Palavras e Pincéis

Desembarque

Sasuke acordou incrivelmente disposto aquela manhã e muito antes de Itachi também. Passava das seis e meia da manhã quando ele resolveu se levantar e tomar um banho. A cabine continuava oculta pelas cortinas e o quarto iluminado apenas pela luz dos abajures, mas ele conseguiu caminhar sem dificuldade por ali. Pegou uma roupa limpa e seguiu para o banheiro onde passou um bom tempo.

Sua mente repassava os momentos da noite anterior e o sorriso em seu rosto estava ali quase de maneira permanente enquanto ele ia se lembrando desde a ideia que dera para recriar aquela cena de Titanic enquanto ainda ganhava por desenhar Itachi, até o momento em que foram parar engalfinhados na cama, e novamente as palavras do mais velho o fizeram rir sozinho.

Quer dizer, como ele realmente conseguiu se lembrar daquela frase? No fim tudo acabou ficando engraçado e muito quente. Sasuke sentia como se os toques de Itachi ainda fervilhassem em sua pele e dessa vez o incômodo era muito menor do que na primeira vez, mas o mais velho era tão intenso que ainda acabaria fazendo-o gozar nas preliminares.

Apenas a ideia o deixou arrepiado. Mesmo depois que saiu do banho ainda se sentia quente e resolveu esfriar os ares daquela cabine que cheirava a almíscar, madeira e sexo – a trindade deles desde que tinham embarcado naquele cruzeiro -. Como as manhãs eram um tanto frias ele colocou uma calça jeans de um azul bem escuro e uma blusa de mangas compridas branca com listras pretas na horizontal. Itachi ainda dormia quando ele voltou para quarto.

Sasuke sorriu ao vê-lo dormindo envolto por aquela selva negra que eram seus cabelos e deixou um beijo suave em seu rosto antes de seguir pela sacada. A brisa gelada da manhã o abraçou e o fez arrepiar de imediato, mas ele seguiu por ali e ficou apoiado no gradil enquanto o sol ia surgindo no horizonte e o cruzeiro continuava sua viagem.

Aqueles dias estavam sendo muito melhores do que eles poderiam previr. Muitas coisas inesperadas aconteceram, mas enquanto refletia sobre elas só conseguia imaginar o quanto aquilo era a melhor parte de viver. Ele não enganava a si mesmo, claro que nem tudo era bom, talvez as frustrações fossem em maior quantidade que os momentos agradáveis, mas aquilo que estavam vivendo era... Incrível.

Ele não conseguia ver outra palavra para descrever aquilo – talvez Itachi conseguisse -, mas era grato por ter sido correspondido. Quer dizer, quantas coisas não poderiam ter dado errado? Tudo. Mas eles estavam juntos agora e isso parecia tão certo que os outros detalhes que seriam relevantes para os de fora não pesavam mais entre eles.

Mas Sasuke com certeza sentiria falta daqueles dias no mar. Cobranças, problemas, tudo estava longe demais para alcançá-los ali e a sensação de liberdade era maravilhosa. A nostalgia também parecia bem em dia, de repente ele e Itachi pareciam os maiores entendedores de Titanic da face da terra.

Isso porque Sasuke resolveu que poderia subir no gradil como Rose o fez no filme – e era fácil de lembrar como aquilo quase terminou -. Quer dizer, dali ninguém poderia lhe dar uma bronca mesmo que ele soubesse que não era muito saudável fazer aquilo, mas ele simplesmente não se importava. O gradil era composto de seis barras que ultrapassavam um tanto a linha da cintura e Sasuke subiu em dois deles, apoiando-se numa barra de ferro que tinha ali.

O mar parecia tão imponente visto dali, assim como o sol que vinha surgindo. A sensação era mágica, talvez proporcionada pelo perigo de fazer aquilo e por isso mesmo ele arriscou subir em mais uma barra, um sorriso travesso permeando em seu rosto como se ele fosse uma criança de cinco anos que sabia que estava aprontando e não tinha problema algum em fazer aquilo.

O frio que sentia na barriga valia à pena por aquela pequena loucura e ele ficou ali observando o mar e o sol enquanto era abraçado pelo vento. Em determinado momento até arriscou fechar os olhos e se envolver de vez por aquela sensação maravilhosa. A barra de ferro que tinha ali era suficiente para manter ele estável, e por sorte estava ali, pois ele sobressaltou quando sentiu os braços lhe envolverem numa pressa de quem dizia que aquilo não deveria estar acontecendo.