Capítulo 5

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"Phoebe estás bem?" - salto -

"Desculpa não te queria assustar."

"Não faz mal mãe, não estava à espera, só isso." - fecho a porta de casa por último -

"Chegaste mesmo a tempo, o jantar vai ser servido."

"Eu não tenho muita fome .. comi à pouco."

"Já chegaste." - fala dando ar de sua presença - "Como é que correu?"

"Posso perguntar porque é que faz sempre as mesmas perguntas?" - os seus olhos fazem tudo e todos tremer - "Correu bem, ele ficou a saber que sou americana e eu fiquei a saber que ele é irlandês ... ah e ele tem um fetiche com ursos de peluche." - digo e riu para dentro -

"O quê?" - se estivesse a ver isto como um vídeo no instagram, parava para fazer um screenshot, porque isto teria que ficar para a história -

"O pai não sabe o que é um fetiche?" - tento parecer o mais crédula possível -

"Vai lá para o teu quarto." - tosse e volta para a sala -

"Isso é verdade?" - a minha mãe pergunta quase inaudível -

"Não." - desatamos a rir -

"O que é que se passa aí?"

"Fui eu que ia caíndo."

"Vai lá." - no cimo das escadas -

"Mãe não diga ao pai que é mentira." - ela assente e eu entro no meu quarto deitando-me na cama -


Volto a levantar-me e fecho a porta do meu quarto. Retiro o iPhone da mala e reparo que tenho várias mensagens do meu melhor amigo, Carl.


"Nunca mais disseste nada...xx Carl."

"Estás bem? xx Carl"

"Phoebee!!! xx Carl"

"Não me digas que o general te mandou para um colégio de freiras. xx Carl"

"Liga-me. xx Carl"

"Estou a ficar preocupado. xx Carl"

"Faltaste ao nosso desafio da maratona de mensagens das 19:00. xx Carl"


O meu riso ecoa por todo o quarto, este meu melhor amigo é mesmo tosco ás vezes mas não o trocaria por ninguém. É a pessoa mais irreverente que já conheci mas também a mais criticada, deveria ser proibido, estão constantemente a dizer que o mundo está em constante aprendizagem mas como é que ninguém é capaz de perceber que a orientação sexual não se escolhe, não é algo que tu nasças e digas que queres ser assim, já nasceste assim. Talvez se as pessoas deixassem de se focar na vida dos outros, a vida das próprias correria muito melhor, fico enervada quando tentam opinar sobre algo que não têm conhecimento. Eu admiro o Carl, ele está bem com ele próprio e com a sua orientação e apesar de ser criticado, não está nem aí para o que as outras pessoas pensam.


"Phoebe! Estás bem?" - pergunta ao telefone -

"Estou Carl. Desculpa não ter respondido."

"O que é que se passou? Nunca mais disseste nada."

"Que dramático." - riu - "É só que eu fui fazer um picnic com o meu noivo." - que barbaridades de se dizerem, acho que por mais vezes que o vá dizendo, nunca me vou acostumar -

DEALINGWhere stories live. Discover now