Insane

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O despertador de formato retangular ilustrava 9:20 da manhã em cores vermelhas. O vento que soprava pela janela aberta tornava a cortina negra ineficiente quanto ao seu papel, permitindo que a luz natural da manhã Californiana penetrasse e evadisse com o balançar da cortina.

Era uma tarefa difícil abrir os olhos. Parecia que aquele corpo não lhe pertencia, travou uma batalha com o braço dormente para trazê-lo à testa.

Sentia-se febril, mas já conhecia bem aquela sensação.

As noites de bebidas e drogas em grande quantidade sempre surtiam como um efeito ricochete no dia seguinte.

Tentou lembrar-se das últimas horas e nada agradável lhe veio à mente. Novamente havia quebrado a promessa que fizera a única pessoa que realmente se importava com ela. E como se seus pensamentos pudessem se materializar bem ali, ela ouviu a voz da mãe.

- Demetria?

Ela devia estar na sala, pois a voz ainda era longínqua.

Usou todas as forças de que dispunha para se sentar à beira da cama. Sua cabeça latejava violentamente enquanto tudo à frente girava sem controle algum.

- O que aconteceu aqui? – da porta do quarto, sua mãe perguntou.

- Nada, está tudo bem... – com a eficiência de um bêbado, ela ficou de pé e rapidamente foi ao chão.

- Você está bem? Machucou algo? – a mais velha correu para ajudar a filha, mas foi rapidamente rejeitada.

- Não me toca! – sua voz soava embriagada. – Sou plenamente capaz de levantar sozinha da merda de um chão sem ajuda de ninguém. – ela tentou ficar de pé, mas caiu de quatro, machucando os braços e batendo de cara.

Naquele momento, Demetria abriu a boca, liberando um choro violento. Dianna a acolheu no chão, sendo agarrada pela cintura enquanto tentava confortar a filha tão desesperada quanto uma criança que acabara de cair e machucar os joelhos pela primeira vez.

- Amor, deixa a mamãe ajudar. Você precisa de um banho frio, vai ficar tudo bem depois disso. Eu prometo que vai ficar tudo bem, já vai parar de doer. – falava ela, num tom ameno e choroso.

Dianna já conhecia tudo aquilo de cor.

Os amigos da filha nunca foram amigos de verdade, as festas noturnas nunca eram o que a filha dizia ser. A mentira já era comum há muitos anos e ela fazia isso tão bem que talvez até ela mesma acreditasse ser verdade.

- Não, eu não quero tomar banho. Estou com frio e... – antes de chegar ao box, Demetria caiu de joelhos e vomitou ao lado da privada. Sua mãe rapidamente reuniu seus cabelos para evitar que o vômito os tocassem. Após colocar tudo para fora, ela tossiu algumas vezes como se estivesse entalada e voltou a chorar. Não conseguia entender o que estava acontecendo, doía tanto por todo seu corpo que nem conseguia se colocar de pé sem ajuda.

- Um passo de cada vez. – a mais velha dizia enquanto levava a filha para o chuveiro.

Abraçada a ela, ligou o chuveiro gelado e tomou banho com a filha.

Mesmo enrolada numa toalha, Demetria estava quase adormecendo enquanto seus cabelos encharcavam o travesseiro manchado de whisky. Dianna, já vestida em roupas secas, entrou no quarto carregando uma bandeja com uma xícara de café puro e algumas torradas com o creme de amendoim preferido da outra.

- Meu bem, trouxe um pouco de comida pra você. – disse ela, já sentada próxima.

- Eu não quero nada... – de olhos fechados, falou num tanto distante.

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