| 2 |: O amor é assustador

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          Sempre gostei de acordar cedo. Na verdade, meu corpo sempre se acostumou com qualquer rotina que eu decidisse. Mas  a rotina que criei nesse período que fiquei sem aula, com certeza foi a pior. Era um ciclo. Dormia cerca das duas da manhã mexendo em minhas redes sociais, e acordava cerca das sete horas da manhã, bem, isso até meu corpo começar a rejeitar o mandado meu cérebro enviava para o corpo para levantar, e ele insistia em ficar mais quinze minutinhos na cama até o horário beirar as oito e meia.

Hoje por exemplo, não foi diferente. Com o despertador quase me deixando surda às sete da manhã em ponto, meu corpo rejeitou se levantar com o pensamento virado para os quinze minutinhos inofensivos - que se estendeu por meia hora - fazendo com que eu só acordasse com o Matt entrando no quarto quase me xingando porque ia chegar atrasado na aula se eu não desse a droga do dinheiro que ele precisava para pagar uma excursão da escola. Devo admitir, que na hora eu cogitei seriamente em joga-lo pela janela do meu quarto - no sexto andar -, para simplesmente poder voltar a dormir.

Resultado? Uma Zoe totalmente descabelada, com uma roupa qualquer, com olheiras tão roxas que poderiam ser facilmente confundidas com dois belos hematomas de uma bela surra dada no meu rosto e um humor que poderia ser facilmente comparado com os famosos pôneis malditos cantando dentro do capô do carro. Nada que não possa resolvido com um belo de um café e um muffin-criado-acidentalmente-pelo-Bruce. Só de pensar no sabor delicioso daquele pedacinho de céu, já é o bastante para fazer minha barriga roncar.

***

- Caramba Zoe, você está péssima, amiga. - Angel diz fazendo uma careta. Assim que recebe uma cara nada agradável minha ela trata de arrumar, - Quer dizer, você está bonita. Só está parecendo que não dorme faz 5 dias. - reviro os olhos com os comentários nada agradáveis da minha amiga. Respiro fundo e tomo um gole do meu café.

- Eu sei. Acabei indo dormir tarde ontem... E todos os dias, desde que as aulas acabaram e voltaram.- Rio fraco.

- Não liga para ela, Sunshine. - Jack passa o braço pelos meus ombros e me da um beijo estalado na bochecha.

- Seus apelidos são péssimos, Jack. - Minha amiga diz rindo e arqueando a sobrancelha esquerda. - Sunshine? Que diabos isso significa? - Ela ajeita sua bolsa em seu colo. Divido minha atenção entre os dois curiosa com o significado do novo apelido.

Ele da de ombros. - Sunshine significa brilho do sol. - Ele sorri e me encara, devolvo o sorriso. - Isso parece bom, - ele aponta para o meu Muffin. - Me dá um pedaço?

- Com essa cara de cachorro pidão, não tem como negar. - rio e ofereço meu muffin que comprei vindo para a aula, - Ei! - dou um tapa em seu braço depois de ver que ele comeu quase meu muffin inteiro com uma mordida. - Sobre o apelido, eu gostei. - Dou de ombros.

- Relaxa Angel, você é e sempre será minha flor. - ele sorri de lado, sabendo que ela odeia ser chamada de flor.

- Não me chama de flor, babaca. - Ela revira os olhos pegando sua bolsa e ficando em pé. - Eu vou para a aula, vejo vocês lá. - Ela acena e sai.

Não sei como o Jack até hoje não percebeu o tanto q a Angel gosta dele. Quer dizer, qualquer um pode ver o brilho que os olhos dela forma quando ela vê ele ou até mesmo quando ela ouve a voz dele em um áudio. É fácil de ver e perceber, mas não para o Jack.

Para ser sincera, às vezes acho que ele só se faz de besta, porque não quer acabar com essa vida de menino-confiante-que-come-todas, entende? E eu tenho uma pontada de certeza de que ele goste mesmo dela. Porque o brilho que ele tem nos olhos ao falar dela, ou vê-la é incrível, e mesmo ele tentar fazer de tudo para não deixar esse brilho aparecer, qualquer um consegue enxergar. Mas, como nada no mundo é perfeito, o medo que ele sente em amar alguém que não seja sua mãe, seu pai ou sua irmã, é imenso.

AnonymousOnde histórias criam vida. Descubra agora