Nesse dia voltei tarde pra casa, passei muito tempo caminhando pela orla, vendo o mar escurecendo com a chegada da noite, vendo as pessoas passarem, vendo elas felizes, sorrindo, se reunindo com os amigos e com suas famílias nos restaurantes e eu queria tanto ser um desses amigos ou parte de alguma dessas famílias. Todas menos a minha.Fui para casa sem pressa, eu estava muito tranquila por ter passado uma tarde tão relaxante no meu lugar favorito, e estava sentindo que nada poderia me abalar naquele momento, pois eu estava me sentindo bem de um jeito que não me sentia faz tempo.
Estranhei as luzes estarem todas apagadas quando cheguei, e mais ainda a chave não estar dentro do vaso de plantas ou debaixo do tapete. Então fui dar uma volta pela casa pra ver se encontrava alguma janela aberta, mas não obtive nenhum sucesso. Liguei para Weston.
-Pode abrir a porta pra mim por favor? -pedi quando ele me atendeu, obvio que depois da terceira ligação como de costume. E pude ouvir ele rindo após o meu pedido.
-Não! -respondeu ele entre os risos.
-Eu não tô brincando Weston, a rua tá escura e eu tô aqui na porta, é muito perigoso e eu tenho aula amanhã cedo! -Disse quase gritando.
-Eu não tô em casa, cara. A coroa surtou e trancou tudo, ela não quer que o velho entre, e o pior é que sobrou pra gente. Vou dormir aqui no Ryan por causa disso. Boa sorte aí maninha. -Disse ele ironicamente, desligando o telefone logo em seguida.
Sério? Eu estava tão bem e agora isso. Parece que está sempre tudo contra mim, tudo contra a minha paz e a minha felicidade. Eu estava tão calma, tão tranquila. Por quê?
Eu já conhecia muito bem os surtos da minha mãe, por isso sei que não adiantaria de nada bater na porta ou pedir pra ela abrir, ela não abriria de jeito nenhum. Meu celular estava com 2% de bateria e ainda que estivesse em 100%, eu não tinha pra quem ligar, eu não tinha pra quem pedir ajuda, eu não era bem-vinda pelos pais de John porque eles conheciam os meus, e odiavam que a filha dos problemáticos Leeds namorasse o filho deles. O filho do juiz, com a pobre Aspen Leeds, moradora do subúrbio, filha de uma bêbada e de um traídor agressivo, irmã de um drogado que furtava em conveniências.
Então fui para o quintal, pra minha sorte tinham dois lençóis estendidos dentre alguns panos de prato no varal, peguei-os e estendi um deles sobre uma cadeira de praia antiga que ficava por lá. Carreguei a cadeira até a porta dos fundos, pois assim teria um resquício de telhado para me cobrir se chovesse, e me embrulhei com o outro. Que situação...
Peguei meu celular, e tinham algumas mensagens. Não me interessei. Preferi aproveitar o restante de bateria para ouvir uma música, enquanto observava as estrelas e ia adormecendo aos poucos. Esperança Aspen, é a primeira que morre quando se trata da sua vida.
°
Acordei por um susto, com o barulho das janelas de casa rangendo ao serem abertas. Não fazia a menor ideia de que horas eram, mas a manhã estava fria e o céu um pouco cinza então acho que ainda era cedo. Me levantei, não queria nem olhar na cara da minha mãe, muito menos ficar em casa pra ser feita de empregada particular, então entrei no meu quarto pela janela e corri pra tomar um belo banho.
Me arrumei às pressas, meu estômago estava roncando, estava faminta, mas não queria ir até a cozinha pegar nada, por isso saí pela janela mesmo e fui para a escola.
Cheguei lá sem saber de nada, não me interessei pelas listas das salas quando me disseram que haviam saído no site da escola. Então não tive escolha a não ser ir até a secretaria procurar meu nome em alguma lista do último ano. Por sorte meu nome começava com "A", e eu só teria que ler o início das listas. Logo me achei na sala de Geografia no primeiro tempo.
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A garota que nunca esteve online
Romansa2° Livro da série "Garotas incríveis" Sinopse: Aspen Leeds é uma adolescente de 17 anos que teve uma infância muito conturbada e acabou crescendo solitária. Ao mudar de escola, ela decide apenas aproveitar as festas e os rapazes, é quando conhece e...