Contratada - (Degustação)

Capitulo 3

Henrique

Não basta ser super bem sucedido nos negócios, fazer essa empresa crescer cada vez mais, ser ótimo com as mulheres, os meus pais exigem mais de mim.

Posso ouvir a voz da minha mãe dizendo.

Eu quero um neto, depois vou ficar muito velha para poder cuidar dele.

Ou o meu pai dizendo que não há nada mais importante do que ter uma família, que nada me faria mais feliz. Se isso fosse tão bom não existiriam divórcios.

Depois do almoço uma mulher esbarrou em mim, jamais imaginaria que ela fosse a Camila, a moça que a Luciana agendou para propor o casamento falso. Ela é bem gostosa, mas não vou ter nada com ela para ela não misturar as coisas e não confundir qual é o verdadeiro lugar dela: apenas uma contratada, muito bem paga por sinal.

Quando se põe dinheiro na mão das pessoas elas fazem tudo o que queremos, eu sabia que seria fácil.

Foi perfeito, ela assinou o contrato concordando com tudo o que estava escrito.

É algo para comemorarmos. Vou até a sala do Raúl.

- Hoje eu quero beber todas. Vou me casar meu amigo! - sorri.

- Atá e eu acredito em papai noel.- Ele dá uma gargalhada.

- Você me conhece como ninguém, é tudo para agradar a minha família. Eu com trinta e cinco anos eles me acham velho demais, dizem que eu preciso formar uma família. Mas é claro que a noiva sabe que temos três anos de casados pela frente e temos que ter um filho por inseminação e depois, ela some da minha vida. Tudo isso porque eu pensei em tudo, fiz um contrato, ela não terá direito a nada do que é meu depois da separação.

- Você é o máximo, já disse que sou seu fã? Se eu tivesse feito isso com a Eva ela não tinha me depenado, mas e a vida boa, sair com várias mulheres, vai largar?

- Não, isso está especificado no contrato. Tudo continua igual. Você já conhece a minha noiva.

- Não vai me dizer que você vai se casar com a Lais? Pelo amor de Deus.

- Poderia mandar me internar se eu me casasse com ela, ela é gostosa mas parece um grude. Eu estou falando da moça que encontramos no elevador hoje. Ela é atriz e será paga para fazer o papel de esposa.

- Aquela delicinha? Você está de parabéns, se ela tiver uma prima eu pago e não precisamos nem nos casar.

- Para de ser podre, eu não vou ter relações com ela. Jamais pagaria por isso. Mulheres temos várias e de graça.

- Meu amigo. - bateu no meu ombro. - Boa sorte, ver aquele avião e não poder decolar.- sorri.

- Eu não disse que não posso, eu disse que não pago por isso. E acho até melhor, vai que ela confunde as coisas e vira uma Lais na minha vida.

- Há sempre um preço para se pagar. Você disse antes que precisamos comemorar, fui em uma boate com o Hugo cheia de bailarinas gostosas, uma delas parecida com a sua esposa, você precisa ver que mulher.

- Ela não será minha e nem eu serei dela, já te expliquei que é um contrato, continuo sendo um homem livre.- Digo, enquanto pego uma bebida no frigobar.

- Se acostuma, você agora está quase amarrado.

- Idiota.- respondo rindo.

Ele já está assim agora, imagina quando eu me casar.

Camila

Um contrato muito confuso.

Vou para o trabalho na boate e o bom é que posso esfriar a cabeça, afinal é a única renda real que eu tenho atualmente. Minha prima vai voltar semana que vem, mas gostaram tanto de mim que falaram que posso ir dançar todas as quintas. E se essa de contrato não der certo é mais um motivo para eu não largar esse emprego.

Chega a minha vez e começo o show dançando "New Rules" da Dua Lipa com mais três meninas. A coreografia que fizemos é mais sensual, fugindo um pouco do ritmo eletrônico da música. E todas nós usamos máscaras, nesse número.

Mais tarde depois de cinco apresentações mudo o meu figurino e tiro a máscara, as meninas se apresentaram solo e chega a minha vez. O meu show é o unico da noite com música latina, acredito que eu seja a mais ousada.

Coloquei a musica "Piel Morena" da Thalia. Mesclo e danço com passos de dança do ventre e imagino que sou a propria Thalia.

O figurino da noite de hoje é Havaianas e essa música que escolhi ficou perfeita com ele.

Quando danço costumo olhar para frente e imaginar o homem mais lindo do mundo me olhando, uma professora de dança do ventre me ensinou isso. E adivinha quem eu estou imaginando? Henrique. Eu o encaro enquanto danço, não posso acreditar que ele está tomando conta dos meus pensamentos. Paro até mesmo de dublar a música quando o vejo se aproximar, seu semblante é sério e seu maxilar está rígido, o que deixa claro que ele mesmo.

Me convenço que é ele, e paro de dançar. Ouço vaias.

Henrique se inclina e me puxa pela mão, me coloca em seu ombro, eu fico sem reação.

Começo a bater nas costas dele. Só pode ter ficado louco.

Ele me joga no sofá.

- O que você está fazendo aqui? - questiona sério.

- Estava dançando? Esqueceu de perguntar como ganho a minha vida.

- E você esqueceu que eu não sou qualquer um, tenho um nome a zelar. Por acaso faz programas?

Não posso acreditar no que estou ouvindo, na verdade posso, já que a maioria dos homens são babacas, esse não seria diferente.

- Espera, não acredito que está me perguntando isso. Aqui é uma boate de respeito, pergunte para qualquer uma daqui se elas querem sair com você por dinheiro. - balanço a cabeça em negativa.

Ele suspira, e pega a carteira no bolso.

- Toma esse dinheiro. - Me entrega um cheque - Para se manter até o nosso casamento. Acredito que seja o suficiente. Não volte mais aqui!

- Esse dinheiro você desconta do valor que vai me dar no fim do contrato, eu posso não dançar no palco, mas não deixarei de vir aqui. Como está no contrato você poderá sair com quem quiser, eu não farei o mesmo, não sinto falta de homens, mas poderei sair de casa pelo menos.

- Ótimo, que bom que pense assim porque está no contrato que você não pode sair com ninguém, afinal será bem paga para fazer um papel de esposa. - franziu a testa.

- E eu farei, de uma esposa exemplar.

Essa foi sua primeira proibição. Me ofendeu também, me senti como se eu fosse o seu objeto e se ele me fizer explodir, quebrarei todas as suas regras. Vou estar em um casamento falso por três anos, mas não deixarei que massacre o meu orgulho.