algumas pessoas são más

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Já haviam se passado dois dias desde o incidente no parque e Donghyuck não conseguia por nada parar de pensar naquele garoto canadense que tanto o instigava. Se revirava sobre a cama no silêncio da noite, volta e meia tendo seu olhar direcionado à janela aberta que mostrava as estrelas luminosas, fazendo o céu noturno ser preenchido quase que completamente pelos pontinhos brilhantes.

Quando chegou na escola no dia anterior, pensou que Mark agiria diferente, afinal aquele beijo tinha de ter significado algo, pelo menos para Donghyuck significou, mesmo que tentasse convencer a si mesmo de que não era nada. Quando chegou lá, Mark o tratou da mesma forma de sempre, tirando algumas provocações quando os outros não estavam prestando atenção, algum toque rápido no braço quando ia colocar algo no lixo durante a aula ou uma piscadela enquanto apresentava algum trabalho, o que acabava por desnortea-lo e deixá-lo vermelho como um pimentão. Exatamente como se encontrava naquele momento, se revirando sem sono sobre a cama e com o rosto queimando ao lembrar dos beijos. Haviam sido tão curtos, mas tão inesquecíveis. Ainda podia lembrar exatamente do toque, da temperatura e do coração batendo acelerado como se estivesse prestes a pular para fora.

Sentou na cama frustrado, esfregando os olhos carregados pelas olheiras. Olhou no relógio do celular, vendo que já passavam das três da manhã. Tinha aula no dia seguinte, mas não conseguia pregar os olhos por nada.

Donghyuck se assustou ao ouvir um barulho vir da janela, dando um pequeno pulo na cama de molas. Olhou naquela direção e esperou por alguns segundos, vendo uma pedrinha bater contra o vidro, reproduzindo o mesmo barulho de antes. Se levantou, indo até a janela, tendo certeza de que havia alguém querendo lhe pregar uma peça ou algo do tipo.

Abriu a janela rapidamente, dando de cara com o vazio do asfalto. Não havia ninguém ali.

– Oi Hyuck – ouviu uma voz vir da sua direita e pulou para trás assustado, com o coração batendo a mil.

Então viu a figura de Mark entrar pela janela, usando a jaqueta preta de couro de sempre e com a mesma pose de bad boy que era tão natural para si quanto respirar.

– O que você tá fazendo aqui? – perguntou, tentando acalmar o coração que ainda batia rapidamente.

– Temos uma reunião de última hora – o mais velho respondeu, dando as costas em direção a janela novamente – Vamos.

– Mas eu ainda tô de pijama – contestou, olhando para o conjunto com estampa de foguetes que usava.

– É bonitinho, não tem problema.

– Bonitinho?

– Sim, como você – ele sorriu e Donghyuck achou que fosse desmaiar pela pancada que foi receber aquele gesto – Agora vamos logo.

Mark pulou para fora com facilidade, afinal a janela não era muito alta. Donghyuck o seguiu, tentando arrumar o cabelo desgrenhado ao máximo. Já não bastava estar de pijama na frente de Mark, ainda estava despenteado e com o rosto amassado.

– Onde vamos? — perguntou quando já estavam andando no meio do asfalto.

– Quando chegarmos você verá.

Mark retirou uma carteira de cigarro do bolso, colocando um dos fumos entre os lábios molhados pela saliva e guardando novamente a caixinha. Donghyuck o observava enquanto andava, vendo o cigarro apagado pender dos lábios de uma forma quase artística enquanto ele tinha as mãos enterradas nos bolsos da calça justa.

– O que foi? – Mark perguntou quando notou ser observado.

– Você não acende? – perguntou de volta, referindo-se ao cigarro.

cool kids | markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora