Após anos vivendo sem contato com o mundo externo, Storm Winter se vê obrigada a fugir de seu lar e deixar tudo o que tinha para trás.
Com uma grande curiosidade e força de vontade, a garota consegue desenvolver seus poderes, que até então estavam...
Os primeiros raios de Sol bateram em meu rosto, me distanciando da beirada do telhado. Meus olhos permaneciam no horizonte, observando a manhã se instaurar pelos tons coloridos de rosa e amarelo como uma pintura pelo céu azul. Admirar o despertar do dia era minha atividade favorita desde a infância e somente retornava para meu quarto após ver a enorme bola de fogo, que adora chamar atenção, surgir por completo.
A brisa suave levou os poucos fios soltos dos meus cabelos para trás, um sinal claro que já estava no momento certo de voltar.
Passei pela grande janela, que ficava um pouco abaixo das telhas, e alcancei o corredor dos lugares em que eu podia visitar naquela "casa". Corri os olhos pelo espaço, em busca de algum risco para minha saída, mas apenas encontrei todas as portas fechadas como de costume.
Respirando aliviada, comecei a caminhar suavemente até a grande entrada azul marinho, abrindo-a rapidamente para evitar sons que chamassem a atenção. Apesar de estar sozinha naquele andar, tinha certeza que qualquer ruído poderia ecoar pelos demais corredores.
Analisei o meu quarto ao entrar, andando devagar até a cama de casal que ficava centralizada no grande cômodo, cobertas em um tom de azul claro cobriam o colchão. Respirei fundo, me deitando na cama e aproveitando a sensação que ainda tinha do vento em meu corpo. Momentos em que minha mente estava totalmente limpa eram raros.
Os barulhos das batidas na madeira azulada me tiraram do meu pequeno momento de paz. Por que alguém estaria aqui às 6 horas da manhã?
- Storm - disse do outro lado, a voz doce e tão conhecida pelos meus ouvidos - Acorde, está na hora.
Me levantei calmamente e me direcionei até a entrada, abrindo a grande porta azul e encontrando Primula Stone.
Aquela mulher adorável, com 40 e poucos anos de idade, longos cabelos ruivos e um rosto angelical é a pessoa mais próxima dos meus pais, além de ser minha ótima, e única, amiga.
- Bom dia, Prim - sorri inocentemente, sentindo seus olhos examinarem minhas roupas. Já sabia o que vinha por aí.
- Bom dia, Storm - um sorriso, típico de sua desconfiança, tomou sua face - Por que está vestida dessa maneira se acabou de acordar?
- Fui fazer uma caminhada mais cedo, ver o nascer do Sol, sabe? - perguntei de forma distraída, entrando no quarto novamente. A mulher de cabelos vermelhos me seguiu, fechando a porta ao passar - Isso nos traz energias positivas.
- Você estava no telhado novamente? - questionou, me tirando um balançar de cabeça e um sorriso humorado - Storm, sabe que não podem te ver.
- Eu estou cansada de me esconder, Primula - suspirei, me jogando mais uma vez na cama macia. Estiquei meus braços para sentir um pouco mais das cobertas em meu corpo - Sei que sou uma aberração por não ter poderes e ser filha dos guardiões do gelo, sinto muito por isso.
- Você não é nada do que diz - sentou-se ao meu lado, começando a acariciar meus longos cabelos loiros - É a única herdeira, Storm, a próxima e mais poderosa guardiã do gelo - sorriu de lado, tentando transmitir tranquilidade - Eles ainda vão aparecer, confie em mim.
Suas palavras sempre me causavam confusão, como poderia ter tanta certeza?
- Queria pensar assim, Prim - balancei a cabeça em negação, olhando para o teto coberto por pequenos flocos de neve - Pode fazer uma rosa azul para mim? Como aquelas do jardim.
- Claro, querida - disse, abrindo um sorriso animado. Suas mãos começaram a se movimentar, realizando gestos que já havia me acostumado. Pequenas luzes azuis giravam em uma esfera, desaparecendo lentamente para dar lugar à uma linda rosa de um tom cintilante - Cuide dela como cuidou das outras - pediu. Alguns instantes se passaram até sua expressão, antes animada, vacilar. A seriedade se instalou ao seu redor - Vim para avisar que seus pais viajarão hoje.
- Quando eles irão? - uma grande ideia invadiu minha mente, me fazendo pular da cama. Não estava feliz pela partida, no entanto estava entusiasmada com a oportunidade de ir até o salão - Talvez eu possa vê-los.
- Em alguns minutos - falou ao se levantar. Seus olhos brilharam novamente ao ver meu sorriso esperançoso - Vou pedi-los para você descer, mas, por favor, não saia antes.
- Obrigada, Prim - assenti, correndo para abraçá-la o mais apertado que consegui - Obrigada por tudo.
- Não tem o que agradecer, criança - acariciou meus fios claros e se afastou lentamente, indo até a saída - Fique preparada, irei buscá-la assim que tiver sua resposta - assenti novamente, observando seu caminhar.
Me voltei para a mesa de cabeceira e deixei a rosa dentro da jarra de água que Primula trazia todas as noites. Corri para o meu armário animada e apressada, deveria estar adequada para vê-los, não com roupas sujas de poeira.
Peguei um dos únicos vestidos que gostava e me troquei rapidamente. O tecido branco caía até meus joelhos, me deixando livre para caminhar de um lado ao outro. Me posicionei em frente ao espelho, ajeitando meus cabelos em uma trança. Estava bom o suficiente.
Minha alegria me fez pular pelo quarto como uma criança que acabou de comer um pote de doces. Completar meus 17 anos não mudou muito a alma feliz e divertida que havia em mim.
Assim que me sentei na cama, já um pouco suada e ofegante, parei para pensar um pouco melhor no que estava acontecendo.
Eles irão viajar. Meu subconsciente alertava como se fosse algo ruim, um sentimento estranho tomando meu corpo. Por que irão sair sem um motivo importante? O Inverno tão próximo deveria mantê-los no Reino pelos próximos meses.
Os questionamentos eram suficientes para me deixar aflita.
Alguns minutos, que pareciam eternos, passaram e as batidas na porta retornaram. Me levantei, deixando a preocupação para trás, e corri para a entrada, abrindo-a apressada.
- Storm, sinto muito - Primula disse, depois de olhar em um misto de tristeza e compaixão para meu rosto - Eles já se foram.
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Olá seres humanos,
Gostaria de lembrar aos antigos leitores que é bom reler o livro, já que estou mudando algumas coisas.
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