Âmbar - A jóia por trás da máscara / #1 Séries Jóias [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo 02

ÂMBAR

Onze anos depois

- Âmbar porra, já está achando que é dona desse lugar? - Ouço a voz de Bea, a mulher que nos prepara para as noites.

- Longe de mim pensar isso. - Solto.

- Olha essa lingua garota, você ainda vai ter problemas se continuar me respondendo desse jeito. - Mais problemas do que eu já tive querida? Você não é nada comparada ao que eu já tive que enfrentar. - Está na hora de começar a rotina.

Ela e essa tão programada rotina. Sou prostituta, mas sou uma das acompanhantes de luxo. Admito que não comecei na melhor, apenas chorava e tinha que pegar os piores clientes. Velhos, gordos e muitos deles carecas. Não que eu tenha preconceito, mas para uma garota de quinze anos, não era esse tipo de cara que eu gostaria transar.

Na verdade, eu queria alguém que eu amasse. Hoje eu não sei mais o que é amor, não há um momento da minha vida que eu me sinta bem ou feliz. Sou um robô, apenas sigo a rotina, transo e guardo todo o dinheiro. Afinal, eu vou gastar em que?

Sair para farra e me divertir?

Definitivamente, não.

Levanto da cama a contragosto. Coloco uma calça legging e um cropped de malhação e desço junto com a Bea enquanto prendo meus cabelos num rabo de cavalo com um elástico. Enquanto desço posso notar os olhares das outras garotas e alguns sussurros do tipo "lá vai a predileta", "x0x0ta de ouro" ou "A jóia da Mikles" com um tom absurdo de irônia.

Mas isso não me abala, na verdade, não sinto nada. Não sinto meu coração acelerar e muito menos meu corpo demonstrar algum tipo de reação. Eu só consigo atuar muito bem na cama, gemer e fingir prazer e orgasmos como ninguém.

Mas não, eu nunca senti prazer com nenhum homem.

Mesmo quando os clientes melhoraram um pouco e não eram mais tão velhos, gordos, feios ou fedorentos. Enquanto eu gemia, meu coração doía e eu me lembrava do momento mais traumático da minha vida. Eu odeio sexo e não consigo me imaginar algum dia, fazendo isso por prazer.

- Vamos lá Âmbar, comece com a esteira. Quero 30 minutos, sem descansar e correndo. - Fala acertando a velocidade.

Assim é a minha rotina quando eu não tenho folga.

Malhar, comer comida saudável e algumas massagens com óleos afrodisíacos. Isso ajuda a deixar minha pele macia e cheirosa. Não preciso fazer nada para dar "um bronze" a mais, dizem que a minha pele tem a cor perfeita - O que eu acho podre para alguém se dizer. Todas as cores são perfeitas. Pra que merda isso importa?

- Você quer me deixar em forma ou me matar? - Falo enquanto respiro tentando manter o fôlego.

- Você é uma ou a mais procurada. Isso é não só pelo corpo mas para sua disposição também. - Claro. Muito obrigada.

Tenho que estar em forma e disposta para dar muito prazer aqueles ridículos - Muitos deles casados - que vem aqui a procura de sexo. Por que eles não ficam com a mulher ao invés de pagar por uma?

Quem sabe assim me dispensassem, mas não, estou presa nesse inferno o resto da minha vida.

Sozinha. Sem ninguém a minha volta. Faz exatamente onze anos que eu não vejo minha família, que eu não confio em ninguém - O que me impossibilitou de ter qualquer amiga ou aceitar qualquer dos pedidos de "eu te tiro desse lugar, venha comigo" Além de que o Brian nunca me deixaria sair desse inferno. - e sem sentir nada.

Estou presa aqui. Tendo que olhar regulamente na cara do homen que me estuprou quando eu tinha só quinze anos e me vendeu.

- Bea, pelo amor de Deus. Eu sinto que vou morrer. - Seria ótimo se acontecesse de verdade. - Depois de trinta minutos correndo sem parar, acabou não é?