... Mas amo ser o seu homem

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Eles dormiram abraçados e dessa vez Sasuke fora o primeiro a acordar. O abraço que ele e Itachi compartilhavam estava um tanto frouxo e apesar de ter ficado alguns minutos em silêncio aspirando o cheiro de menta dos fios longos e observando o movimento de expansão do tórax a cada vez que Itachi respirava, depois de um tempo ele resolveu se levantar.

De cada lado da cama tinham duas pequenas cômodas com duas gavetas. A de Sasuke tinha um relógio digital que ainda dizia ser cedo demais, o que causara certa preguiça no moreno, mas foi no móvel do lado de Itachi que ele prendeu os olhos. Se inclinando por cima do corpo do irmão ele puxou algumas folhas de sulfite das que tinha trazido e permaneceu apoiado sobre Itachi enquanto deixava o olhar se perder na grafia bem-feita do mais velho.

Aquela era a cena em que ele tinha travado e agora estava completamente desenvolvida. Sasuke continuou apoiado sobre o tórax do mais velho ignorando o resmungo do outro que ainda dormia e se deixando levar por aquelas palavras. E por Stephen King, Itachi era bom demais naquilo. Não foram precisas muitas linhas para que o desenhista se perdesse completamente naquele cenário nublado.

Era um dia nublado numa das estradas japonesas que ligava Tóquio com Kanagawa. O trânsito estava horrível e a neve ameaçava cair quando os carros pararam de qualquer jeito, deixando as marcas dos pneus no asfalto. O detetive se encontrava em frente ao assassino, apontando a arma para ele, mas os dedos tremiam e suavam, prejudicando sua mira.

Outro detetive estava do lado, tentando ajudá-lo a manter a calma, mas era difícil se concentrar quando aquele homem que procuravam há tanto tempo estava fazendo de refém a mulher que amava. Ela também era uma detetive do departamento de homicídios e estava sob a mira daquela arma há algum tempo, de forma que seu corpo estava na frente do bandido para que isso dificultasse a vida de quem se aproximasse.

Pelos crimes cometidos ele certamente iria para a cadeia, poderia até mesmo ser executado. Estupro, latrocínio, pedofilia. Ele era podre e tinha uma lista podre de crimes cometidos e em menos de dois anos já tinha se tornado um dos bandidos mais procurados do Japão. Aquela era a primeira chance em tanto tempo que a polícia tinha de colocar ele atrás das grades, mas agora tudo estava pelo fio de uma navalha. Os detetives não podiam agir de qualquer jeito para não machucarem alguém e o bandido certamente não se entregaria, seria capaz de fazer tudo, menos se entregar.

E isso era preocupante, mas também fora a única coisa em que a detetive conseguiu pensar. Ela sabia que o marido era um dos melhores atiradores da polícia, mas a forma como vacilava indicava que ele não conseguiria fazer aquilo e o desespero dele estava a atingindo também. Mesmo que tudo acabasse ali ela sentia que deveria fazer alguma coisa.


E fez. A última coisa que ouvira fora o grito do marido antes de conseguir, num gesto rápido que surpreendeu o assassino, levar a arma em direção ao próprio tórax, mais ou menos na direção do diafragma. As chances de ele escapar novamente não podiam existir e ela precisava colocar um fim naquilo, então disparou. De repente tudo ficou escuro e seu nome ecoava cada vez mais distante até que ela não o ouviu mais.

- Gostou?

Sasuke sobressaltou de susto e Itachi riu antes de levar um empurrão do irmão mais novo.

- Você ainda vai me matar desse jeito! – Sasuke se ajeitou melhor sobre a cama. – Claro que gostei! Isso ficou ótimo, pena que você não continuou.

- Eu ia, mas já tenho ideia da continuação e era só essa parte que eu não conseguia continuar.

- Mas eu ainda quero saber o que vai acontecer. Por isso não gosto de ler as suas histórias enquanto você não termina, parece que gosta de parar nas melhores partes.

Palavras e PincéisOnde histórias criam vida. Descubra agora