos por brigar mais uma vez. Ele me deu um tapa na cara. Não aguento mais tudo isso, João. Odeio estar aqui, odeio o que a minha vida se tornou depois da morte de Arthur.
Ele acaricia meu rosto com carinho.
— Você precisa ser mais forte do que já é irmã. As coisas vão ficar ainda mais difíceis, disso eu tenho certeza. Em algum momento eles vão querer arranjar outro casamento para você e dessa vez não vão esperar três anos para que você se apaixone. Você conhece os nossos pais, tudo que eles querem é mais dinheiro para a Espanha, e eles irão fazer de tudo para que isso se realize.
— Eu não vou me casar novamente. Eles jamais vão conseguir me obrigar a isso. Eu prefiro o que for, mas me casar com um total desconhecido isso jamais, ainda mais depois de tudo que passei. Eles não respeitam a minha dor, não respeitam meu luto. Eu me sinto como uma viúva que perdeu seu marido, e é basicamente isso, João. Nós nos casaríamos em um mês, Arthur me prometera isso, mas agora tudo não passa de uma lembrança.
— Eu entendo, e vou protege-la deles. Estou cansada da tirania de nossos pais, nós precisamos de...
— Oh, minha querida prima. Meus pêsames pela morte do seu amado noivo.
A voz de Frederico infiltrou meu ouvido e eu me virei para ver se ele realmente estava ali, e estava. Como ele tinha coragem de falar comigo? Como tinha coragem de manter aquele sorriso, e aquele olhar de superioridade e felicidade? Era como se estivesse debochando de mim, mas aquilo não era surpresa alguma.
— Saia daqui. - Falo irritada.
Ele ainda teve coragem de se fazer de ofendido.
— Querida, não fale assim comigo, estou apenas querendo conversar, sei o quanto deve estar sendo difícil para você, mas em algum momento você vai ter que superar.
Eu não aguentei. A raiva que eu sentia dele se acumulou completamente dentro de mim e explodiu de vez. Dei-lhe um tapa forte no rosto, ele me olhou com tanto ódio que pela primeira vez eu vi quem Frederico era realmente por trás daquela máscara debochada.
— Fique longe de mim, ou eu mesma o mandarei para a forca. Já aguentei você durante muito tempo, seu imbecil.
João e eu começamos a andar em direção ao palácio, mas eu senti alguém me puxar pelos cabelos. Uma dor forte me atingiu.
— Você realmente acha que vou permitir que você faça isso? Quem você pensa que é? Você não passa de uma mercadoria que seus pais querem vender e se livrar a todo custo. Você vai pagar por tudo isso um dia, e eu vou me encarregar disso. - Ameaçou ele, ainda me puxando, foi então que ele me empurrou e fui amparada por João.
João ao ver aquilo, partiu para cima de Frederico, mas ele era muito novo, mal sabia brigar de verdade. Frederico acabou por machuca-lo no rosto, e um dos guardas veio para apartar a briga.
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A Princesa Prometida (Livro 2)
Roman d'amour(Livro 2 da trilogia: A Assassina, A Princesa e a Rainha) A princesa Elena estava feliz e apaixonada por Arthur, o príncipe herdeiro da Escócia. O casamento deles já estava próximo de acontecer, mas uma tragédia parou com o plano de todos. O navio e...