Resiliência

Traição

"O Sol já estava baixo, no entanto o comprador ainda não havia chegado. Eu e mais cinco homens tínhamos sido destacados para aquela entrega em específico. Era uma venda importante, por isso Rosane não queria falhas.

Depois da minha mudança de identidade, Robert acabou por morrer seis meses depois devido a um paragem cardíaca. A sua filha foi quem assumiu o negócio comigo a seu lado para impedir que a destituissem.

A vida que levávamos antes não era muito segura mas depois da morte de Robert tudo ficou mil vezes pior, logo não nos restou nenhuma outra alternativa. Pela segunda vez tive de perder uma das pessoas que mais amo neste mundo. O Jasper teve de ser dado para adoção em nome da sua vida.

Uma vez mais aquela dor no peito invadiu-me não só a mim como também a Rosane, só que essa era a melhor decisão que podíamos tomar.

À custa disso tornámo-nos mais insensíveis e frios. Assassinar alguém com as próprias mãos passou a ser algo banal. O medo tornou-se inexistente e eu tornei-me quase implacável.

O som do motor de um carro é ouvido ao longe. Rapidamente alcancei a minha arma escondida por baixo da minha blusa. Só consegui descontrair quando vi de quem era o carro. Do comprador.

Ele e mais quatro homens saíram de dentro do veículo, no entanto, antes de poderem sequer se aproximar tiros ressoam no ar.

Todos os homens que acabaram de chegar foram abatidos e eu, sem pensar duas vezes, fugi durante a troca de tiros.

Fugi para dentro da floresta o mais rápido que consegui, só que o som de passos ecoou atrás de mim.

Estou a ser seguido.

Aguento-me a correr o máximo que consigo mas o meu perseguidor também possui uma elevada resistência física. A mesma demonstrou ser maior do que a minha no momento em que o seu corpo colidiu com o meu de encontro ao chão.

Tentei atingi-lo apesar de estar de costas e assim que consegui ficar por cima dele, eu não podia ter ficado mais inerte possível. O rapaz abaixo de mim imitou-me.

Possuía um corpo de bom porte. O rosto estava a caminho de se tornar bem marcado na zona do maxilar mas os seus olhos negros como a própria escuridão, agora arregalados, permaneceram os mesmos.

-Tchétché!?

-Gadreel!?"