SECRET BOX

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LUA P.O.V

    Ele era como uma linda mentira e eu, como uma dolorosa verdade. Não sabia ao certo o que seria de mim daqui pra frente e eu achava uma completa idiotice largar meu destino nas mãos de um jovem adulto que eu nem ao menos conhecia, mas... Se eu não fizesse isso, o que mais eu poderia fazer? Desde que não tenho outra alternativa.

    Acordei umas dez horas da manhã e passei pelo menos trinta minutos encarando o teto do meu quarto. Não estava afim de ir pra escola, não estava afim de sair, eu apenas estava afim de lidar com a minha raiva interna dentro da casa que nem é minha de verdade. Demorou um pouco para que eu pegasse meu celular e lesse a nova mensagem deixada pelo Sol, provavelmente durante às oito da manhã.

    Assim que me dei por vencida, fui ler a mensagem. Sinceramente, não estava nem um pouco afim de olhar na cara de alguém hoje, mas lá vamos nós.

    "Lua, estou indo para a Faculdade. Por favor, me espere na ponte do lago às treze horas e meia, teremos mais algumas coisas para conversarmos hoje."

    É. Já vi que se todo aquele teatro fosse chegar ao fim, ele demoraria um pouco.

    Me levantei com um pouco de dificuldade da cama, tomei um banho demorado e me larguei na cama novamente, mas desta vez, com um livro nas mãos. Stephen King, Escuridão total sem estrelas.

    Se pararmos para pensar, a minha história poderia ser o sexto conto deste livro. "Quando a vida humana chega em um ponto onde nem mesmo a luz das estrelas podem guiá-los". É, pra mim, era exatamente isso que estava acontecendo.

    No fundo, eu sabia que não tinha volta. Eu sabia que nem mesmo guiada pelo sol, eu me encontraria novamente.

    Afinal, quem eu sou?

    Além de uma menina chata, chorona e desinteressante.

    O que posso ser?

    Além de uma incompetente.

    Existem perguntas das quais eu não consigo responder. As coisas eram confusas demais na minha cabeça e eu só conseguia entender o vazio.

    A depressão é um sistema de ciclos negativos. Quantas vezes já deixei meu mundo desmoronar para que o mundo dos outros continue intacto? Quantas vezes tive que sorrir porque sabia que ninguém se interessava na dor que eu sentia aqui dentro do meu peito?

    Todo mundo me viu implorar por ajuda. Ninguém nunca quis ajudar.

    Por que que agora seria diferente?

    Eu me sinto vazia. Não será um garoto que mudará isso, mas eu torço por algum milagre.

    SOL P.O.V
 

  A coisa mais difícil é estudar com um turbilhão de pensamentos na minha cabeça. Eu pensava sempre que ela se sentia sozinha, que em algum momento a vontade do suicídio voltaria com tanta força que nada iria a impedir.

    E se isso acontecesse, eu não me perdoaria.

    Assim que fui liberado da aula, corri com minhas coisas até o lago. Não demorou muito para que eu chegasse onde eu queria, então me ajoelhei no chão e de dentro da minha mochila tirei dois simples potes, cada um com uma etiqueta diferente, e um deles estava cheio de pequenas tiras de papéis que carregavam mensagens positivas ou ideias do que fazer quando estiver se sentindo pra baixo.

    Colei os dois potes na madeira da ponte com uma cola extremamente forte. Esta seria uma surpresa pra garota, desde que ela não se sentia a vontade falando tudo o que estava passando dentro de uma cabeça, e não teríamos nenhum problema, já que ninguém da cidade costumava vir nesta ponte.

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