boys don't like boys

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Donghyuck acordou bem mais tarde que o normal naquele dia. Havia ficado até tarde no clube e se perdido no sono por ter ido dormir de madrugada. Quando levantou, Jeno já estava comendo o cereal com leite de todas as manhãs.

- Por que não me acordou? - perguntou ao se aproximar, dando um peteleco na orelha do irmão mais velho.

- Eu te chamei uma duas vezes pirralho, você não mexeu nem um músculo - Jeno se levantou, empurrando o outro para poder usar a torneira - E você estava murmurando o nome do Mark enquanto dormia, fiquei até com medo...

- Mentira sua!

- Verdade - Jeno riu, se aproximando e mexendo na pontinha da orelha do outro apenas para irrita-lo, sabia como ele odiava aquilo - Imagina se o líder descobre que Donghyuck tem um abismo por ele desde quando estavam na escolinha?

- Garotos não gostam de garotos, seu idiota.

- Até quando você vai ficar mentindo para si mesmo, Hyuck? - Jeno perguntou com a voz cansada, não entendia o porquê de tanta negação - Uma hora ele vai acabar descobrindo.

- Se você contar algo pra ele eu te mato - o mais novo ameaçou, apontando a colher que usava para mexer o leite com nescau radical.

- Se não gosta dele, não deveria estar se preocupando tanto - Jeno sorriu convencido - Do jeito que Mark é vai descobrir rapidinho. Ele gosta bastante de... Ser admirado pelos outros.

- Não me interessa - balbuciou descontente, sorvendo o líquido amarronzado da xícara.

- Nem parece ser a mesma pessoa que me implorou pra participar do clube só pra conhecer Mark Lee - Jeno riu, não acreditando nem um pouco na palavra do mais novo.

Donghyuck bufou e ignorou o irmão, tomando o restante do líquido de uma vez só e lavando rapidamente a xícara.

- Falando nisso - Jeno se pronunciou diante o silêncio do outro - Depois da escola temos uma reunião do grupo, não esqueça.

- Vovó e vovô não vão estranhar de eu sair junto com você? - perguntou alarmado.

- Eu falei que nós vamos na casa de um amigo fazer algo pra escola. Com o tempo arrumamos outra desculpa.

- E se eles descobrirem?

- Gente velha não sabe de nada, Hyuck. Só não são piores que os adultos. Lembra o que eu falava pra você quando era pequeno?

- "Você não deveria ter medo dos monstros embaixo da cama, e sim daqueles que te colocam pra dormir. Esses sim são uns cafajestes" - Donghyuck repetiu com ar entediado, instantaneamente lembrando dos pais, tais que nem sabia o paradeiro atual - Já pode ser o próximo Freud, parabéns.

- Obrigado - Jeno falou, vestindo o casaco e pegando a mochila em frangalhos - Agora vamos logo, já estamos atrasados.

...

Ele era bonito e inalcançável. Amado e temido da mesma maneira. Grande parte dos minutos que Donghyuck tinha disponíveis no intervalo eram usados em prol da observação diária a Mark Lee, o garoto que tanto lhe interessava. Dessa vez poderia lhe olhar mais de perto já que naquele dia começara a integrar a mesa do Cool Kids.

Ele comia em silêncio, vez ou outra trocando algumas palavras com os outros componentes do grupo. Não era permitido falarem nada sobre os assuntos do clube, afinal alguém poderia ouvir e seriam pegos, coisa que traria o fim das missões semanais dos jovens.

- Alguns dizem que se você olha demais pra uma pessoa, ela pode sentir o peso dos seus olhos à distância - Jeno sussurrou no ouvido do irmão que estava debruçado na mesa, ainda com a visão presa em Mark.

- Não enche - reclamou, fuzilando o mais velho com os olhos e logo voltando a encarar o líder do grupo.

Acompanhou com o olhos quando ele acabou seu lanche e levou os restos até o lixo, logo sentando novamente no mesmo lugar.

- O que você tanto olha? - Mark perguntou, a voz firme surpreendendo a todos que se calaram instantaneamente.

Donghyuck levantou o rosto, sentindo a face queimar ao ter tantos olhares sobre si, especialmente o de Mark que parecia quase o despir com os olhos penetrantes.

- Eu fiz uma pergunta - Mark falou novamente, nem mesmo uma respiração se ouvia na roda que formavam, era clara a tenção que a presença de Mark proporcionava.

Donghyuck olhou para Jeno, tentando pedir ajuda com os olhos, mas ele simplesmente deu de ombros com um sorriso de canto que teve vontade de socar. Engoliu em seco e voltou o olhar para o líder que tinha os braços cruzados.

- N-nada - não conseguiu controlar a voz trêmula devido a timidez de estar naquela situação.

- Se você estava olhando é porque tem algo - ele insistiu, fazendo todos olharem apreensivos para o garoto, esperando a resposta.

Donghyuck baixou o olhar, procurando uma resposta ou esperando que o sinal tocasse, o que certamente não aconteceu.

- Aqui nós somos sinceros uns com os outros, isso faz parte da união do grupo. Agora fale logo, vá.

- Eu... - Donghyuck engoliu em seco, voltando novamente o olhar para Mark - Eu estava... admirando...?

Mark ficou sério por alguns segundos, como se tentasse entender aquelas palavras. Então sorriu. Começou a rir e todos da mesa fizeram o mesmo, logo relaxando a tensão antes presente.

Foi então que Donghyuck lembrou do que Jeno havia lhe falado.

"Mark gosta de ser admirado"

Abaixou a cabeça, se sentindo envergonhado e torcendo para que o rosto não estivesse tão vermelho como sentia que estava.

Logo todos começaram a conversar novamente, como se nada houvesse acontecido. Donghyuck levantou o olhar por um momento, vendo que Mark ainda o encarava. Não sabia se estava delirando ou não, mas teve certeza de ve-lo passar a língua lentamente pelos lábios finos, aquele ato logo seguido de um sorriso direcionado a si.

Então ele se levantou e por um momento Donghyuck pensou que vinha em sua direção, pois mantinha o olhar sobre si. Sentiu um repentino frio na barriga, qualquer ato de Mark o deixava nervoso, mesmo que negasse.

- Não esqueçam da reunião depois da aula - falou quando parou de andar, a princípio encarando Donghyuck e então passando os olhos pelos outros que concordaram.

Ele deu as costas e saiu. Foi só então que Donghyuck percebeu que tinha as palmas suadas e o coração acelerado.

- Seu rosto tá tão vermelho - ouviu a voz de Jeno falar em seu ouvido - Pode ter certeza de que ele notou.

Empurrou o irmão com o ombro e ignorou suas risadinhas, ainda acompanhando Mark com o olhar, este que andava tranquilamente com as mãos nos bolsos e passos firmes que maltratavam o chão.

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número de palavras: 1068

cool kids | markhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora