Capítulo 3

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A noite foi passada na estrada, como me tinha deixado dormir não sei para onde fui levada, cheguei já o sol estava a aparecer. Adoro ser "levada" pelo tempo, ás vezes quanto mais depressa ele passa mais bem me sinto, e outras vezes sinto-me como se não tivesse aproveitado o suficiente. Abre a minha porta e saio do carro.


"Acho que é melhor não entrar, se o teu pai entrar e me vir assim vestido, talvez te arranje outro noivo." - gargalha -

"Não dúvido." - devolvo um sorriso - "Obrigada pelos livros, vou ser rápida a ler, depois devolvo."

"Não te preocupes, já os li, leva o tempo que precisares." - dou de ombros - "Gostei muito de te conhecer, Phoebe." - subtil -

"És simpático." - riu -

"Amigos?" - propõe chegando-se perto talvez para se despedir -

"Não achas que eu daria a minha amizade quando nos acabamos de nos conhecer certo?" -tento não perder a esperança nem o sorriso -

"Ok eu percebo. Podemos nos encontrar amanhã?" - coça a parte de trás da cabeça -

"Talvez." - digo -

"Talvez?! Como é que eu vou saber?" - gargalho -

"Tens o telemóvel?" - assente caminhando para trás e tira o telemóvel do porta luvas entregando-me - "Não devias fazer isso, não fazes ideia se sou alguma perseguidora maníaca."

"Eu confio." - dou de ombros e marco o meu número no seu telefone devolvendo o mesmo - "O teu telemóvel?" 

"Porquê?"

"Para marcar o meu número." - fala como se fosse óbvio -

"Não é preciso." - viro costas - "Foi bom conhecer-te Nate."


Algum vento se faz soprar, o meu penteado está mais que desfeito e até parece que já tem vontade própria, abro a porta de casa e fecho-a dando um valente e longo suspiro largando as chaves em cima da grande mesa circular.


"Phoebe? Já viste as horas? Estavamos preocupados contigo." - diz sério - "Onde é que passaste a noite?"

"Pediu-me para eu fazer o meu papel, se me vou casar, passei a noite com o meu suposto noivo." - refiro -

"Menos dramatismo e mais informação."

"Não percebi."

"Como é que correu?"

"O pai quer saber o quê exatamente? Como correu o jantar ou o que correu depois do jantar?" - posso ter medo mas posso colocar o mesmo numa situação embaraçosa sem me prejudicar - "Não se precisa de preocupar que eu ainda me vou casar."

"Onde é que vais?" - parece confuso -

"Dormir. Posso?"

"Eu ainda não acabei de falar, pois não?"

"Não pai mas eu peço que me deixe ir dormir." - suspira -

"Vai lá."


(...)


Dormi cerca de cinco horas, deve chegar, esta noite tenho mesmo que me deitar cedo. Sinto-me drenada e é sempre isso que acontece quando não durmo o suficiente. Algo que me acalma é fazer desporto, correr por onde moro é maravilhoso, a brisa quente que agora envolve todo o meu corpo é evidente e pouco depois paro para beber água, e os pensamentos começam a ocupar a minha cabeça de novo, o "casamento", eu vou mesmo casar ou levei com uma pedra na cabeça enquanto corria ontem de manhã e fiquei incapaz de distinguir o que é verdade do que é mentira. Sinto-me tão estranha. Quer dizer, eu vou me casar com um rapaz que conheci há aproximadamente 10 horas 55 minutos e 4 segundos. Eu contei. Definitivamente não estou nada bem, ainda ontem a hipótese de falar para rapazes (sem contar com o Carl ou o meu pai) era nula e hoje não consigo parar de pensar sobre o rapaz dos cabelos loiros falsos "já referi que parecem falsos" ele é bonitinho, não posso negar, mas eu sou muito diferente dele e eu sinceramente ainda não sei quem ele é.


"Nate." - pareço surpreendida e é porque estou mesmo, tiro os fones quando fecho a porta de casa - "O que é que estás aqui a fazer?" - falo depois de recuperar o folgo -

"O Nate veio fazer um convite, querida." - a minha mãe responde -

"Para isso existem os telemóveis."

"Phoebe." - o meu pai fala entre dentes e isso estremece o meu corpo e respiro fundo -

"Eu tentei ligar mas ninguém atendeu." - ah obrigado Nate, agora o meu pai vai pensar que eu não atendi de propósito -

"Estava a correr." - digo rápido -

"Pensei que podíamos ir fazer um picnic." - propõe -

"Ok eu não quero ser mal educada mas não achas que é demais ou que já estás a abusar?" - tento não olhar para o meu pai -

"Phoebe!!" - suspiro e sorrio para Nate -

"Desculpa tens razão, eu devia dar-te mais espaço e tempo, eu vou andando." - fala - "Até à próxima Sr.Robert, foi um prazer conhecê-la Kyra."

"Esper... espera." - quando me apercebo vejo que o parei, ambas as minhas mãos estão no seu peito, na tentativa de o parar mas logo as retiro -

"Não faz mal, eu compreendo, eu volto depois."

"Não, vem comigo."


Penso quantos rapazes entraram realmente no meu espaço, no meu quarto, e foram quase nenhuns. Abro a porta e deixo o mesmo entrar fechando-a.


"Desculpa Nate, estavas a ser simpático, eu acabei por ser mal educada mas é que ainda estou a tentar assimilar tudo isto."

"Não tens que pedir desculpa, eu tenho, não deveria ter vindo sem esperar que atendesses."

"Não à problema, foi um gesto bonito da tua parte, obrigada." - sorrio - "Tenho uma ideia, e se passasse-mos algum tempo juntos, podíamos quebrar esta estranheza que existe entre nós e aproveitar para nos conhecermos realmente." - proponho - "O que achas?" 



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